Seria The Flash realmente um filme sobre o Multiverso?

    Inúmeros são os projetos já anunciados da DC, para todos os formatos de telas que puder conceber. Contudo, ainda pouco se sabe sobre o que esperar de tais produções, existindo um misto agridoce de curiosidade e receio na boca de uma parcela até que considerável dos fãs…

    E, no centro desse amálgama de dúvidas, encontra-se The Flash, que ultrapassa todas as barreiras da ansiedade coletiva por unir um elevado grau de expectativas com uma subseção de informações vagas, principalmente sobre a sua ligação com o Multiverso.

    Ao que sabemos, oficialmente, o longa terá como base a ideia original que levou aos acontecimentos da HQ Ponto de Ignição. “E se, Barry Allen voltasse no tempo para salvar a sua mãe?”. Decisão essa que desencadeia uma série de mudanças na linha cronológica do universo DC, de forma que, apesar de haver semelhanças, nada é mais como deveria ser. 

    The Flash
    O clássico anel do herói, mostrado no trailer de The Flash.

    Todavia, perguntas ainda pairam no ar, algo que sempre resulta em uma avalanche de teorias e informações errôneas transmitidas por meio de “telefones sem fio”. Isso acaba criando no imaginário popular suposições que, em muito dos casos, estão longes de representar a realidade, sendo talvez, uma delas a certeza de que neste filme Bartholomew Henry Allen irá percorrer o multiverso DC. 

    Mas antes de qualquer coisa é necessário entender certos conceitos…

    O que é o Multiverso? 

    De tempos em tempos, uma nova moda se estaura nos cinemas, resultando em um número sempre vasto de produções que desejam seguir essa nova tendência. Do couro ao hiper realismo, quem agora está nos holofotes é o conceito de Multiverso. Uma teoria vinda direto da ficção cientifica que afirma a existência de inúmeros universos onde todas as probabilidades podem ser possíveis 

    Como definido pela Wikipédia: 

    “O conceito de Multiverso tem suas raízes em extrapolações, até o momento não científicas, da moderna Cosmologia e na Teoria Quântica, e engloba também várias ideias oriundas da Teoria da Relatividade de modo a configurar um cenário em que pode ser possível a existência de inúmeros Universos onde, em escala global, todas as probabilidades e combinações ocorrem em algum dos universos. Simplesmente por haver espaço suficiente para acoplar outros universos numa estrutura dimensional maior: o chamado Multiverso.

    Os universos seriam, em uma analogia, semelhantes a bolhas de sabão flutuando num espaço maior capaz de abrigá-las. Alguns seriam até mesmo interconectados entre si por buracos negros ou de buracos de minhoca.”

    Apesar de amplamente comentada, a teoria do multiverso continua sendo apenas isso, uma teoria e não existindo nenhuma evidência científica que comprove a sua veracidade, com sua extrapolação sendo mais o fruto do fascínio da imaginação humana por essa hipótese, do que ela em si. 

    Mapa do Multiverso DC
    Mapa oficial do Multiverso DC.

    Todavia, nada impediu que essa ideia fosse usada sem freios em diversos campos da cultura pop. Tendo como um dos mais notórios exemplos dentro do selo DC, o crossover da Crise nas Infinitas Terras, de 1986, que deu um ponto final ao universo da editora conhecido até então. 

    E agora, com tudo isso em mente, chegou a hora de ir a fundo em mais um conceito antes de chegarmos em The Flash. 

    Qual o conceito de viagem do tempo? 

    A ideia de se deslocar pelo tempo e espaço é o sonho molhado de qualquer fã de ficção científica e por isso, muitas são as obras que exploram o imaginário por trás dessa possibilidade teórica. Havendo exemplos marcantes como a série Dark, da Netflix, a trilogia de De Volta Para o Futuro e até mesmo o clássico romance A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, cada obra transpondo diferentes correntes de pensamentos quanto o que poderia acontecer numa viagem ao passado. 

    Segundo o que pode ser encontrado na Wikipédia: 

    “A hipótese da viagem no tempo se refere ao conceito de mover-se para trás e/ou para frente através de pontos diferentes no tempo em um modo análogo à mobilidade pelo espaço-tempo. Algumas interpretações de viagem no tempo sugerem a possibilidade de viajar através de realidades paralelas.”

    A primeira tese afirma que a história não pode ser alterada, mesmo que ações sejam feitas, elas jamais alterariam o curso natural dos acontecimentos pois tudo sempre aconteceu assim e sempre irá acontecer. Então, a viagem no tempo que tornou tal fato possível, logo não existe interferências sendo que tal ato já era predestinado, revelando que na realidade o livre arbítrio não passa de uma ilusão. 

    Outra teoria mais popularmente difundida é que a história pode sim ser alterada, com a linha do tempo podendo se mostrar resistente a tais alterações e tentando a todo custo voltar ao seu curso, ou se mostrando maleável e sensível a ideia de causa e efeito. Isso geraria um efeito borboleta, resultando em um presente completamente diferente do que era conhecido antes. 

    Por fim, uma ideia complementar a ambas as teorias é a possibilidade que tais viagens temporais não alterem a linha cronológica em si, mas criem uma nova realidade paralela separada do universo original. E é aqui onde ambas as teorias de viagem no tempo e Multiverso se encontram.  

    Nessa hipótese, a alteração temporal criaria uma nova linha temporal, com a anterior permanecendo intacta, e o viajante cruzando as fronteiras que separam ambos os universos em que poderá dar de cara com sua versão alternativa, ou substituí-lo sem as memorias desta nova realidade. 

    O que acontece em Ponto de Ignição? 

    Lançada em 2011, escrita por Geoff Johns e desenhada por Andy Kubert, a minissérie intitulada Ponto de Ignição, colocou Barry Allen no centro de um evento cataclísmico que mudou por completo o universo DC como era conhecido até então. A trama, tinha a real função de apagar tudo aquilo que era estabelecido para que a editora pudesse recomeçar do zero. 

    Confiram a sinopse oficial:  

    Barry Allen acorda em seu escritório e descobre que as coisas estão diferentes: ele se vê sem seus poderes, descobre que sua mãe ainda está viva, e que o mundo está em guerra. Desnorteado, vai em busca da Liga da Justiça, mas fica surpreso ao descobrir que eles não existem.

    O escoteiro agora não mais atravessa os céus. Sangue e sal fazem as filhas da terra enfrentam os nascidos do mar. A morte de um inocente dá origem a um novo morcego. Uma espiral de tragédia paira o mundo, de tal forma que o odor da morte impregna a Terra como um sinal de que a esperança agora não passa de um conto passado por aqueles que ainda conseguem lembrar, contudo, o vazio da perda agora transborda, mas, a que custo? 

    A trama usa da viagem temporal, elemento recorrente nas histórias do herói, para brincar com as possibilidades por meio de um efeito borboleta com caráter cínico que se expande para não só ao seu núcleo individual, mas também para tudo o que ronda e além, mostrando Barry salvando sua mãe de seu assassinato, mas não reconhecendo mais o mundo a sua volta. 

    Com Barry precisando encarar essa nova trágica realidade apoteótica, sem qualquer resquício de suas habilidades, ele forma uma aliança com rostos vagamente similares para impedir uma grande catástrofe e, de alguma forma, consertar sua própria bagunça, com o bônus de ter seu arquirrival, o Flash Reverso, na sua cola. 

    E, mesmo quando o personagem consegue desfazer suas ações, a realidade que encontra não é a mesma que o herói vislumbrou em seu ponto de partida. 

    E nos cinemas? O que realmente pode acontecer? 

    Como já dito anteriormente, nada muito extenso sobre o vindouro filme solo do Flash foi divulgado. Grande parte das informações advém de fotos de set e informações divulgadas em eventos da, agora, Warner Bros. Discovery. Porém, talvez já existam peças o bastante para ao menos imaginar um panorama geral da trama.

    Segundo Andy Muschietti, o diretor do longa, a história será totalmente centrada na jornada que Barry Allen, que voltará no tempo para impedir o assassinato de sua mãe, assim como na HQ base do filme, Ponto de Ignição. A produção não será uma adaptação fiel ao gibi, mas utiliza de sua premissa para criar algo original por cima. 

    Tal efeito desencadeará uma série de alterações temporais que mudará por completo a linha cronológica principal, trazendo General Zod de volta dos mortos, apresentando uma Supergirl ao mundo, e contando com a presença de dois Batmans, um na linha do tempo original, interpretado por Ben Affleck, e outro na alterada, onde teremos o retorno de Michael Keaton ao manto. 

    Pelas imagens vazadas do set, muito provavelmente veremos Barry adentrar em uma nova realidade criada a partir de sua alteração temporal. Existindo uma versão paralela sua, que inclusive utilizar o famoso anel clássico do personagem. O que encaixa a trama do filme na terceira hipótese de viagem temporal, contudo, existe um porém. 

    Como já antes especulado, Michael Keaton irá substituir Ben Affleck como o Batman oficial na continuidade do DCEU, o que cria um paradoxo na teoria. Se Barry realmente for para uma outra realidade temporal, significa que a original em tese deveria permanecer intacta, contudo, a mudança de Bruce Wayne’s mostra que, de alguma forma, esse não será o caso, devendo existir algum elemento externo que altere os resultados da viagem, sendo muito provavelmente a interferência da Força de Aceleração. 

    Segundo os quadrinhos, a Força de Aceleração faz parte d’As Sete Forças do Universo, sendo a representação da realidade em movimento, como uma força cósmica que empurra o espaço e o tempo para a frente, energizando as dezenas de Velocistas apresentados nas continuidades da DC. Essa pode ser a variante que irá alterar os componentes chaves dessa equação. 

    Seja qual for o resultado final, isso certamente irá refletir no restante do universo de forma que permita uma pluralidade maior de produções que não mais deverão se limitar a uma continuidade restrita. Haverá então uma liberdade um pouco maior para exploração, e certamente uma desculpa perfeita para qualquer tipo de teorização sobre erros de continuidade.

    The Flash tem previsão de estreia para 23 de junho de 2023.

    Marcos Vinícius
    Marcos Vinícius
    Olá! Meu nome é Marcos e tenho um grande amor pelo jornalismo. Possuo um podcast, o Sabor de Ambrosia, e sou um grande fã da DC desde que me entendo por gente. Escrevo de tudo um pouco e, espero que gostem do que tenho pra falar.

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