Dos fãs e para os fãs: os heróis são de todos nós

    Olá, meus caros amigos. Dou início a mais uma jornada neste portal tão democrático que orgulhosamente carrego o estandarte por todos os lugares que passo. Enquanto aproveitava as minhas merecidas férias da redação, acompanhei sobre a recente polêmica (mais uma para variar) sobre o DCU, o filme do Flash e o medo de calorosos fãs da não existência de um Batman e um Superman, na sequência do universo de filmes que estão por vir.

    Como um grande fã e apoiador de diversidade em qualquer obra, encaro a possibilidade de termos uma trindade feminina como uma proposta muito agradável e precisamos disso. Assim como também adoraria a sequência da  história do Snyder Cut, que do meu ponto de vista quebrou a internet, além da chegada de um novo Batman (olha só não diziam que ele iria ficar de fora?) e o projeto da versão negra do Superman, mas não irei aproveitar deste espaço sagrado para dialogar sobre a minha perspectiva, mas convidá-los a refletir sobre esta relação conflituosa entre os grupos de fãs que geram estas reações tão bipolares na internet.

    Primeiramente vamos começar pensando sobre a nossa relação como fãs e as obras que consumimos a partir do aspecto de experiência ou vivência. O psicanalista Donald Woods Winnicott, realizou o seu trabalho no campo da relações objetais, desenvolvimento psicológico e pretendo conversar sobre a relação fãs como indivíduo com este objeto cultural que são os personagens de histórias em quadrinhos.

    Wiinnicott diz que a experiência é tudo o que podemos considerar como uma vivência, assim podemos ter o contato com determinado objeto ou situação, mas se de fato não vivenciamos aquela relação. Segundo ele não temos de fato uma experiência e podemos pensar desta forma em relação ao nosso contato com os personagens em obras ficcionais.

    Quando estamos acompanhando a jornada de nossos heróis, nos emocionamos, rimos, choramos, ficamos com medo ou apreensivos com o seu desfecho e, podemos dizer que houve uma vivência a partir disto e contribui na nossa evolução psicológica. Afinal, quem nunca se sentiu inspirado com a esperança do Homem de Aço, a resiliência em lidar com seu sofrimento do Cavaleiro das Trevas ou o compromisso com a verdade da princesa de Themiscera? Apesar de ser parte de um coletivo o consumo do material, a vivência ela individual e muito intima.

    Agora que refletimos que a experiência é uma vivência, podemos falar mais abertamente sobre a relação dos fãs com seus personagens e sobre esta ambivalente questão entre quem cria/produz o conteúdo.

    Através desta experiência tão orgânica que os fãs tem com seus personagens, existe esta ideia massificada de que temos propriedade sobre as obras, fato que foi muito bem explicado pelo nosso querido redator Marcos Vinicius e que as coisas não funcionam desta forma. Ao mesmo tempo também temos consciência que podemos mudar o rumo que eles tomam como dito pelo nosso colega Andre ao citar o fenômeno cultural Snyder Cut. E concomitante a esse conflito de forças também podemos abrir nossas mentes e corações para novas narrativas e perspectivas como dito por Luara sobre a chegada da trindade feminina.

    Soa redundante dizer isso, mas existe espaço para todo mundo, principalmente por causa dessa relação objeta tão única que temos com as obras que consumimos. Assim como amo o Lanterna Verde John Stewart, o Superman Calvin Ellis e o Monstro do Pântano, me permito ter a vivência de uma nova liga liderada por uma Supergirl, Batgirl e Mulher-Maravilha, sem o sentimento de que isso tira a essência da trindade que conhecemos. Eles estão lá e esta vivência não vai desaparecer se houver uma mudança em outra mídia. Assim como a chegada do Besouro Azul, mais filmes da família Shazam, Aquaman e até mesmo se surgir do nada um filme do Gladiador Dourado também é algo que vai ser uma experiência única para alguém que ama o personagem. Há espaço para todo mundo.

    Acrescento que eles não vão simplesmente desaparecer e isso não vai estragar a sua infância. Aliás, se você como um adulto ainda diz isso é um sinal bem patológico de que você não evoluiu psicologicamente, portanto procure terapia!

    Por fim eu quero deixar uma última reflexão para vocês, meus queridos leitores. Vivam novas experiências, abracem novas perspectivas porque assim como este redator, que em algum momento da infância se inspirou em um Lanterna Verde por ele ser igual ele, em algum momento brincou com a sua capa por aí acreditando que voava pelo mundo, trazendo esperança a todos, pensem que existirão por aí muitas garotas que poderão se inspirar nessas novas histórias que podem ser contadas. Afinal, a experiência como vivência também pode ser feita através da ficção.

    Ricardo dos Santos
    Ricardo dos Santoshttps://terraverso.com.br
    Fã de quadrinhos, séries, filmes e games. Apaixonado por DC de Grant Morrison a Alan Moore. Mais um privilegiado de estar na amada Terraverso.

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