Stargirl está de volta!
Após impedir a implementação do SUS em escala global e aprisionar um demônio interdimensional devorador de almas, é gratificante perceber o quanto Stargirl ainda sabe prender seu público pela mera disposição de brincar com totens muito bem definidos do manual básico do mundo, muitas das vezes cafona, de super-heróis. Havendo uma auto consciência da própria identidade o suficiente para se deslizar por gêneros diversos sem perder sua estética, algo quase se tornou bastante raro nesse ramo, partindo dessa vez da premissa: “o que aconteceria se houvesse um assassinato em uma cidade habitada por heróis e vilões?”.
Logo de cara o episódio dedica sua introdução para trazer a tona elementos muito definidos do “sonho americano” retiradas de um panfleto dos anos 50, apresentando calmamente um cenário recheado de desconfiança escondida nas regras de boa vizinhança, muito delas vindo da resistência dos mocinhos em acreditar no conceito de ressocialização. Isso coloca nossa protagonista Courtney (Brec Bassinger), o clássico rostinho da mocinha, em uma saia justa, onde precisa agir como mediadora que mantém, da melhor forma que pode, a harmonia (ou trégua) ainda em pé. Ainda que, a diferença de pensamentos dos redimidos com os heróis causem ruídos muito altos para serem ignorados, entregando dinâmicas supreendentemente divertidas e caricatas, no melhor sentido da palavras, especialmente quando falamos da esforçada família Brooks.
O interessante desse começo é ver as peças começando a ganhar seus lugares no tabuleiro. Tudo parece a princípio bem, mas com uma eterna áurea de que pode ir aos ares a qualquer sinal de fagulha. Seja na ainda suspeita volta de Sylvester Pemberton(Joel McHale), o Starman original, dos mortos e suas reais intenções com o cajado, ou no fatídico assassinato do (vencedor da categoria de pai arrependido do ano) Gambler (Eric Goins), que deve ascender ainda mais a desconfiança sobre Cindy Burman (Meg DeLacy), que agora conta com um letreiro na testa. Algo que só funciona por conta de um roteiro que permite tais relações terem um protagonismo sob o espetáculo comumente esperado em obras do gênero, uma qualidade cada vez mais presente na série desde sua chegada na CW.
Sem sombra de dúvidas esse foi o começo mais sólido de uma temporada da série, que assim como seus vilões, parece estar se esforçando para aprender com seus erros e se tornar uma produção cada vez melhor, estabelecendo o básico das relações e conflitos que trazem boas perguntas para o decorrer dos episódios e dando aquela charmosa piscadinha para aqueles com os olhos mais aguçados sobre tramas futuras.
Titulo: Stargirl Aminimigos – Chapter One: The Murder
Direção: Andi Armaganian
Roteiro: Geoff Johns
Duração: 42:15 min.
Nota: 5/5.