Superman: Brainiac, de Geoff Johns e Gary Frank.
Superman: Brainiac é um arco de histórias publicado nos EUA, nas edições 866 à 870 da revista Action Comics, e no Brasil em Superman 80 e 81, da Panini (2009), além de um encadernado pela própria em 2015, e outro pela coleção da Eaglemoss em 2016. A história também foi adaptada para uma animação – Superman: Unbound, de 2013.
A história é parte da elogiada fase de Geoff Johns à frente do personagem. Na cronologia da DC comics, essas edições se situam algum tempo depois da Crise Infinita, o que abre algumas possibilidades de retcons por parte dos autores, e Johns sendo um grande fã da era de prata dos quadrinhos (demonstrou isso em sua extensa fase à frente do Lanterna Verde), aproveita o momento cronológico citado para fazer um trabalho de resgate de conceitos com o Superman, trazendo dois importantes elementos antigos para o centro da trama: A cidade engarrafada de Kandor e o vilão Brainiac.
A história se inicia com uma invasão alienígena em Krypton momentos antes de sua destruição, comandada por Brainiac, que logo se revela como o elemento de central importância no desenrolar da trama: a destruição do planeta natal do Superman foi causada pelo vilão, que em sua missão paranóica de assimilar conhecimento e em seguida deixar um rastro de destruição, poupa apenas a cidade de Kandor, mantida intacta em uma garrafa até os dias de hoje como uma forma de Souvenir.
Interessante observar a crescente necessidade de tramas megalomaníacas por parte dos autores de quadrinhos de super-heróis, e em contra-mão dessas histórias, surgem pequenos clássicos como Superman: Brainiac, que apesar de elementos de grandiosidade (invasão alienígena e destruição de Krypton), carrega uma simplicidade notável. Desde as tramas paralelas, sejam no planeta diário com a repaginação de personagens como Steve Lombard e Cat Grant, ou na fazenda de seus pais, existem vários desses momentos que não ficam de forma nenhuma arrastados no enredo: Muito pelo contrário, são bem marcantes, assim como a trama principal. Nos diálogos com Jonathan e Martha, fica bem claro de onde vieram seus traços humanos mais fortes, como a extrema bondade ou a simplicidade de se pedir um conselho aos pais, mesmo carregando o peso do mundo nas costas. E que peso! Temos aqui uma história onde o Superman quer evitar a todo custo que aconteça ao seu lar adotivo o mesmo que ocorreu com seu lar original.
O vilão Brainiac tem aqui a sua possível melhor personificação. Antes sempre representado como um robô / vírus / inteligência artificial, aqui possui uma forma de vida mais humanóide, dando à entender que todos confrontos anteriores com o vilão tinham sido na verdade contra “minions” do mesmo.
O vilão trás consigo o já citado conceito da cidade de Kandor ter sobrevivido, e com isso inúmeras implicações para o futuro de Kal-El. Implicações muito mais impactantes e significativas para seu futuro do que muitos dos mega-eventos que prometem trazer mudanças definitivas em suas propagandas. Mais detalhes da trama entregariam spoilers, mas saibam que é uma ótima história, de rápida leitura e com uma arte incrível. Gary Frank é um dos meus artistas preferidos dos últimos anos, e sua arte neste arco conta com um certo “diferencial”: Ele emula em seu traço de Superman o rosto de Christopher Reeve, que apesar de bem parecido, não soa forçado ou estranho.
Para finalizar, vale uma observação: Aqui, o superman com seu lado “família”, me soa muito mais… Superman. Muito mais Superman do que outras encarnações, como a dos Novos 52, que inicia com seus pais adotivos já falecidos, e não investe no clássico romance com Lois Lane. É algo que me lembra fortemente o Superman do Rebirth, com a bela repaginação de Peter J. Tomasi.
Essa fase, conforme dito antes, desencadeou grandes mudanças na vida de Clark. Mudanças essas vistas na fase Nova Krypton. Além disso, a dupla Johns-Frank atuou em alguns outros arcos marcantes do Homem de Aço, como Origem Secreta e Legião dos Super Heróis. Podemos revisitá-los em breve também.