20 de novembro marca o Dia da Consciência Negra e com ele, uma série de discussões sobre o tema são levantadas. Entre elas, em especial o racismo, que em pleno século XXI se faz presente em nosso cotidiano, mesmo que tentemos disfarçar sua existência. Com base neste ponto, o Terraverso preparou uma matéria especial sobre a série Raio Negro, exibida pela CW.
Mas por que falar desta série em especial?
Bom, um dos motivos para isto é que ela traz personagens negros como protagonistas e é ambientada em uma comunidade negra dos EUA. Esta série pode ser encarada como um marco da representatividade negra na DC, porque a cultura afro nas HQs começou a ser explorada de maneira recorrente no início dos anos 70 e a DC Comics, em 1971 começou a criar e lançar heróis negros para suas histórias. Sendo que o primeiro era conhecido como Vykin, lançado em 1971. No mesmo ano, Jack Kirby idealizou o segundo personagem negro da DC, o Corredor Negro, fazendo sua primeira aparição na revista New Gods 3. Este personagem era uma entidade cósmica que representava a morte, porém eles não eram protagonistas de suas histórias, fato que só veio a ocorrer posteriormente, seis anos depois, em 1977, quando surgiram as primeiras HQs do Raio Negro, que conhecemos hoje em dia.
Já a sua série de TV, conta que Jefferson Pierce há nove anos se aposentou de sua vida de super-herói, depois da mesma abalar estruturalmente seu casamento e sua família como um todo. Porém, em decorrência de diversas situações ele se vê obrigado a se tornar um vigilante novamente.
Mas você deve estar se perguntando qual a ligação da série com as questões sociais? Afinal, estamos falando de uma série de super-heróis. Devemos abordar alguns conceitos científicos para explicar esta questão, o primeiro diz respeito ao racismo aberto, aquele que relaciona-se com as questões individuais, e que é facilmente notado, manifestando-se em atos de violência contra indivíduos negros. Já o segundo, é chamado de racismo encoberto, que se dá através de violências simbólicas e questões estruturais. Por isso ele é menos identificável. Ele tem sua origem no meio social, principalmente em seu caráter histórico e é fruto da reprodução deste modo de pensar. A isto, damos o nome de racismo encoberto, institucional ou institucionalizado, aquele que é atrelado aos mecanismos de discriminação enraizados na estrutura social.
Respondendo à questão central deste texto: “Por que assistir Raio Negro?” podemos dizer que série apresenta em seu enredo algumas formas de alertar seu público para as questões que envolvem o racismo e a discriminação, principalmente quando diz respeito à violência e vulnerabilidade social enfrentada pela população negra do bairro Freeland. Seja pela violência física e/ou simbólica praticada pelas instituições, como a polícia, que já no primeiro episódio da primeira temporada obriga brutalmente Jefferson Pierce a parar seu carro, sendo suspeito de um assalto, apenas pelo fato de ser negro; ou pela vulnerabilidade social e diferenças econômicas entre a população, denunciando assim a dificuldade de acesso deste grupo às camadas mais altas da sociedade; ou pelo envolvimento com a criminalidade, decorrente destas diferenciações.
Além disso, Raio Negro também deve ser celebrada por incluir outras duas heroínas negras, tratam-se de Jennifer Pierce, a Rajada e Anissa Pierce, a Tormenta, ambas filhas de Jefferson, sendo a última uma mulher e lésbica , mas esta é uma questão para outra matéria. Caso tenha ficado interessada ou interessado sobre a diversidade na DC Comics, o podcast mais recente do Ramal 52 trata deste tema e pode ser acessado aqui.
Raio Negro é exibida pelo canal CW e pela Netflix.