O filme O Esquadrão Suicida de James Gunn foi um sucesso, repleto de personagens carismáticos que davam margem para uma infinidade de novas histórias, deixando na boca de todos um gostinho de quero mais. Dito isso, é óbvio que houve uma animação generalizada entre os DCnautas quando um spin-off do filme foi anunciado, no entanto, essa empolgação foi rapidamente amenizada quando o protagonista revelado era ele… o traídor, o algoz, o Pacificador. Após assassinar Rick Flag no fim de O Esquadrão Suicida, o personagem caiu em desgraça com o público e um dos cometários populares sobre a série foi “ninguém pediu uma série desse cara”, pois bem, ninguém pediu, mas a gente precisava.
Gunn fez em Pacificador o que faz de melhor, pegou um personagem desconhecido e renagado e deu a ele uma história de vida triste, carregada de daddy issues, um pet imprevisível, porém fofinho, acrescentou um humor trash (que beira a quinta série), uma trilha sonora impecável, personagens cativantes e um enredo ao qual ele está bastante familiarizado (invasão alienígena, a gente se vê por aqui), e pronto, a imagem de Christopher Smith (John Cena) foi refeita, um assassino a sangue frio se tornou um cara sensível, retraído, com sérios problemas de relacionamento e ao contrário do que todos pensavam, o Pacificador tinha sim consciência, e esse personagem cheio de nuances conquistou o público.
Se o enredo foi previsível, os personagens foram o contrário. A série reuniu um elenco que entregou atuações excelentes, e uma equipe de personagens diferenciados, inesperados, cheio de camadas e peculiaridades e que tinham tudo para não terem química nenhuma em cena, mas não foi o que aconteceu, a equipe teve uma química incrível, com diálogos caminhando entre os limites do absurdo e da estupidez, carregados do humor de James Gunn e a certeza de que nunca é o momento errado para o rock.
A série, que deixou explicita a nocividade da masculinidade tóxica na imagem do pai de Chris, interpretado com maestria por Robert Patrick, foi marcada por personagens femininas fortes, introduzindo Leota Adebayo (Danielle Brooks), a filha de Amanda Waller (Viola Davis) que não carrega nada da frieza da mãe e que se tornou o coração da série, e terminando com Emilia Harcourt (Jennifer Holland) liderando bravamente a equipe para o seu confronto final. E no protagonismo, pudemos ver a atuação brilhante de John Cena como Chris Smith/Pacificador, o ator se entregou completamente ao papel, fazendo o público passar por um turbilhão de emoções, sorrindo e chorando com ele, torcendo por ele, amando cada momento em que o Pacificador esteve em cena com Eagly e dando boas risadas na sua estranha dinâmica com o Vigilante (Freddie Stroma), e por falar nele, que grata surpresa foi o personagem, que ganhou o coração do público.
Pacificador fica marcada como a primeira série do Universo Extendido DC, que abriu novas possibilidades, como por exemplo, a confirmação da existência do Arqueiro Verde e mostrando que um universo compartilhado está a caminho, e que as futuras produções pertencentes ao Universo Extendido DC estão sim conectadas, embora a linha cronológica permaneça nublada até o lançamento de The Flash.
O cameo da Liga da Justiça no último episódio da série, apesar de não ter uma relevância concreta, nos trás esperanças de que um novo projeto com a equipe de super-heróis mais famosa dos quadrinhos esteja nos planos da Warner, assim como o retorno do Superman de Henry Cavill. E por fim, Pacificador serve pra nos mostrar que o universo DC e suas produções são versáteis, abrigando filmes e séries com tonalidades e estilos diferentes, indo do mais sombrio até o besteirol americano.
E com isso, eu me despeço por aqui! Até a próxima temporada e lembrem-se: dê a p*rra da paz uma chance!
Nota: 3/5.