Superman é um personagem histórico que não se delimita apenas a um herói das páginas dos quadrinhos, mas a inspiração para uma sociedade que de modo geral sequer tem conhecimento da profundidade de suas aventuras na nona arte, porém, que de tempos em tempos, busca na sua simbologia o exemplo de bondade e esperança nos momentos difíceis. O Homem de Aço, o Escoteiro Azul, o Homem do Amanhã…um personagem que possui diferentes versões no agora vasto Omniverso DC e que nos cinemas ainda não vimos até o momento suas diversas versões.
Nos últimos meses, recebemos a notícia de que haverá um novo Superman nos cinemas e ele será um homem negro, elemento que gerou uma grande discussão e foi pontualmente explicado pela nossa equipe através do artigo escrito pelo colega redator Lucas Pimentel, que enfatiza a importância da chegada desta versão do Superman – confira o artigo clicando aqui -. Eu, por outro lado, quero conversar com você meu caro leitor sobre a versão que poderá chegar em breve nos cinemas e como ele poderia ser introduzido no universo cinematográfico da DC em seu contexto atual.
De acordo com os mais recentes rumores, a versão que veremos será uma adaptação em live action de Calvin Ellis, o Superman da Terra-23. Nos quadrinhos, este Homem de Aço defende o mundo em dois ambientes diferentes: como um herói e como o presidente dos Estados Unidos da América. Além disso, ele é o líder da equipe chamada Liga da Justiça Encarnada. Um grupo de heróis formado pelo Trovejante da Terra-8, Capitão Cenoura da Terra-26, Velocista Escarlate da Terra-36, Aquawoman da Terra-11, além do próprio Superman (Calvin Ellis) da Terra-23. O time foi reunido no título “Multiverso” e tem a importante tarefa de defender não apenas uma Terra, ou a respectiva versão de cada herói da equipe, mas o Multiverso como um todo. Eles contam com a ajuda da inteligência artificial Percursora, que reúne toda as informações sobre todas as Terras a bordo do Thule, um barco feito da música do Multiverso para que assim seja possível viajar entre os mundos.
Além de ‘Multiverso’ a equipe retorna na fase Renascimento, nas mensais do Homem de Aço com o arco Multiplicidade, escrito por Peter J. Tomasi e Patrick Gleason e conta com a participação de diversos artistas nas artes, incluindo o brasileiro Ivan Reis. No Brasil, o arco foi publicado nas edições 8 e 9 pela editora Panini e conta o primeiro encontro entre a Liga da Justiça Encarnada e o Superman da Terra principal que corre perigo, assim como todas as versões do herói ao longo do Multiverso.
Essa história além de ser um arco que explora o grande evento cósmico que ocorria no Renascimento, com o desaparecimento de alguns heróis e uma ameaça externa que posteriormente foi explicada em “O Relógio do Juízo Final”, temos algumas referências a ‘Crise Final’, história que originou a primeira participação do líder da equipe, o Superman da Terra 23, além do próprio “Multiverso”, escrita pelo mesmo roteirista, o renomado Grant Morrison.
A última participação da equipe foi em ‘Noites de Trevas: Death Metal’ quando a Liga abrigou na Thule os sobreviventes do ataque de Perpétua, além de participar da retomada dos heróis ao lado da Tropa dos Lanternas Verdes da Terra principal, liderados por John Stewart nos esforços de diminuir o poder da mãe do Multiverso.
Em ‘Infinite Frontier: Secret Files’ conhecemos mais sobre a rotina heroica de Calvin Ellis, tanto como o presidente dos Estados Unidos, como o Superman de sua Terra e a importante tarefa de proteger o Multiverso liderando a Liga da Justiça Encarnada. O que fica evidente ao conhecer o dia à dia deste Homem do Amanhã é o senso de responsabilidades, sua flexibilidade em transitar entre as suas identidades, tanto a política quanto a heroica, e a forma que ele age, com uma destreza característica do Clark Kent da Terra principal. Outro detalhe que chama atenção neste Superman é o fato de sua Fortaleza ser um refúgio não apenas para que possa em sua solidão refletir sobre seus atos e aprender mais sobre si, mas também é um espaço para sua renovação como homem e herói que luta pela sua Terra e todas as outras.
Em um futuro filme com o Calvin Ellis, acredito que a melhor aposta para sua narrativa é abordar a fundo sua personalidade para que seja possível ao expectador entender que, apesar de ser uma versão de outra realidade, ele tem as mesmas virtudes que nos inspirou ao longo de oito décadas e que irá seguir adiante por muitos anos ainda.
Na trama, seria interessante aproveitar alguns dos conceitos sobre o Multiverso trazidos pelo futuro filme “The Flash”, iniciando a narrativa explicando que a partir das infinitas possibilidades, existe uma versão do Superman que é diferente do Clark Kent, assim respeitando a cronologia que já vinha sendo construída anteriormente em “O Homem de Aço”, “Batman vs Superman” e “Liga da Justiça”, não descartando dessa forma a utilização da versão de Henry Cavill em algum projeto futuro que a Warner tenha o interesse de utilizar o ator.
Apostar em um vilão interestelar como Mongul traria um ponto de partida diferente do que vem sendo utilizado nos últimos anos, tanto nos cinemas quanto na TV. Posteriormente, explorar a narrativa da Terra 23 com outros inimigos mais conhecidos como Brainiac e Lex Luthor, com a possibilidade de ser um arco que abordaria tanto o herói Superman como sua identidade civil na carreira na politica. Imaginem como seria…ver uma batalha nas urnas entre Luthor e Ellis pelos corações e votos do povo americano?
Trazer discussões como as pautas raciais deve ser imprescindível tanto pelo contexto de origem do personagem quanto pela própria importância da luta contra o preconceito. Isso seria um reforço para um combate que é atual e também serviria para inspirar muitas pessoas quando atrelada a esperança que o símbolo do Superman representa. Um símbolo que não carrega apenas o conceito de um herói que irá salvar o dia, mas a representação de um homem bom que sempre tem no altruísmo o seu elemento mais carismático.
Refletindo sobre a proposta, seria possível expandir o conceito que eu acredito ser o que faz do Superman o mais importante dos heróis nas histórias em quadrinhos, que o ‘S’ dele é universal. Apesar de ser um herói dos EUA, seu símbolo passou a ser um ideal para o mundo e ter um homem negro sendo o representante da magnitude que o manto carrega, em um filme, será algo que, como um fã de quadrinhos que cresceu vendo o maior Lanterna Verde John Stewart abrindo este caminho, uma experiência totalmente fascinante.
Honestamente, não sei especular qual o tipo de ator que a Warner tem em mente e que poderia dar vida ao Calvin Ellis nas telonas, mas, dentre alguns programas que tive a oportunidade de acompanhar, Regé-Jean Page cujo trabalho mais recente foi na série Bridgerton, acredito que seja a escolha ideal para ser o Superman. Ele não é apenas um ator que considero talentoso, mas possui um carisma determinante para ser o intérprete do personagem. Outro ator que seria interessante sua presença na produção é o Terry Crews, como o pai do Calvin, talvez a nostalgia daquela versão semi-biográfica de “Todo Mundo Odeia o Chris” que conhecemos esteja falando mais alto neste texto, mas, apesar de seu viés artístico ser mais trabalhado no gênero da comédia, ele sempre consegue trazer um aspecto paternal e acolhedor em seus papeis ao longo da carreira.
Nos cinemas, não acredito que veremos a Liga da Justiça Encarnada tão cedo, mas, a partir do filme do Flash, poderemos conhecer novos heróis que daria espaço para o Calvin Ellis e sua jornada heroica, trazendo para os cinemas a magia do Multiverso DC como conhecemos ao longo de sua história.