CCXP | Confira a entrevista exclusiva com Bernardo Santana, editor sênior da DC no Brasil

      Para quem faz parte de um universo tão incrível como o universo nerd, conhecer sobre os bastidores e como tudo é feito torna as coisas mais saborosas. Durante a CCXP17,  a grata surpresa para o Universo DC 52, foi a entrevista com o editor sênior da Panini Brasil, Bernardo Santana.  Confira na íntegra a conversa que tivemos com ele:

      Qual o seu papel no universo DC pela Panini Brasil?

      Bernardo: Sou editor sênior da DC no Brasil desde quando começou Os Novos 52. Faz pouco mais de cinco anos. O meu papel especifico como editor sênior é coordenar a linha editorial da DC. Antes disso, tem toda uma parte de negociação de arquivos. É minha responsabilidade que a revista chegue bem legal na banca, livraria, comic shop, seja lá aonde ela chegar. Trabalho com o texto, coordenando os tradutores, copy desks, revisores, outros editores e faço todos os tramites de gráfica. Edito também algumas coisas de luxo, como as revistas de capa dura que possuem um custo mais alto. O processo de edição envolve você assinar aquela produção. Nesse processo, pegamos o arquivo original (que a DC nos manda) e mandamos para um profissional que edita aquele arquivo. Ele apaga o texto original e coloca no tamanho que imprimimos no Brasil. Enquanto isso, eu mando o texto para os tradutores e depois pro copy desk, que atua na adaptação e revisão dos textos. Depois encaminho para o revisor. Esse revisor vai verificar o português. Assim, fica pronto o meu arquivo digital com os balões devidamente limpos. Os textos já prontos são enviados para ele, que ajusta tudo e manda os arquivos digitais fechados. Pegamos os arquivos de volta, revisamos tudo, desenvolvemos a capa e os editoriais. Mando para gráfica. A gráfica manda uma prova para olharmos o produto final. E daí em diante, já passamos a bola para outros setores.

      Na atualidade é difícil agradar a diferentes tipos de fãs? O que a Panini Brasil faz de especial para o mercado brasileiro?

      Bernardo: O mercado brasileiro é bem menor que o mercado americano. Quando eu comecei a ler, por exemplo, não existia a pressão que existe hoje, a pressão das redes sociais. O leitor de hoje sabe tudo que sai nos Estados Unidos. Se fuçar um pouquinho, ele tem acesso ao texto em inglês, aos encadernados que saem lá, qual o formato, quanto custa… Então temos que atender essa demanda. O leitor, hoje em dia, quer o mais parecido com o original. Mas sabemos que não dá para generalizar. Sabemos que não dá para lançar aqui tudo que sai lá.

       

       

      O Renascimento DC vem agradando aos brasileiros, principalmente Batman e Detective Comics. A Panini Brasil tem planos especiais de divulgação para o Brasil? Por exemplo, saiu agora o evento Doomsday Clock no mercado americano, como será aqui no Brasil? Nos Estados Unidos, a divulgação está bem forte. Qual o status desse evento para uma futura publicação aqui no Brasil?

      Bernardo: Ainda é cedo para dizer. Mas com certeza absoluta chegará ao Brasil. Quando fizeram um prelúdio de cada personagem ainda em Watchmen, a Panini Brasil fez uma divulgação bem pesada. Eu nunca tinha visto uma divulgação assim. Esse evento deve chegar no segundo semestre. Deve culminar quando estiver ocorrendo a Comic Con 2018, então a Panini deve trazer alguém envolvido no projeto. Com certeza vai ser um material de acabamento melhor. Vamos tentar trazer um preço bem em conta para agradar os nossos leitores.

      Como vocês escolhem quais revistas serão publicadas no país? Temos o recente lançamento de Cyborg e também do Capuz Vermelho e os Fugitivos. Como vocês identificam quais personagens tem mais identificação com o brasileiro? Existe uma pesquisa de mercado ou é por demanda mesmo?

      Bernardo: É mais uma questão de demanda mesmo. Nós tentamos trazer tudo que for possível. Tudo tem público. Ele pode ser pequeno e não conseguir sustentar uma revista, infelizmente. Mas todo personagem tem alguém que gosta dele. Nos Novos 52, nós conseguimos trazer todas as revistas que saíam lá fora.

       

       

      E tiveram um bom retorno nisso?

      Bernardo:  Em vários casos sim. Em outros menos. Fizemos parcerias com Comics Shop, mas é difícil por que tem coisas que vendem muito pouco e não conseguimos deixar na banca. E um repõe o outro. Você tem que trabalhar com isso. Acaba sendo tanto uma decisão editorial como de marketing mesmo. Temos que pensar que trabalhamos na Panini Brasil. Mas a Panini é um empresa italiana. Então é uma decisão em conjunto com Brasil e Itália. Temos que saber como o mercado daqui se comporta, mas é a Panini Itália que negocia com a DC nos Estados Unidos. É uma conversa natural.

      Até por que o mercado europeu é diferente do mercado brasileiro…. que é diferente do mercado americano…

      Bernardo: Exatamente. E o chefe na Itália não conhece [o mercado brasileiro]. Por exemplo, ele pode dizer “Quero que lancem em revistas mensais o Cyborg. Porque na Itália vende muito bem”. Aí mostramos os dados de venda que temos do personagem. Converso com ele: “Por que não fazemos um encadernado que saia na banca trimestralmente com capa-cartão? A rentabilidade é melhor, o leitor tem mais tempo para comprar e o fã tem mais tempo para achar aquele encadernado…” Algo mais adequado ao mercado brasileiro. Nisso eles dão o aval, ou não. Uma negativa é muito rara de acontecer porque é mais uma questão de demanda. Pra exemplificar, o Batman. Vende muito? Sim! Mas vende muito no mundo inteiro. Não detectamos uma particularidade para o Brasil. Por exemplo, o Superman vende normal em banca. Nada de especial. Mas em livrarias, as vendas são excelentes. Possui um resultado muito bom nas capas duras. Mas eu não posso ter só o encadernado dele. Ele é um dos personagens principais da DC. Eu preciso ter uma mensal dele. Publicar revistas da DC e não ter uma revista do Superman? Não existe.

      Esse ano foi da Liga da Justiça. Vocês aproveitaram a onda e lançaram um álbum de figurinhas. Ano que vem teremos Aquaman no fim do segundo semestre. Vocês tem planos de divulgação especial em parceria com a DC para 2018?

      Bernardo: Ainda não consigo dizer algo objetivo. Com certeza o Aquaman terá mais destaque que tem agora, mesmo que tenha aparecido na Liga. É legal ressaltar isso por que o lançamento de Aquaman será em dezembro. Eles irão lançar materiais legais do Aquaman lá fora (mercados estrangeiros) em Novembro. Não tem como lançar simultâneo. Temos que trabalhar o material, traduzir, adaptar.

      Até porque o trabalho brasileiro não é só de reimpressão…

      Bernardo: De forma alguma. É um trabalho de produção e criação. Na tradução, você tem que traduzir não só o que está escrito lá. Você tem que saber o que vai acontecer na história mais pra frente…

      Agora uma pergunta sobre o próximo ano. Tens algum spoiler sobre 2018? Algo que possa revelar a nós com exclusividade?

      Bernardo: Deixa eu pensar um pouco aqui. (pensando). Ano que vem o Superman faz 80 anos. Sairá muita coisa, muita sequência do Superman. Uma coisa que já posso falar é: Superman Terra Um, Volume três. Vai sair muita coisa que a galera vem solicitando de material antigo. Vou falar mais um: Superman Quatro Estações. A galera cobra muito que faz tempo que não lançamos um encadernado, capa dura, bonitão. Mas sairá muitas coisas do Superman. Não posso adiantar nada agora, porque se dá algum problema e aí não lançamos ano que vem, aí ferrou. Sobre certeza, só posso contar desses dois.

      Que chuva de novidades! Podemos cravar Doomsday Clock no Brasil e teremos especiais de aniversário do Homem de Aço. A CCXP17 foi maravilhosa e já estamos contando os dias pra CCXP18!

      Will Rodrigueshttps://terraverso.com.br
      Estivador, Escritor, Gênero: Terror, Futuro Cavalheiro de Windsor, Morador de Mordor, Batfã, Notívago. Escrevo aqui e para a humanidade por hobby. Fora os poemas pra alguém especial. "Não leve a vida tão a sério. Você não vai sair vivo dela."

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