Aquaman: King of Atlantis marca o retorno do Rei dos Mares para as séries animadas, desta vez como protagonista. Tendo como foco o público infantil, a animação convida o telespectador a submergir em uma aventura psicodélica, recheada de muita ação e visuais encantadores. A produção respeita a imponência do herói e é uma porta de entrada perfeita para o seu universo.
É de conhecimento geral que o Aquaman possui um histórico peculiar com animações, muito disso por causa da série do Super-Amigos, de 1973, que afundou a reputação do personagem para o grande público, ridicularizando sua imagem e habilidades. Algo que foi ecoado durante décadas no cenário da cultura pop.
Com o passar dos anos, outras produções trouxeram abordagens mais respeitosas com o herói, usando de base versões como da Era de Prata ou como a famosa fase do gancho dos anos 90. Entretanto, nenhuma delas soube explorar a vastidão de sua mitologia, preferindo navegar em águas rasas, sendo que esse é o maior diferencial encontrado na nova animação, que usa do humor para mergulhar de cabeça nesse universo, sem descaracterizar o seu protagonista.
Produzida por James Wan, a minissérie leva em consideração os eventos do filme de 2018 (apesar da ausência da Rainha Atlanna), mostrando os primeiros dias de Arthur como o soberano de Atlantis e suas dificuldades para conquistar o amor de seus súditos, enquanto desvenda um mistério que pode colocar um fim em todo o mundo.
A produção, dividida em três capítulos, possui uma trama redonda e contínua, saindo de questões até mesmo simplórias, como o desconforto do trono real, e crescendo a partir disso. Tendo sempre o seu ápice em meio a uma grande batalha, onde o Aquaman persevera diante de seus inimigos e se mostra digno de ser rei, ele acaba oltando sempre para o seu ponto de partida, a sala do trono. A trilogia investe na simplicidade, que não deve ser vista como demérito.
O roteiro é inteligente e sabe preceitos envolvendo o personagem ao seu favor. As piadas envolvendo a comunicação com os peixes está presente, mas a habilidade é sempre usada de forma útil e inventiva, surpreendendo até mesmo os personagens desse universo. Inclusive, contando com um número musical dedicado a desmistificar esses poderes, intitulado “Talking to the Fish”, que está disponível no Spotify.
Outro grande destaque da série é a Princesa Mera, que possui uma personalidade explosiva e irreverente, sendo colocada muita das vezes como os “músculos” da dupla. Ela exibe suas habilidades em seu máximo, sendo mais poderosa que maioria dos personagens a sua volta. Entretanto, também é explorado o seu lado de apoio e conselheira, ajudando Arthur a entender as regras do mundo submarino.
O estilo da animação tem como influência e inspiração outras produções como Steven Universo e ThunderCats Roar!, possuindo um traço estilizado, dando destaque a cores vivas, com foco em uma paleta fria, contrastando com o vermelho e amarelo nas cenas dramáticas ou de tensão. A movimentação dos personagens é bastante fluída, e até frenética em certos momentos, se beneficiando dos designs mais arredondados.
Outro destaque importante foi a dublagem brasileira, que fez um excelente trabalho de localização, inserindo termos com ditos populares e até piadas de forma primorosa nos diálogos. Francisco Júnior dublou o Aquaman e Luisa Palomanes era a voz da Mera.
Aquaman: King of Atlantis é uma história curta, mas de extrema qualidade, pegando todo esse universo subaquático e brincando com suas possibilidades, estando repleta de referências que vão muito além ao que foi apresentado nos cinemas. A produção deve divertir crianças de todas as idades, inclusive as adultas.
Os três capítulos da animação estão disponíveis no streaming HBO Max.
Nota:
Excelente: 52/52