Na última sexta-feira, dia 14, foi divulgada a primeira imagem oficial da atriz Leslie Grace trajada como Batgirl, revelando que a produção usará como base uma das fases mais recentes e populares da heroína de Gotham, a intitulada Batgirl Burnside.
Após o final da mega saga Convergência, em 2015, a DC Comics deu início a uma mudança editorial em suas histórias. A campanha foi denominada como DC You e trazia uma série de escritores e artistas consagrados ou em ascensão a frente de quadrinhos de diferentes estilos e gêneros para alcançar uma audiência mais ampla de fãs. Para isso, a iniciativa decidiu diminuir a importância da cronologia, mas ainda levando em consideração o que havia sido anteriormente estabelecido durante as histórias dos Novos 52.
“Esse anúncio trata de uma nova era para o Universo DC, que nos permitirá publicar de tudo para todas as pessoas, sermos mais expansivos e modernos no nosso enfoque, e permitirá contar histórias que melhor refletem a sociedade ao nosso redor”, comentou o copublisher da DC Entertainment na época, Dan DiDio.
E, foi em meio a essa nova investida criativa que surgiu a fase hipster da Batgirl, encabeçada pelos roteiristas Cameron Stewart e Brenden Fletcher em colaboração com o desenhista Babs Tarr. Mostrando Barbara Gordon recomeçando sua vida em um bairro boêmio de Gotham Ctity, chamado Burnside, modernizando a personagem para um público jovem adulto e incorporando elementos da geração dos millenials. Trazendo histórias carregadas de leveza e pós-modernidade. Possuindo traços estilizados e uma estrutura narrativa episódica, conectadas por um arco de história mais longo. Tendo como referência as séries Veronica Mars e Sherlock.
Aqui há um distanciamento das figuras de Bruce Wayne ou do Comissário Gordon em sua vida, com a jovem heroína tendo que lidar com suas fragilidades e cultivar a própria individualidade através de um processo de auto aceitação. Não se permitindo ser vista como uma vítima e abraçando por completo todas as suas facetas (Barbara Gordon, Oraculo e Batgirl) e utilizando o melhor que cada uma delas tem a oferecer. Tanto em suas aventuras encapuzadas, como seus momentos civis, seja em uma investigação por meio de aplicativos de relacionamentos ou precisando entregar seus trabalhos da faculdade.
O maior símbolo dessa mudança de ares na vida de Barbara é o traje Burnside, que, diferente dos outros membros da Batfamilia, renega as sombras e abraça de vez os holofotes. Nascido através da necessidade, após seu antigo uniforme ter sido destruído em um incêndio, Babs monta sua nova identidade com peças compradas nas butiques e lojas vintage de seu bairro. Um conceito simples, mas ideal para a nova direção que sua vida se encaminha. Algo leve, confortável e fruto de suas próprias mãos, respeitando suas origens e legado, em especial ao deixado por Yvonne Craig, não sendo uma surpresa o visual ter caído nas graças dos fãs, em especial os cosplayers.
“Batgirlizar” foi um verbo utilizado pela diretoria da DC comics nos momentos finais do DC You para se referir a histórias que fogem do padrão conhecido das histórias comuns de super-heróis, mostrando o impacto da fase para a personagem e a editora como um todo. Tendo sido um grande sucesso de público e crítica, Batgirl Burnside foi um exímio exercício criativo de reflexão geracional, usando a inovação como uma ferramenta para além da contextualização e valorizando a inclusão de minorias em diferentes espaços sociais. Trazendo consigo uma nova leva de fãs apaixonados por Barbara Gordon.