WarnerMedia | Onde fica a DC nesse clima tenso entre estúdio e produtores?

    Recentemente, o THR trouxe a tona um artigo em que revela o descontentamento de alguns produtores, diretores e atores sobre a opção da WarnerMedia de lançar todas as suas produções de 2021 simultaneamente no streaming e no cinema. Dentre as declarações, o diretor da trilogia de filmes do Batman, Christopher Nolan, externou seu grande descontentamento sobre a atitude do estúdio.

    “Alguns dos maiores cineastas e estrelas de cinema foram para a cama ontem pensando que estavam trabalhando para um dos melhores estúdios de cinema e acordaram descobrindo que estavam trabalhando para o pior serviço de streaming.

    “A Warner Bros. tinha uma máquina incrível para obter o trabalho de um cineasta em todos os lugares, tanto nos cinemas quanto em casa, e eles estão desmontando esse plano enquanto falamos.” disse Nolan.

    Entre as declarações do diretor, ele disse que o plano de lançamentos da WB/HBO Max para 2021 é “muito, muito, muito, muito bagunçado.” afirmando que “…eles mereciam ser consultados e ter conversas sobre o que iria acontecer com seu trabalho.”

    Esse descontentamento de profissionais da WarnerMedia vai além. Em um artigo do NY Times, os representantes de Margot Robbie, Keanu Reeves, Angelina Jolie e de outros estariam supostamente “irritados” por não terem sido tratados da mesma forma que a Gal Gadot. A atriz recebeu um bônus monetário porque o filme “Mulher-Maravilha 1984” será lançado no streaming HBO MAX.

    E os descontentamentos não param por aí; James Gunn, diretor de ‘O Esquadrão Suicida’ também estaria infeliz e insatisfeito pelo seu filme ser lançado nos cinemas e no serviço de streaming HBO Max ao mesmo tempo.

    Nessa queda de braço entre estúdio e profissionais, onde a DC fica nessa história? Hoje, as produções da franquia são o grande carro-chefe da Warner. São as histórias que estão nos grandes blockbusters com o poder de mover fãs pelo mundo todo. Acontece que nesse caso, existem responsabilidades e deveres a serem cumpridos. Pelas declarações, a WarnerMedia tomou a decisão de lançamento no streaming SEM consultar os profissionais envolvidos… e aí está o primeiro erro.

    Não vamos entrar aqui no mérito do acerto, até porque a decisão de lançar no streaming é uma consequência do atual cenário pandêmico e isso, pensando no público, é uma atitude louvável. Evitar que as pessoas saiam de casa com o risco de se contaminar é um movimento do estúdio que prioriza o seu cliente final. Mas também é necessário que você apoie e responda aos profissionais envolvidos em seus produtos.

    Você, como diretor de cinema, organiza equipe, escolhe elenco, avalia roteiro, prepara a produção, grava e entrega um filme. A distribuição da obra tem um resultado paralelo a recepção, que numa balança não deve ser interpretado como “dois pesos e duas medidas”, mas sim como uma ação complementar a dedicação e envolvimento na produção do filme.

    O que acontece nesse caso é o descaso. A atitude do estúdio pode ser um movimento que carregará a indústria dos cinemas para o abismo ou reinventará a forma do consumo de produções cinematográficas. Prefiro acreditar na segunda opção. E toda mudança gera uma dor, um desconforto difícil de aliviar. O peso da pandemia e do cenário deve SEMPRE ser levado em consideração. Mas acima de tudo, os profissionais e distribuidores devem ser ouvidos e participar do processo de decisões, porque afinal, são eles que trabalham nessas obras.

    Sobre as reclamações de valores, espera-se que a WarnerMedia converse e acerte também a questão financeira envolvendo os profissionais. Com a chegada das produções cinematográficas no streaming, o crescimento da HBO Max pelo mundo é só uma questão de tempo. O artigo do THR cita que Toby Emmerich, o atual presidente da Warner Bros, ligou para vários diretores que possuem projetos para 2022, garantindo que seus filmes não seriam lançados em streaming sem aviso prévio. Esperamos que isso seja feito com a data próxima de lançamento de cada produção.

    Outras informações que surgem é que o estúdio considera alterar o nome “HBO Max” para algo mais próximo da Warner Media no mercado internacional. Isso tem a ver com a abordagem da marca para 2021, pois muitos países devem estar com os cinemas fechados devido a pandemia, e a marca “Warner” precisa aparecer nas produções que ela trabalhou. Por isso esse movimento faz total sentido, pois os lançamentos cinematográficos chegarão no streaming, que deverá ter “Warner” como parte integrada do seu nome.

    E nessa queda de braço, quem perde é o fã. No mesmo artigo do THR, foi revelado que Toby Emmerich não era um fã do filme do ‘Coringa’ e reduziu o orçamento do filme para desencorajar Todd Phillips a fazer o filme. Obrigado Todd Phillips por insistir na sua ideia. Na sua obra. E isso, exemplifica muito bem o cenário atual.

    A obra artística (seja filme, HQ ou série) é feita por pessoas para pessoas. São conceitos e ideias que nós, fãs, compramos. Sobre a DC, compramos muito mais…e nesse confronto só esperamos que tenha um final feliz e ameno para todas as partes envolvidas; profissionais, estúdio, parceiros e é claro, o público.

    Willyan Bertotto
    Willyan Bertotto
    Publicitário. Diretor de Arte, Designer e Batmaníaco. Fã incondicional da DC Comics e pesquisador assíduo desse universo e todas as suas possibilidades de transformação.

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