Superman | A má interpretação da sexualidade

    The Comig Out Day” (ou Dia da Saída do Armário, em livre tradução) é uma celebração norte americana dedicada a visibilidade dos direitos civis da comunidade LGBT+, onde surgem campanhas de “saída do armário” comandadas por pessoas públicas com a intenção de propagar uma mensagem de aceitação e fim do preconceito. Durante a última comemoração, realizada no dia 11, o quadrinista Tom Taylor, juntamente com a DC Comics, aproveitou a data para revelar ao mundo que, Jon Kent, o atual Superman, se descobriu como bissexual. 

    Como já se era esperado, o anúncio gerou um misto de reações potencializadas pela importância do nome “Superman” na Cultura Pop. Muitas foram as mensagens e relatos positivos nas redes sociais, tanto de leitores assíduos como também de um novo público, que talvez nunca esperava se ver no escoteiro encapuzado. Entretanto, uma parcela bastante pequena, mas barulhenta da população, destilou seu ódio e desinformação em formato de opinião, mostrando não entender nada de sexualidade e, principalmente, do mercado de quadrinhos. 

    Uma das principais alegações ditas contra qualquer tipo de relacionamento ou personagem que foge da heteronormatividade é a sexualização infantil. Um argumento bastante capenga e sem base, sendo nada além do que uma justificativa para o ódio gratuito. Sexualidade é a atração física ou afetiva do ser humano para com outras pessoas, que independe de relações sexuais. É uma forma de desejo fundamental da personalidade de um indivíduo, não sendo uma escolha, mas sim uma parte de sua personalidade. 

    Em entrevista ao canal CNN, o roteirista Tom Taylor assegurou que a bissexualidade do personagem será algo extra na história, uma descoberta importante para o herói que irá aproxima-lo da nova geração, tornando a sua jornada única, não sendo só mais um branco hétero em meio à multidão, mas, em nada o impedirá de “socar um robô” eventualmente. 

    A sexualidade dos personagens sempre foi explorada e usada como norte para diversas estórias ao longo da humanidade, independente da mídia. Interesses amorosos são o maior exemplo disso, sendo a única diferença do antes para o agora, a inclusão. Algo que durante muitos anos foi negado aos quadrinhos graças a ideais conservadores e puritanos, como foi o caso da criação do selo “Comics Code Authority”, em 1956, devido ao livro Sedução do Inocente, escrito pelo psiquiatra Frederic Wertham, em 1955, que relacionava a delinquência juvenil a pratica de ler gibis. 

    Um ponto bastante levantado pelos adoradores de teorias da conspiração é de que tudo não passa de uma investida da DC para impor uma diversidade forçada com a intenção de agradar a “agenda progressista”. Como é bem simplificado no artigo publicado pelo site BleendingCool, as propostas foram idealizadas pelos atuais escritores dos personagens, Tom Taylor no caso do Superman e Meghan Fitzmartin com o Tim Drake, que foram aprovadas pelos editores de seus devidos núcleos, de forma totalmente independente. As informações só chegaram ao alto escalão da editora quando as histórias já estavam produzidas, sendo feitas reuniões visando somente o entendimento e repercussão das tramas, não havendo modificação do material original. 

    Criado por Dan Jurgens, Jonathan Samuel Kent apareceu pela primeira vez na revista Convergence: Superman #2 , lançada em julho de 2015. O personagem sempre possuiu em suas histórias uma trama de descoberta, seja sobre a real identidade dos seus pais ou a respeito dos seus próprios poderes e individualidade, como era bastante presente na fase do Renascimento do Superman, escrita por Peter J. Tomasi.

    Essa é uma nova visão para o manto do Superman, que passa a capa para uma geração que anseia pela diferença. E, a sua sexualidade, fará parte dessa sua jornada, como também foi presente em outros personagens que vieram há muitos anos antes dele. Zorro tinha Elena De La Vega, Tarzan tem a Jane, O Fantasma tinha Diana Palmer, Superman tem a Lois Lane e, agora, Jon Kent tem Jay Nakamura. 

    Marcos Vinícius
    Marcos Vinícius
    Olá! Meu nome é Marcos e tenho um grande amor pelo jornalismo. Possuo um podcast, o Sabor de Ambrosia, e sou um grande fã da DC desde que me entendo por gente. Escrevo de tudo um pouco e, espero que gostem do que tenho pra falar.

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