Mês do Orgulho e eu me comprometi a fazer um texto aqui no Terraverso falando sobre personagens LGBTQIA+ do universo DC. São muitos e com histórias maravilhosas. O texto está pronto há uma semana, mas nesse meio tempo, tanta coisa aconteceu que preferi externar esse desabafo.
Recife, madrugada de quarta feira. Uma mulher trans é queimada viva. 40% do seu corpo foi queimado e nesse exato momento, segue internada em um hospital.
“Quem chora pela travesti assassinada a não ser ela mesma?”
Embu das Artes, SP. Jovem gay de 22 anos é assassinado com três tiros na cabeça enquanto corta o cabelo.
Seu namorado implora: “Pare de nos matar.”
Florianópolis, Santa Catarina. Um jovem também de 22 anos é internado em um hospital após sofrer tortura e ser abusado sexualmente por três homens.
No seu corpo foram marcadas palavras de ódio com objetos cortantes.
Dizem que devemos nos orgulhar, mas a realidade é que estamos muito ocupados tentando não ser mortos enquanto andamos nas ruas ou quando cortamos o cabelo. Estamos tentando não ser estuprados, torturados, com nossos corpos marcados sem valor.
Dizem que devemos “ser mais compreensivos com aqueles que hoje ainda não entendem direito”, mas não temos tempo pra isso. Estamos ocupados tentando sobreviver nas nossas casas, onde dificilmente somos bem vindos. Devemos nos orgulhar, mas hoje, ainda não temos tempo para isso. Hoje, ainda, precisamos lutar para sobreviver e fazer uma enorme revolução para se permitir ser feliz num mundo onde ainda não somos aceitos.
O que tudo isso tem a ver com quadrinhos? Simples. Quadrinhos são sobre pessoas que são em sua maioria, desprivilegiadas. Poderia citar aqui alguns personagens LGBTQIA+ das HQ’s com histórias incríveis, mas neste momento, acho que precisamos olhar mais para os da vida real, que infelizmente, não tem poderes para se salvar.
Eu escrevo em lágrimas, mas com esperança. Aquela esperança que um Superman me ensinou, porque heróis morrem, mas ainda assim continuam a nos inspirar.