Minisséries são significado de qualidade na mais recente história de seriados da DC, como a premiada Watchmen que nos prendeu em seus episódios empolgantes. Agora, em 2022, os produtores Robert Patino, Ava DuVernay e Paul Garnes trazem para o live action ‘DMZ’ ( ZMD como foi lançado no Brasil, escrita por Brian Wood e com arte de Riccardo Burchielli entre 2005 e 2012 na extinta editora Vertigo.)
Durante a produção, Ava dirigiu o primeiro episódio enquanto Ernest Dickerson os três seguintes. Temos no elenco Rosário Dawson que recentemente participou do seriado ‘O livro de Boba Fett’ além de Benjamin Bratt, Hoon Lee, Freddy Miyares, Jordan Preston Carter e Venus Ariel, ambientando uma história que traz além dos contextos políticos uma história sobre sobrevivência.
A minissérie adapta um futuro distópico de uma outra guerra civil nos Estados Unidos que separa o país em duas nações diferentes, tornando Manhattan uma zona desmilitarizada (DMZ) dominada por facções que lutam pelo controle da região.
Em meio a tensão entre nações, está Alma Ortega, uma fugitiva dos dias de conflito que retorna a DMZ 8 anos após sua saída para encontrar o seu filho perdido. Lá, ela terá que enfrentar os perigos de andar pela região ao mesmo tempo que passa a conhecer mais do cenário político e social que se tornou o lugar. Concomitante a sua jornada, ela decide ajudar as pessoas.
A maior virtude de DMZ é ser um seriado que destaca as minorias diante de um universo que está completamente polarizado. As gangues representando minorias como latinos, negros e asiáticos além de uma região liderada apenas por mulheres é uma excelente metáfora utilizada para pensarmos em nossa realidade, como as minorias vivem em uma DMZ social, seja na internet ou no convívio diário. Além desta representação, posso destacar que até mesmo a solução sugerindo uma união para se construir uma sociedade sem conflitos pode-se trazer como uma reflexão diária para se trabalhar, assim como o exercício da empatia e o diálogo em momentos delicados.
A respeito das atuações, Rosário Dawson interpretando Alma “Zee” Ortega consegue entregar todas as questões que a sua personagem possui ao longo dos desdobramentos de sua jornada, assim como também o antagonista Paco, de Benjamin Bratt, que tem em seu discurso a não violência, mas utiliza da força para unificar as gangues sobre o seu domínio.
E não apenas contextos políticos aborda DMZ, mas pequenas narrativas como das crianças Odi e Nico, interpretados respectivamente por Jordan Preston Carter e Venus Ariel, mostrando a dificuldade de se crescer em um ambiente tão hostil como a zona desmilitarizada, e ainda sim, a possibilidade de viverem aventuras em coisas simples como encontrar uma máquina de refrigerante. Além desta relação de amizade, Odi tem a elaboração do luto de seu avô e a sua conexão com Alma, formando uma amizade improvável neste lugar.A minissérie também nos fala sobre a forma que a violência muda as pessoas, como o líder de Chinatown, Wilson Lin (Hoon Lee); ele era um enfermeiro e amigo de Alma antes de ser o líder da região e, neste mesmo contexto, Skel o filho perdido da protagonista que se tornou o assassino particular de seu pai, Paco Delgado.
A respeito dos pontos negativos, acredito que não ter abordado de forma mais ampla alguns pontos da narrativa, os apresentando de forma mais acelerada, cria pequenos furos no roteiro ou elementos sem explicação, pois indicam serem importantes como por exemplo a relação familiar de Alma, Paco e Skel ou Odi e seu avô, revelando assim mais da construção ou a deterioração destas relações, além de explorar mais o passado de Nico.
O encerramento da série apesar de ser esperado deixa algumas perguntas em aberto, mas se torna satisfatório pelo desfecho dos personagens principais e a união de toda DMZ como uma única população.
DMZ apesar de não ter sido tão bem divulgada como outras produções, ela esteve mesmo assim entre as 3 produções mais vistas do serviço HBO Max recentemente. Ela é uma minissérie que apresenta boas discussões a respeito de contextos atuais e uma ótima narrativa de um cenário pós apocalíptico.
Nota: 40/52.