Titãs | Primeiras impressões sobre a 3ª temporada

    Em meio a altos e baixos, Titãs estreou recentemente na HBO Max dos EUA, mais consciente de seu universo e dos personagens que o compõe, investindo na dinâmica e entrosamento da equipe, o que acaba contribuindo para os seus desenvolvimentos individuais, mas ainda sim sofre com os erros de seus anos anteriores. 

    Aparecendo pela primeira vez em 1964, na revista “The Brave and the Bold”, a equipe surgiu através da união de sidekicks como Robin, Kid Flash, Aqualad e, mais tarde, Moça-Maravilha e Ricardito, mas foi só na década de 80 que a equipe se destacou nos gibis, graças ao trabalho de Marv Wolfman e George Pérez, que reestruturou o time, introduzindo personagens e conceitos que ecoam até os dias de hoje. 

    Em 2018, estreava no então serviço de streaming DC Universe uma série baseada na formação dos Novos Titãs, criada por Akiva Goldsman, Geoff Johns e Greg Berlanti. A primeira temporada tinha como foco principal a jornada de Dick Grayson (Brenton Thwaites) precisando voltar a sua velha vida de vigilante após o aparecimento de Rachel Roth (Teagan Croft), uma jovem com estranhas ligações demoníacas. Ao longo da jornada outros rostos acabam se unindo a equipe como Gar Logan (Ryan Potter), um adolesceste com habilidade de virar um grande tigre verde, Kory Anders (Anna Diop), uma colorida e poderosa alienígena sem memórias, Jason Todd (Curran Walters), o mais novo Robin, e os antigos parceiros de Dick, Donna Troy (Conor Leslie), Dawn Granger (Minka Kelly) e Hank Hall (Alan Ritchson). 

    Por conta de problemas nos bastidores, a temporada sofreu alguns cortes e refilmagens, que acabaram prejudicando o desenvolvimento de personagens como Kory e Rachel, dando um destaque desproporcional ao arco do Dick, que acabou se tornando o ponto base da série. Entretanto, a produção ainda tinha personalidade e encantou os fãs. Porém, isso tudo mudou com a segunda temporada. 

    Os problemas do segundo ano são extensos e prejudicou – e muito – a qualidade da série, tirando inclusive a sua individualidade. Em somente 13 episódios a produção introduziu uma grande gama de personagens que não soube desenvolver, deixando de lado personagens principais e criando tramas paralelas sem nexo a outros. Desperdiçou o potencial de figuras clássicas das HQ’s, apagou caraterísticas raciais da Kory e teve um desfecho bastante amargo, que inclui a morte embaraçosa de Donna Troy. 

    Mesmo com todos esses problemas, Titãs permanece sendo uma das séries mais populares da DC nos streamings, e acabou migrando para a HBO Max. A mudança de casa causou um efeito drástico na produção, que visivelmente teve um aumento de qualidade, tanto na área de efeitos visuais, quanto no roteiro, que agora está mais polido e estruturado, porém, ainda refém de decisões questionáveis feitas no passado. 

    ***** Agora, alerta de spoilers sobre a terceira temporada! *****

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    A primeira cena da temporada mostra um impulsivo Jason Todd indo ao encontro do Coringa sem apoio e utilizando uma substância de aprimoramento ainda desconhecida. E como já esperado, ele morre. A morte de Jason é um tanto quanto apressada, mas serve para movimentar a trama e redirecionar os Titãs para Gotham. A principal questão aqui acontece graças a descaracterização de Bruce Wayne, que adota uma postura fria e insensível, não tendo apresso algum pelo seu antigo protegido e tomando medidas drásticas e extremas ao ponto de soar de forma artificial. Algo que não deve agradar nem um pouco os fãs do herói, apesar da ótima atuação de Ian Glen.

    Outro problema está na atuação de Curran Walters, que não convence como vilão e muitas vezes parece um adolesceste raivoso e carente de atenção, prejudicando a imersão no arco de Jason Todd, o fazendo não parecer uma verdadeira ameaça, mesmo tendo boas cenas de ação. 

    Tirando esses pontos, os primeiros três episódios da temporada acumulam mais acertos do que erros. A interação entre os personagens está muito mais orgânica, com cada um dos heróis recebendo seu devido destaque e interagindo com os demais. O carisma dos atores é muito bem aproveitado e, pela primeira vez na série, eles realmente convencem o público de que são um time. 

    Diferente do ano anterior, as adições ao elenco são bem feitas e contribuem para o desencolhimento da trama como um todo, não sendo só personagens jogados sem importância. Um dos maiores destaques vai para a Comissária Barbara Gordon (Savannah Welch), que rouba a cena com seus diálogos inteligentes e personalidade forte. Não sendo resumida a um antigo interesse amoroso ou uma vítima, auxiliando os Titãs com o mistério do Capuz Vermelho e servindo como um contraponto para insanidade de Gotham. 

    Vale ressaltar o cuidado da produção em escolher uma atriz portadora de deficiência para interpretar a ex-Batgirl. Welch perdeu uma das pernas após um acidente em 2016 e desde então, ela passou a lutar pelos direitos de pessoas com deficiência. 

    Apesar da trama do Capuz Vermelho ser o centro deste primeiro arco da temporada, existem pistas sendo jogadas que serão importantes para o decorrer do ano. Rachel é citada como estando em uma cruzada individual em Themyscira para encontrar um meio de trazer Donna de volta a vida. Kory vem sofrendo com episódios de perda de memória, perdendo o controle de si em alguns momentos, algo que está diretamente ligado à sua irmã Komand’r, a Estrela Negra, que deve ser o grande destaque da segunda metade da temporada. 

    Outros enredos que foram muito bem pincelados e devem ganhar mais corpo com o passar dos episódios, são os questionamentos de Gar sobre ser um super-herói devido a sua incapacidade de se tornar outros animais. A introdução do espirituoso Tim Drake (Jay Lycurgo), um jovem negro que vive em uma realidade mais urbana e desfavorecida de Gotham e que deve assumir o manto de Robin mais para frente, e a possível aposentadoria de Dawn após os trágicos eventos ocorridos no final do terceiro episódio. 

    Em quesitos técnicos, a série teve uma melhora. A paleta de cores ainda permanece em tons frios, mas não está tão escura quanto nos outros anos, o que ajuda a visualizar melhor as cenas de luta. O CGI também evoluiu, em especial nas habilidades da Kory, que parece ser o grande destaque do departamento. As cenas de ação, apesar de poucas, continuam muito bem feitas e variando de acordo com os personagens, o que ajuda a estabelecer as suas personalidades, em especial o Dick Grayson, e se mesclam muito bem com a trilha sonora, que usa músicas mais animadas para contrastar com a violência das cenas.

    Ainda que em meio a certos tropeços, a série parece ter aprendido com a maioria de seus erros e vem se esforçando para não fazer feio em sua nova casa. O começo da temporada desenvolve bem os seus protagonistas e se diverte em meio as suas interações. Ela não está tão obscura quanto antes, e isso acaba sendo benéfico para a trama. Ainda assim, a produção não deixa de chocar, sendo apenas um aperitivo com gostinho de quero mais. 

    Marcos Vinícius
    Marcos Vinícius
    Olá! Meu nome é Marcos e tenho um grande amor pelo jornalismo. Possuo um podcast, o Sabor de Ambrosia, e sou um grande fã da DC desde que me entendo por gente. Escrevo de tudo um pouco e, espero que gostem do que tenho pra falar.

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