Acredito que haviam grandes temores sobre como seria a série dos Titãs lançada pela DC Universe, muito se falou sobre a aparência dos personagens, principalmente da Estelar. Não era para menos, as imagens estavam totalmente fora de contexto, e ver os personagens da forma que vimos em imagens de bastidores, encheu a cabeça de fãs de dúvidas sobre o sucesso da produção e o pior, surgiram muitas criticas racistas sobre Anna Diop. Calma! Nem todos os comentários foram de fato racistas, tiveram questionamentos sobre a aparência de todos os personagens, a diferença de idade dos atores, efeitos especiais, tudo estava muito confuso, mesmo com um trailer que dividiu opiniões e prometia algo diferente do que já conhecíamos da equipe.
Mas o primeiro episódio — esse bendito primeiro episódio —, foi como uma chuva após um longo período se seca. Parece que tudo o que nos enchia de temor agora fazia sentido.
Vamos à parte boa. Começamos o episódio com um sonho, ou melhor, uma visão de Rachel, nossa já conhecida Ravena; temos o clima sombrio, corvos e um circo. Nele se apresentam os incríveis Graysons Voadores. Sim, estamos assistindo a origem do Robin, com a participação especial da mão de Bruce Wayne.
Quando somos levados ao mundo real, vemos que Rachel é criada por uma mãe religiosa que mantém imagens de santos e crucifixos pela casa, tentando manter o mal afastado, ou controlado. As duas sabe que tem algo ruim nela, mas tem muito a ser descoberto. O cenário da casa é bem parecido com a de Carrie a Estranha, livro de Stephen King que foi adaptado para filmes mais vezes do que precisamos. E se for avaliar as duas personagens tem coisas em comum.
Todo o ambiente que envolve Rachel sugere que tem algo maligno dentro dela, o jogo feito com os reflexos, a reação que ela tem quando confrontada ou acuada mostram há duas personalidades. Ainda há muito o que ser descoberto sobre a origem e o objetivo da personagem, se ela se manterá como foco dessa primeira temporada ou se veremos Trigon. Os efeitos responsáveis pela transição das “personalidades” estão bem interessantes, faz lembrar um pouco do que vemos em Esquadrão Suicida usados com a Magia, personagem de Cara Delevingne. Entre os poderes que apareceram na série está empatia, visões e uma especie projeção astral da sua segunda personalidade.
Após alguns acontecimentos, Rachel precisou fugir e algo indicou o caminho para Detroit. Lá Dick Grayson é um detetive da policia que está agindo em paralelo como Robin, algo que ele aparentemente estava querendo se afastar por estar ficando muito violento — e convenhamos que essa versão é bem interessante —, ele é responsável por uma cena de luta muito bem feita e que Robin usa de violência excessiva, algo que deve ter relação com os demônios internos que ele tenta silenciar. A polícia local não gosta de vigilantes mascarados e o que isso traz consigo, provavelmente essa postura da polícia se tornará uma pedra no sapato da equipe que pode estar se formando.
Por falar em demônios, Ravena/Rachel em Detroit, tem uma estranha ligação com Dick, não é explicado o porque disso. Ela teve sonhos com o passado de Dick, foge de casa e acaba parando frente a frete com ele, que começa a investigar o que está acontecendo com Rach e vê que a garota está sendo perseguida. Não sabemos muito sobre essa seita/organização que quer capturar a garota.
Estelar teve uma aparição inicial interessante, a personagem parece perdida ao mesmo tempo que sabe o que tem que fazer, é um pouco confuso. O que sugere ter algum tipo de envolvimento com a máfia, não como uma igual, mas uma talvez infiltrada. A personagem não se lembra ou finge não se lembrar de quem ela é.
Estelar adota identidades, é poliglota (o que já era de se esperar), e deu sinais de um comportamento sexual mais liberal, nada explicito. E de alguma forma ela também está ligada a Ravena. A forma que a personagem aparece é interessante e o visual ficou muito bom dado o contexto, o efeito especial quando o poder dela se manifesta remete a personagem clássica das HQs, pura energia solar, pele laranja e olhos verdes brilhantes.
O último a aparecer é Mutano, que foi muito rápido, sua primeira cena na série é como um tigre verde roubando jogos (xbox eu acho), o efeito visual ficou muito bom, mas um pouco estranho no momento da transformação de volta para humano. Mesmo que tenha aparecido por pouco minutos, a menor participação do primeiro episódio, percebe-se que o Mutano de Titãs não estará distante do comportamento irreverente que estamos acostumados.
Tanto Mutano quanto Estelar não aparecem em “forma humana” com peles coloridas, compreendo que isso se dê por adaptar os personagens a um mundo um pouco mais real. Poderiam fazer isso com maquiagem e/ou efeitos especiais? Sim. Mas será que funcionaria com a dinâmica dos personagens como pessoas comuns?
No segundo episódio, Rachel e Dick estreitam sua ligação e vemos Columba e Rapina em ação, a dupla tem um passado com Dick, não muito bom por sinal. Tem assuntos mal resolvidos que fazem as coisas esquentarem entre Rapina e Robin.
Novamente temos cenas de ação bem desenvolvidas, algo que pode incomodar um pouco é a mobilidade do traje usado por Columba, o uniforme em si é bonito, porém a capa em alguns momentos causam uma “estranheza visual”.
O segundo episódio tem menos informações, o primeiro foi com uma saraivada, agora ele pega um ritmo menos intenso e se preocupa em desenvolver a trama. Rachel e Dick, Dick e seus antigos “companheiros” Rapina e Columba. Em paralelo a isso vemos que as buscas por Rach aumenta e mais vilões são inseridos.
Muito ainda está por vir, o primeiro episódio deu boas primeiras impressões, porém conhecemos os personagens de forma superficial e ainda tem muito a ser explorado. A sequência mostrou isso, que o ritmo que deve ser seguido é de estreitar os laços entre os personagens e desenvolver as histórias do passado, principalmente de Dick.
A série é transmitida pela DC Universe e tem seus episódios lançados semanalmente ás sextas pela plataforma.