Nos últimos dias assistimos ao episódio final da temporada de Superman & Lois, a nova série da The CW, situada no universo compartilhado de heróis iniciado com Arrow (2012). A produção, que está disponível no catálogo da HBO Max Brasil, vem fazendo bastante sucesso entre os fãs, e comprovo essa informação diante dos diversos elogios à produção que percebo nas redes sociais.
Estamos falando de um dos maiores e mais famosos super-heróis da cultura pop, com uma mitologia repleta de figuras intergalácticas e feitos grandiosos, fato que por si só seria um prato cheio para a The CW produzir uma trama que desafiasse nosso casal protagonista. Porém, acredito que Superman & Lois se difere das diversas produções que já retrataram Clark Kent/ Superman por focar em seu lado humano. Já no primeiro episódio, entendemos que o maior desafio da vida de Clark não são vilões com planos de dominação mundial, mas sim seu papel como pai e a vida em família, tendo como ponto de partida seu desligamento da equipe do Planeta Diário e o pedido de demissão da Lois Lane, como forma de protesto.
Arrisco dizer que família seja o tema da primeira temporada, em respeito aos leitores e leitoras que ainda não assistiram à série não darei muitos detalhes sobre a trama, mas devo salientar que em diversos episódios vemos o casal protagonista se questionando sobre o modo que Clark equilibra (ou tenta) a vida heróica com a vida conjugal, com sua esposa e seus dois filhos gêmeos, Jonathan e Jordan Kent, que merecem um destaque especial, visto que a vida de ambos é diretamente impactada pela ausência de Clark no ambiente doméstico, cabendo à Lois lidar com os problemas familiares. A série nos apresenta dois irmãos diferentes entre si, enquanto Jonathan pode ser descrito como “popular e atlético”, Jordan foi diagnosticado com transtorno de ansiedade social, e acrescenta-se ainda o fato de apenas um deles desenvolver poderes como seu pai.
Outro ponto que reforça que família pode ser encarada como a temática de Superman & Lois é o motivo que levou Clark de volta a Smallville, convidado a voltar a viver no local em que passou seus primeiros anos de vida na Terra e a conviver com pessoas que fizeram parte de sua juventude. O contexto familiar também é expressado por diversos outros personagens, como a presença quase constante do coronel Sam Lane (pai de Lois); ou as questões envolvendo o núcleo de Lana Lang; ou ainda as motivações de John Henry Irons. Como mencionei a família, devo dizer que a série peca em não mencionar em nenhum momento a existência da Supergirl. Mas claro, ainda é uma série de super-herói, então sim, existem inúmeras sequências de ação, belíssimas por sinal e sim, também existe um vilão buscando subjulgar a humanidade. Ainda sobre Lana, é importante mencionar que ela e Lois formam uma bela amizade, aprofundando assim a imagem de Lana não como a ex de Clark, mas como um dos principais nomes de Smallville, além disso, é excelente não vermos uma rivalidade feminina criada em volta de um interesse amoroso.
Reparem que em diversos momentos do texto eu citei Lois Lane e isto foi intencional, porque devo comentar que o arco individual da jornalista mais famosa das páginas da DC faz jus à presença de seu nome no título da produção. No decorrer de seus 15 episódios vemos Lois “caminhando com suas próprias pernas”, conduzindo por si mesma uma investigação, sendo guiada por seu incrível faro jornalístico.
Um dos pontos positivos da produção são as referências aos quadrinhos, que em diversos momentos encantou os olhos dos fãs, como a comentadíssima cena inspirada na capa de ‘Action Comics #1’, confira abaixo:
Também devo destacar a atuação do elenco principal como um todo, principalmente o entrosamento entre Tyler Hoechlin (Clark Kent), Elizabeth Tulloch (Lois Lane), Jordan Elsass (Jonathan Kent) e Alex Garfin (Jordan Kent). Tyler, aliás, desde que estreou no papel do Homem de Aço em 2016, durante um episódio de Supergirl, vem conquistando o público de modo geral, sendo notável seu crescimento e seu modo de sentir-se confortável no papel. Já que fiz o uso da palavra “crescimento”, nem estou falando da notável mudança de seus músculos, mas poderia…
Tento observar Superman & Lois de modo isolado, mas é praticamente impossível não a comparar com outras séries do Arrowverso e mencionar que ela foi uma excelente surpresa, fugindo um pouco do que já estávamos acostumados desde Arrow, The Flash e Supergirl. Por fim, afirmo que os 15 episódios da primeira temporada conseguem mesclar de forma convincente a vida do Superman como um dos maiores heróis da humanidade com a vida de Clark Kent, que justamente enfrenta diversos problemas domésticos, assim como qualquer ser-humano. Sem mais delongas e por tudo que afirmei no decorrer deste texto, a série merece 52 Terras.
Nota: 52/52.