O Superman é, sem sombra de dúvidas, o primeiro grande super-herói, sendo o maior herói do mundo não só por seus poderes, mas também pelo seu legado de mais de 80 anos de história. Aparecendo pela primeira vez na HQ Action Comics #1, de Joe Shuster e Jerry Siegel, o pequeno Kal-el cai na Terra, vindo de Krypton, um planeta em ruínas, e é adotado por John e Martha Kent, passando então a viver em Smallville, uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos.
A premissa do alien que cai na Terra e cresce para descobrir seus super poderes, tornando-se um “salvador da humanidade” agradou a muitos, com as aventuras do Superman se tornando um sucesso e angariando um grande público para as revistas em quadrinhos, estabelecendo então o gênero “histórias de super-heróis”. Desta maneira, o personagem se tornou um ícone norte-americano, sua origem de imigrante ilegal foi “lavada”, e ele então foi aceito pelo grande público, por que apesar de ser um imigrante (que convenhamos, os estadunidenses não são muito fãs até hoje), ele se parecia como um americano, defendia os ideais daquele povo, se casou com uma deles e até mesmo em seu lema, carregava a palavra nacionalista norte-americana adiante, brigando pela “Verdade, Justiça e o Jeito Americano“.
Só que os tempos são outros, décadas se passaram, as histórias de super heróis saíram das revistas em quadrinhos e invadiram as telonas, sendo agora um gênero consolidado e que movimenta milhões, com conteúdo em diversas mídias, incluindo séries, jogos, filmes e HQ’s. Agora, o Superman é globalizado, sendo um símbolo de esperança, inspirando pessoas ao redor do mundo a fazer o bem e a lutar por seus ideais. Não faz mais sentido que o lema de um herói desta importância e magnitude seja tão restritivo, e há um sentido de urgência na demanda de que todos possam se sentir representados pelo azulão e consigam se conectar com ele.
Não é atoa que no DC FanDome deste ano, foi anunciado que o lema do Homem de Aço agora é outro, o Superman agora luta pela “Verdade, Justiça e um Amanhã melhor“, e que melhor maneira de mudar do que incluir em seu lema a luta por um amanhã melhor em tempos onde imperam o racismo, a LGBTfobia, o cancelamento, a destruição do meio ambiente e tantas outras problemáticas que assolam a sociedade mundial e que fazem parecer que um amanhã melhor é impossível. Neste cenário, é vital que o Homem de Aço zele por nós, que ele não preze apenas pela preservação dos modos e costumes norte americanos, mas que ele enfim se torne o guardião da humanidade que surgiu para ser!
A demanda de um Superman que reflita o todo é tão grande, que podemos observar mudanças não apenas no lema do herói, mas também nos anúncios de filme e série de um Superman negro, seja ele Val-Zod ou Clark Kent, e com a chegada de um novo Superman nas HQ’s, o Jon Kent, filho de Clark e Lois, que herda o manto do pai e trás também uma nova cara para o personagem, a cara da geração Z. Jon Kent pode até ser o Superman, mas ele também é um jovem engajado em causas sociais e que não tem medo de amar e ser quem é. Jon é bissexual e seguindo os passos de seu pai, namora um jovem repórter e ativista, Jay Nakamura, e juntos os dois combatem o mal e as injustiças sociais.
E esse é o legado que o Superman vem construindo ao longo dos anos, um legado de justiça, verdade, esperança e amor. O Superman, em seu papel messiânico, salva a todos, sem distinções, e agora a sua missão também é lutar por um amanhã melhor, mais justo e igualitário, onde cada um tenha a liberdade de ser quem é e sem medo de retaliações, um amanhã onde não mais seja necessário o uso de identidades secretas, em que o amor e a existência tenham cara de liberdade!
