Patrulha do Destino | Crítica da 2ª temporada

    — ATENÇÃO: O texto abaixo contém spoilers da segunda temporada da série Patrulha do Destino —

    O segundo ano da série original HBO Max mantém o ritmo desacelerado com o mesmo charme e choque do ano anterior, focando em personagens chave, sem esquecer daqueles que tornaram a produção uma favorita entre os fãs do gênero.

    Facilmente com uma das melhores temporadas de 2019, Patrulha do Destino chega forte, com uma identidade marcante e personagens extremamente complexos, principalmente pra época  que o gênero vive, uma heroína que vira uma bolha gigante e quase engole uma cidade inteira  não condiz exatamente com o que o  público classificaria como heroísmo, exatamente no ano que um time de heróis domina o topo do box office. Sua primeira temporada estreia sem expectativas, mas surpreende até os mais duvidosos e incrédulos com seu charme encantador.

    Atuações impecáveis, personagens e enredo bem desenvolvidos, fotografia e trilha sonora admiráveis e muito (mas MUITOOO) nonsense nas telas, Patrulha do Destino é a série do momento! ” – Crítica Terraverso sobre a primeira temporada em 2019. 

    Com isso, sua temporada seguinte teria algo para provar: não decepcionar seus fãs conquistados no primeiro ano e manter satisfeito os que vieram diretamente dos quadrinhos em busca de representatividade em tela daquilo que acompanham por anos. A segunda temporada de Patrulha do Destino chega em meio a pandemia do Covid-19, em junho de 2020, dessa vez pelo streaming novato, HBO Max.

    E porque é importante mencionar a pandemia em uma crítica de um seriado que não lida com esse evento infeliz em sua trama? Bom, Patrulha do Destino foi uma das vítimas entre inúmeras produções que precisaram encerrar ou suspender suas atividades antes do previsto, devido as medidas de segurança para evitar a proliferação do vírus, a Patrulha ficou sem seu último episódio, terminando sua temporada em um cliffhanger maldoso, que pode demorar um bom tempo para ser resolvido.

    Mas não deixe essa ponta solta te impedir de acompanhar o que se tornou mais um ano brilhante para a produção, que teve sucesso novamente quando dedica seus 9 episódios na construção pessoal de cada personagem em tela, seja para um caminho negativo com alguns, ou positivo para outros.

    Ainda em busca do controle sobre suas habilidades, Rita Farr e Larry Trainor precisam enfrentar fantasmas do passado para conseguir seguir em frente. No contexto de Rita, seus fantasmas se manifestam na figura de sua problemática mãe, que não media esforços para tornar Rita uma estrela, assim, marcando a Mulher-Elástica pelo resto de sua vida. April Bowlby, que interpreta Rita, perde um pouco de sua figura rígida presente no ano anterior, podendo brincar mais vezes, não só com os poderes elásticos, mas com seu lado cômico. Ela sempre se sentiu a vontade no papel da personagem quebrada, mas é muito satisfatório assistir a atriz tendo mais espaço para explorar maiores nuances de Rita na busca para se tornar uma heroína, no momento se chamando de ”beekeeper”, mas quem sabe futuramente tomando seu verdadeiro nome: Mulher-Elástica.

    Larry, o Homem-Negativo, ainda precisa enfrentar fantasmas bem reais ao descobrir que seu filho mais velho ainda acredita que seu pai está vivo. Assim como na temporada anterior, Larry precisa acertar contas com a família que deixou para trás após seu acidente e sequestro pelo Bureau of Normalcy. Aqui o caminho não é nada satisfatório de acompanhar.

    Com Cliff, o nosso Homem-Robô, as coisas parecem estar mais estagnadas. Seu corpo de ferro começa defeituoso, e sua atitude referente a mais nova moradora da Doom ManorDorothy Spinner. Seu relacionamento com o Chefe vai de mau a pior após as revelações da temporada anterior. Cliff é o personagem mais vocal sobre sua infelicidade, e após 3 episódios mantendo a mesma postura destrutiva, seus momentos de fúria passam de humor e se tornam um tanto quanto irritantes. Mas ao final da temporada, Cliff se torna praticamente o único personagem que conquista uma realização pessoal, o que deixa aqueles que torciam pelo personagem desde a temporada anterior com o coração quente, isso antes dos eventos finais do último episódio, claro.

    Joivan Wade continua como o Cyborg sem rumo, mas que encontra conforto em Roni Evers (Karen Obilom), uma nova adição misteriosa para o segundo ano da série. Enfrentando seus traumas do passado, Victor e Roni se conectam de modo pessoal graças as similaridades de seu passado. Mas enquanto Victor está pronto para abrir seu coração, Roni se mantém relutante. Karen, a atriz que dá vida a personagem que já é bem conhecida pelos fãs do Cyborg nos quadrinhos (aqui como mulher), entrega uma ótima performance que mistura confiança e mistério, puxando o Cyborg de Joivan cada vez mais distante da Patrulha, sem mencionar a química em tela que o casal transborda durante a maioria das cenas que compartilham.

    Mas o protagonismo da série fica bem claro quando temos Diane Guerrero em cena. Sendo a cabeça que comanda e caminha o enredo do seriado para frente, Jane mantém seu posto de personagem mais complexa e profunda da produção. Dessa vez, Jane precisa provar para as outras personalidades de Kay, que ela precisa ser mantida como a personalidade primária, e ”dirigir” o corpo que carrega todas as outras personalidades da criança no mundo de fora. Não é novidade nenhuma que Diane possui a maior carga emocional do seriado, sendo presenteada com INÚMERAS cenas dramáticas que sempre exigem o máximo da atriz, que por sua vez, continua entregando performances dignas dos maiores prêmios da TV americana.  Diane consegue emular, em poucos segundos, qualquer personalidade de Jane com êxito, e em destaque para o último episódio dessa temporada, em que presenciamos mais uma cena pesada onde não só a atuação da atriz, como o roteiro brilhante chamam atenção e deixam claro que Patrulha do Destino não é uma produção qualquer com episódios fillers de ‘vilão da semana’.

    Uma nova e bem vinda adição ao grupo foi a da jovem Abigail Shapiro, que dá vida a misteriosa Dorothy Spinner, a filha do Chefe. Personagem central na trama da segunda temporada, Dorothy precisa ser protegida de tudo e todos, mas justamente por ser a fonte do perigo. Seus poderes são um mistério, e a constante vigilância de seu pai  atrapalha no desenvolvimento social com sua nova família. Dorothy é apenas uma criança, que viveu a vida toda em cativeiro com seus amigos imaginários, mas agora é obrigada a encarar o mundo real e a possibilidade de perda. A maquiagem protética no rosto de Abigail não esconde as melhores cenas da atriz durante a trama, e sua atuação nos leva em uma montanha russa de emoções. Em um minuto você não consegue deixar de sentir pena e compaixão por Dorothy, em outro, raiva e desespero por todos afetados por ela.

    Os efeitos visuais também merecem ser destacados. Seja de cenas modestas como a breve participação da Mulher-Negativa, o constante vilão Candlemaker, o time de VFX não se limitou e veio com as melhores adaptações possíveis de personagens só vistos nas páginas dos quadrinhos até o momento. Com cenas de tirar o fôlego como asas explodindo nas costas dos nossos heróis, ou cada detalhe no corpo de cera do vilão, fica claro que a maior liberdade oferecida para o novo ano trouxe apenas melhorias para o que já era espetacular no primeiro ano.

    Infelizmente a conclusão mais esperada vai ter que aguardar até a possível terceira temporada, mas se o que te prendia no primeiro ano do show era descobrir quais caminhos seus favoritos heróis desajustados seguiriam, a segunda temporada de Patrulha do Destino é definitivamente uma experiência indispensável para qualquer fã do gênero.

    Nota:

     

    Juan Santos
    Juan Santoshttps://terraverso.com.br
    "Lembrai, lembrai, o cinco de novembro. A pólvora, a traição e o ardil; por isso não vejo porque esquecer; uma traição de pólvora tão vil" - “V for Vendetta”

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