O terceiro personagem a assumir o manto de Robin, Tim Drake, pode ter sido confirmado como bissexual na recente edição do arco “The Sum Of Its Parts”, da HQ Batman: Urban Legends, escrita por Megahn Fitzmartin e com artes de Belén Ortega.
Na trama, Tim resgata o seu velho amigo de infância Bernard, que estava à mercê dos vilões Monstros do Caos e, no dia seguinte, marca um encontro com o garoto. A história já havia plantado certos indícios da sexualidade do personagem, mostrando o jovem Robin inseguro e com medo de seus sentimentos, e aos poucos criando coragem e ouvindo conselhos de Conner Kent, o Superboy, e Stephanie Brown, a Spoiler, com quem já teve um relacionamento repleto de altos e baixos e que acabou chegando ao seu fim.
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See you soon Tim!
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— Belén Ortega (@BelenOrtega_) August 10, 2021
Se tudo der certo, a DC pode apresentar uma representação positiva da bissexualidade através de Tim, que muitas das vezes é retratada de forma estereotipada na mídia, isso quando ela é mostrada.
O “B” da sigla LGBT não é só um mero enfeite, se referindo a pessoas que sentem atração por pessoas do seu próprio gênero e de outros, incluindo pessoas não-binárias, não necessariamente existindo uma regra clara e variando de um indivíduo para outro. Quando falamos de representação dessa comunidade, é possível ver inúmeros problemas em suas retratações que acabam se apoiando em estereótipos e ajudam a construir uma imagem negativa para o grupo.
Um dos principais que podemos citar é o do “bi de balada”, que normalmente são colocados como pessoas confusas e curiosas, que só querem saciar essa vontade e não tem um verdadeiro interesse pela pessoa. Muitas das vezes isso é colocado como um método de invalidação da sexualidade do personagem ou usado como um recurso cômico para a trama.
Outro bastante comum é o do bissexual infiel, um exemplo desse estereótipo acontece na série animada da Arlequina, onde a Hera Venenosa trai o Homem-Pipa com a Harley na véspera do seu casamento, que é visto por toda a Nova-Gotham.
E isso não é nem a ponta do iceberg. É comum vermos bissexuais sendo colocados como pessoas não confiáveis, promíscuos e de índole questionável, sendo comum em vilões e anti-heróis e não tanto em heróis. A DC, por exemplo, possui um caso bastante latente com a Mulher-Maravilha, que nunca teve a sua bissexualidade devidamente explorada nos seus 80 anos de história. Muitas das vezes aparecendo de forma subliminar nas entre linhas e tendo relacionamentos com pessoas alinhadas ao feminino em histórias paralelas, como na HQ “Mulher-Maravilha: Ano Um”, escrita por Grant Morrison.
Infelizmente, esse caso não é único e outros personagens como a Mulher-Gato, Constantine e Mera acabam não tendo suas sexualidades devidamente representadas, muito por conta de maioria possuírem pares românticos bastante emblemáticos. Sem contar que, a representatividade de homens bissexuais ainda é bastante precária, não possuindo muitos exemplos como modelos de identificação.
Nas séries de TV as coisas estão um pouco melhores, em especial na The CW. O canal possui exemplos como Sara Lance, que apareceu inicialmente na série Arrow, se relacionando com Oliver Queen e Nyssa Al Ghul, e logo depois migrando para Legends of Tomorrow, onde se tornou um dos principais rostos da produção.
É sempre bom deixar claro que, uma boa representação desse grupo implica que esses personagens não sejam definidos por sua sexualidade. Ela pode e deve ser explorada, mas não de forma a reduzir a pessoa unicamente a esse aspecto.
A descoberta de Tim Drake marca um ponto importante para a editora. Muitos fãs ficaram bastante felizes com a descoberta de Drake e esperam que a DC não venha a invalidá-la mais para frente, inclusive querendo que a sua bissexualidade seja incorporada na série Titãs – onde ele será interpretado pelo ator Jay Lycurgo – representando uma comunidade que continua sendo bastante ignorada e possui um dos maiores números de depressão, transtorno de ansiedade e comportamento suicida dentro da comunidade LGBTQIA+.