Em maio de 2016 a DC resolveu apresentar a sua série pós Novos 52. No Brasil, (com aquele atraso habitual), a Panini lançou o Renascimento em Março de 2017. Quando anunciado, era esperada uma continuação ou um reboot. Os editores não fizeram nenhum dos dois. Vamos falar especificamente sobre a revista Batman e a Detective Comics. Elas são o carro-chefe do Homem-Morcego. E se quer saber, até agora agrada. Aqui vai um pequeno incentivo pra te fazer ler.
As boas decisões da DC começaram com a escolha de roteiristas, escritores e desenhistas. Batman e a Detective Comics tem como roteiristas Tom King e James Tynion IV. Também o artista David Finch, ganhador do prêmio Eisner 2017 (com Tom King, pela Batman Annual #1) e concept design do filme Watchmen. Além do renomado artista paraense Eddy Barrows (Eduardo Barros), que já é conhecido no meio por desenhar Superman, Jovens Titãs, Esquadrão Suicida e outras. Essas escolhas são essenciais principalmente quando há o rumo de personagens consolidados. Não estamos falando de novas revistas que ainda desenvolverão identidade como Jovens Titãs e Arlequina. Detective Comics existe desde Março de 1937. E o Batman desde junho de 1940. Então manter a sequência depois de tanto tempo não é algo banal. Mas, aparentemente, a DC deixou em boas mãos as revistas.
Sobre a forma de escrita das histórias é importante destacar que a união entre arte, argumento e roteiro deve ser perfeita. E em Batman e Detective Comics temos uma boa união disso. Interessante notar que numa média geral, a maioria das histórias tem histórias fora de requadro. Acaba se tornando uma característica marcante da família do Batman. Um excelente exemplo de como o uso dessa ideia é sábio, está na primeira página da Detective Comics #3. Um copo na mesa, dentro do copo um flashback da Batgirl. O uso desse recurso é bom, mas cansativo quando usado em excesso. Por que a leitura fica confusa e te faz perder a linha de raciocínio. Mas no geral, foi feito um bom uso da ideia.
MELHORES MOMENTOS DOS ARCOS (ALERTA DE SPOILER)
Esse arco cairia bem com a Quinta Sinfonia em C Menor de Beethoven. Começa dramática numa luta com o Homem-Calendário. Torna-se doce no choro de Batman. Rápida, frenética e contundente e em seu final dramático quando Asa Noturna e Gotham Girl se transformam em monstros gigantescos.
Alfred usando o traje do Batman – Se provando mais uma vez, muito além de um mordomo. Inclusive esse uso do traje e o famoso bordão “Eu sou o Batman”, é o que salva o dia.
Participação da Liga da Justiça – A Liga apanha muito. Muito mesmo.
Dr. Hugo Strange peladão, maromba e tarado pelo Batman – Nem tudo ao mesmo tempo, é claro. Em dado momento, temos o Dr. se preparando pra um evento importante. O alter é pesado e para quem gosta de academia, ele anda tomando alguma coisa. E por algum motivo (Ele é um psiquiatra, mas bem louco), ele está nu (de costas, louvado seja Deus) e fazendo exercícios num porão. Esse ponto é interessante por que alude ao Homem-Calendário e ao início do arco Noite dos Homens-Monstro. Importante lembrar também do encontro entre o Hugo Strange e o Batman. Esse encontro foi muito bem redigido. A imagem de Hugo sentado em um trono de livros de psicologia vestido de Batman é simplesmente uma obra de arte. E eu compraria para fazer um pôster. É lindo. Só lendo.
Armadura Cara de Barro – Talvez esse seja o SPOILER mais forte. O Cara de Barro se tornando um mocinho. Poxa vida, ele tem exatamente 77 anos. Ele sempre foi do mal. Mas é bom ver alguém se regenerando. Em dado momento ele usa sua maleabilidade pra envolver o Batman numa casca forte e protetiva que dura… um soco. Bom, valeu a intenção.
Morte do Tim Drake (Robin Vermelho) – Todos acham que o Robin morre. Inclusive eu. Mas ninguém nunca morre no mundo Comics.
Novos Vigilantes de Gotham – Eu fiquei loucamente apaixonado pela Claire. Ela e seu irmão (Gotham Girl e Gotham respectivamente, meio óbvio, não é mesmo?) aprontam altas confusões na sua telinha. O Gotham fica meio louco e destrói tudo. A Claire até tenta. Mas é contida pela psicologia de Bruce que se revela ser o Batman (Como não pensamos nisso antes? Só o Bruce poderia ser o Batman).
Leia mais sobre os vigilantes Gotham e Gotham Girl aqui!
As aparições do arco e do que o precede também são bem especiais. Salomon Grundy, Amanda Waller, Jim Gordon (Figurinha carimbada das histórias do Batman), Liga da Justiça, Jacob Kane (Tio de Bruce) e outros personagens que movimentam o clímax do arco no furacão e no aparecimento dos homens-monstro. Isso enriquece a história com a mitologia do Batman.
Uns gostaram, outros não. Mas fica aqui o incentivo pra você ler esse arco já finalizado. Vale a pena tirar suas próprias conclusões.