Liga da Justiça | Ray Fisher revela detalhes sobre produção conturbada do filme de 2017

    Em entrevista exclusiva para o THR, Ray Fisher, o intérprete do Cyborg em ‘Liga da Justiça‘ (2017), revela mais detalhes sobre a produção conturbada e suas recentes declarações contra os executivos do estúdio.

    Ray está pronto para falar.

    Começando em junho de 2020, o ator vem soltando vários tweets acusatórios no seu perfil contra Joss Whedon, diretor que assumiu a produção de 2017 após a saída de Zack Snyder, afirmando conduta “grosseira, abusiva, não profissional e completamente inaceitável” no set. Para Fisher, a questão não é mais tanto o que aconteceu no set em 2017, embora ele esteja pronto para explicar isso também, mas sim sobre seu foco implacável nos últimos meses em expor a maneira como os executivos, no estúdio Warner e em toda WarnerMedia, lidaram com as acusações levantadas por ele e outros.

    Em declaração oficial, a WarnerMedia disse anteriormente que uma “ação corretiva” foi tomada como resultado de sua investigação, mas não deu mais detalhes. Em ações oficiais, Joss Whedon foi demitido do estúdio após a conclusão das investigações, deixando totalmente uma minissérie no meio de suas gravações.

    Para Fisher, a oportunidade de interpretar o Cyborg – o primeiro super-herói negro no universo DC dos cinemas – foi tanto uma grande porta para sua carreira quanto uma grande responsabilidade. Infelizmente tudo chegou a um fim prematuro, com Ray lutando por justiça e relutando a dar nomes para não prejudicar as pessoas erradas.

    “Estou tentando fazer com que nenhuma testemunha perca o emprego.”, afirma o ator durante sua conversa com o THR.

    Fisher conseguiu que a Warner iniciasse uma investigação com mais de dois anos após o lançamento da primeira versão do filme nos cinemas, mas o ator afirma que estúdio estava focado em proteger os seus principais executivos durante o processo.  O ator se sentiu forçado a aumentar a pressão de maneira pública (via suas redes sociais), forçando o estúdio a responder com afirmações que o ator estaria tentando chamar atenção em forma de difamação deliberada.

    O ator ainda espera um simples pedido de desculpas.

    Fisher relembra todos seus encontros e conversas com Whedon, que era sempre recheadas de momentos desconfortáveis e cansativos da parte do diretor.

    “Tudo o que ele procurava eram elogios generosos para o seu próprio roteiro.” afirma o ator, que lamentava os cortes de cenas e material do Cyborg no filme. Fisher diz que sempre era interrompido pelo cineasta; “Parece que estou fazendo anotações agora, e não gosto de fazer anotações de ninguém – nem mesmo de Robert Downey Jr.“, teria afirmado Joss Whedon. Outras fontes do projeto dizem que Whedon desprezou Gal Gadot e Jason Momoa quando eles também questionaram o diretor sobre o roteiro.

    Mas a tensão só aumentou quando surgiu a famosa cena em que Cyborg diz “Booyah“. Essa frase se tornou uma assinatura do personagem graças a serie animada de Jovens Titãs, mas o personagem nunca havia dito nos quadrinhos ou no roteiro original. Fisher diz que Johns abordou Snyder sobre a inclusão da fala, mas o diretor não queria bordões. Ele administrou a situação colocando a palavra em alguns sinais em sua versão do filme, como se fosse um easter egg. Mas o representante de Johns disse que todo o estúdio acreditava que a frase Booyah era “um momento divertido de sinergia”. Com as refilmagens em andamento, Fisher diz que Whedon tentou incluir a fala novamente: “Geoff me disse que Cyborg tem um bordão.”, disse ele. Fisher diz que expressou suas objeções e parecia que o assunto foi abandonado – até que Berg, o co-presidente da DC Films e produtor do projeto, o levou para jantar.

    Este é um dos filmes mais caros que a Warner já fez”, disse Berg, de acordo com Fisher. “E se o CEO da AT&T tiver um filho ou filha, e esse filho ou filha quiser que Cyborg diga ‘Booyah’ no filme e não tivermos essa cena? Eu posso perder meu emprego.” Fisher respondeu que sabia que se filmasse a linha, ela acabaria no filme. E no fim se provou certo quando Cyborg aparece no longa de 2017 dizendo a infame palavra.

    Quando ele chegou ao set, ele diz que Whedon esticou os braços e disse uma linha de Hamlet em tom de zombaria: “Fale o discurso, eu imploro, como eu o pronunciei para você.” Fisher respondeu: “Joss – não. Não estou com vontade.” Ao sair do set depois de dizer apenas aquela frase para as câmeras, ele diz, Whedon gritou: “Bom trabalho, Ray.” Após representantes de Ray levantarem questões de má conduta no set com o estúdio, Ray foi chamado para uma conversa com Geoff nos escritórios da DC. Nessa conversa, Fisher disse para Geoff que se desculpou com Whedon por sua participação no conflito, Johns respondeu que os agentes de Ray ligando para Emmerich não era legal. Fisher relembra:

    “Ele disse: ‘Eu nos considero amigos’ – o que ele sabia que não éramos – ‘e eu simplesmente não quero que você se faça mal no negócio’. “Fisher interpretou isso como uma ameaça.

    O filme foi lançado com reações negativas e um péssimo retorno em bilheteria para o estúdio. Ray havia seguido em frente com outros projetos, mas o gosto amargo deixado em sua boca foi validado quando meses depois, duas pessoas ligadas a produção da serie de TV, Krypton, também da DC, reafirmaram problemas que estariam enfrentando com Geoff Johns durante as gravações da produção. E foi ai que Ray começou a insistir em investigações.

    Várias fontes que falaram com Fisher nessa época estavam dispostas a falar com um investigador da Warner. Entre eles estava a escritora Nadria Tucker, que tuitou em 24 de fevereiro: “Não falo com Geoff Johns desde o dia em Krypton, quando ele tentou me dizer o que é e o que não é uma coisa negra.” Tucker diz ao THR que Johns se opôs quando o penteado de uma personagem negra foi mudado em cenas que aconteceram em dias diferentes. “Eu disse mulheres negras, nós tendemos a mudar nosso cabelo com frequência. Não é estranho, é uma coisa negra.”, diz ela. “E ele disse: ‘Não, não é’.”

    Pelo final de junho de 2020, Fisher revelou sua insatisfação com o tratamento da Warner sobre suas queixas. Mas fontes afirmaram que a Warner acreditava que Fisher estava sendo manipulado por Zack Snyder, que esperava retomar o controle do universo cinematográfico da DC.

    Fisher diz que “a afirmação de que um homem negro não teria sua própria necessidade é tão racista quanto as conversas que [a liderança da Warner] estavam tendo sobre as refilmagens da Liga da Justiça. Fui subestimado a cada passo durante este processo e é isso que nos levou a este ponto. Se eles tivessem me levado tão a sério quanto deveriam desde o início, não teriam cometido tantos erros tolos quanto no processo.” Snyder nega qualquer papel em influenciar Fisher.

    No início de julho, Fisher falou com Walter Hamada por telefone, que assumiu as rédeas da DC Films pouco após o lançamento desastroso de ‘Liga da Justiça’. Ele disse que Hamada “chamou Joss de idiota” e disse: “Só estou tentando superar qualquer coisa relacionada à Liga da Justiça. Joss não está mais aqui e não pretendo contratá-lo novamente“.

    Mas, de acordo com Fisher, Hamada disse não acreditar que Johns tivesse feito algo errado. “Sei que Joss foi difícil. Mas Geoff-Ray, ele está realmente sendo arrastado pela lama e tenho certeza de que você está recebendo sua cota de ódio também.” Fisher respondeu: “Estou bem com o ódio porque sei que estou dizendo a verdade.” Embora logo em seguida tenha acusado Hamada de “adulterar” a investigação em suas redes sociais, Ray reflete e afirma para o site THR que não acredita que o mesmo tenha realmente tentado interferir na investigação. Mas fontes no estúdio apontam os tweets de Fisher como evidência de rancores inconstantes e falta de credibilidade por parte do ator, que estaria motivado em colocar Hamada no mesmo círculo que Johns e Whedon.

    “Em nenhum momento o Sr. Hamada ‘jogou alguém debaixo do ônibus’, como o Sr. Fisher falsamente alegou, ou fez qualquer julgamento sobre a produção da Liga da Justiça, na qual o Sr. Hamada não teve nenhum envolvimento.” declarou um representante da Warner.

    Fisher diz que pediu por desculpas do estúdio repetidamente nas semanas que se seguiram. WarnerMedia desconversou e isso fez Ray sentir que falhou. Pouco em seguida, Fisher libera em seu Twitter que não trabalharia mais em filmes comandados por Walter Hamada. Anteriormente, o ator estava escalado para participar do filme The Flash, mas publicamente sua participação nas filmagem de foi descrita como uma “participação especial”. O ator era o coadjuvante no filme e chegou a conversar com o diretor Andy Muschietti. Fisher receberia apenas uma fração do que ele deveria ser pago para reaparecer como Cyborg. No final de setembro, ele estava chateado com notícias da imprensa de que estava exigindo o dobro de seu salário e decidiu não aceitar.

    No final, o estúdio removeu o papel do filme.

    “Quando falei pela primeira vez, presumi que não havia nenhuma maneira desses caras me permitirem fazer meu trabalho em paz”. Contou Fisher. “Eu não acredito que essas pessoas deveriam ser chefes; não acho que eles deveriam ser responsáveis ​​pela contratação e demissão de outras pessoas. “

    Ray Fisher tem um papel de destaque em ‘Liga da Justiça Snyder Cut’, disponível para locação até o dia 7 de abril, em plataformas digitais selecionadas.

    Juan Santos
    Juan Santoshttps://terraverso.com.br
    "Lembrai, lembrai, o cinco de novembro. A pólvora, a traição e o ardil; por isso não vejo porque esquecer; uma traição de pólvora tão vil" - “V for Vendetta”

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