Lanterna Verde | A Noite Mais Densa do Multiverso Sombrio

    ‘Dark Nights: Metal‘ foi o ponto de partida para que se conhecesse um outro espectro do Multiverso, uma sequência de infinitas versões da terra em que a possibilidade de um final positivo é nula e os defeitos dos nossos heróis se tornam mais evidentes diante de suas virtudes.

    Na versão do Multiverso Sombrio de “A Noite Mais Densa” não é diferente. A terceira edição de uma série de contos desta versão sem esperança das aventuras dos nossos heróis, mostra o que aconteceria se Sinestro não tivesse dividido a sua luz da vida com as outras tropas para vencer os Lanternas Negros.

    Tudo é contado em uma única edição que tenta chocar com um universo consumindo pelo poder dos Lanternas Negros. Toda a esperança de recuperar o que se perdeu girando em torno de Dawn, a Columba, sobre as mãos do mais improvável herói que poderia estar vivo a esta altura, o Lobo, em uma missão para viajar até aos confins do universo na derradeira e desesperada tentativa de trazer luz as trevas por uma ideia mirabolante do Senhor Milagre.

    Além dos sobreviventes, ainda temos Sinestro em uma espécie de ser morto vivo, entre a luz da Lanterna Branca e da Lanterna Negra, e como falado anteriormente, os defeitos destes personagens se tornam mais evidentes que a virtudes.

    O Sinestro do Multiverso Sombrio é um personagem à parte da história, ao mesmo tempo que vemos o mesmo virtuoso vilão que piamente acredita que, de acordo com a sua visão, tem os meios para manter o universo a salvo. Encontramos também em Sinestro um ser altamente egocêntrico e egoísta que tolamente acredita que o poder deve estar centrado em si, diferente de sua versão do Multiverso convencional, que mesmo contra a sua vontade, coopera com aqueles que discordam da sua forma de manter a paz. Ele utiliza-se do anel branco da vida para deter a infecção do anel da morte mantendo-se entre ambos os espectros.

    Este traço da personalidade do Lanterna se torna um fator preponderante para que o desfecho do Multiverso Sombrio seja o pior dos finais possíveis, culminando em um castigo que se torna algo mais terrível do que a própria morte.

    Outro detalhe que surpreendem nesta história escrita por Tim Seeley se refere a quanto o poder da luz negra da morte pode chegar longe. Inicialmente vemos os nossos heróis principais que sucumbiram ao poder de Nekron, equipes como os Titãs em suas versões mórbidas, em agonia por estarem sob a influência do anel, e tudo isso apenas 19 dias após Sinestro negar-se a dividir seu poder.

    A grande surpresa fica por conta de sabermos que ‘Os Novos Deuses’ também foram infectados pelo anel, Grande Barda, Vovó Bondade surgem como parte do exército de Nekron e até mesmo o déspota Darkseid não resiste ao poder da entidade da morte tornando-se seu avatar.

    Para ambientar este clima sombrio e apocalíptico, os desenhos de Kyle Hotz casam com a narrativa contada, abusando do preto e tornando cada quadro uma demonstração clara deste panorama sem esperança que foi criado alimentando aquele sentimento angustiante que temos enquanto lemos o diálogo. As imagens falam bem com o roteiro e esta combinação consegue prender o leitor na história.

    O desfecho desta narrativa procura surpreender mesmo sabendo que a proposta da história é que ela não tenha um final em que os heróis vencem, e temos na figura do Sinestro este final. O egoísmo do personagem é o ponto de ignição desta versão de “A Noite Mais Densa” e por causa disto, aliado a um grande medo de falhar que Thaal Sinestro comete um erro que é impossível de ser reparado.

    O conto do Multiverso Sombrio de “A Noite Mais Densa” é uma história que se define por não dar esperança ao leitor de que haverá um final feliz, acentuando características que não percebemos de personagens que conhecemos, apresentando um final amargo para o protagonista e mostrando que no Multiverso Sombrio nenhuma luz brilhará.

    Nota:

    50/52 Terras – Ótimo

    Ricardo dos Santos
    Ricardo dos Santoshttps://terraverso.com.br
    Fã de quadrinhos, séries, filmes e games. Apaixonado por DC de Grant Morrison a Alan Moore. Mais um privilegiado de estar na amada Terraverso.

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