Jovens Titãs | Um novo Judas no Multiverso Sombrio

    O último conto do Multiverso Sombrio traz um clássico dos Jovens Titãs, porém comparado aos outros contos que vimos anteriormente, não é uma história tão empolgante como a origem da Erradicadora Lois Lane ou a ascensão de Ted Kord, pois trabalha em cima de uma personagem já instável em nosso Multiverso comum e, mesmo utilizando um clássico muito querido pelos fãs da DC, não consegue trazer o impacto que a minissérie procura representar.

    A história inverte os eventos da narrativa do Contrato de Judas, em que a Terra trai os Titãs em favorecimento do Exterminador, após o encerramento do seu contrato com a Colmeia, tendo em seu desfecho a morte da heroína soterrada por uma montanha. Na história original, Marv Wolfman trabalha bem este vínculo da heroína com a equipe, portanto, a sensação de traição é mais incômoda do que nesta versão mais obscura.

    No Multiverso Sombrio, Terra se convence de que pode ser muito mais que uma assistente graças a uma conversa com Dick Grayson, e o herói pensa que ela se refere ao seu irmão, Geoforça, mas na verdade era sobre a sua relação com Slade Wilson, e assim o trai assassinando-o. Terra utiliza em si o soro do Exterminador, aumentando seus poderes e destruindo a equipe dos Jovens Titãs, o Superman e se auto denominando como Gaia para estabelecer o seu domínio sobre a humanidade.

    Esta é a única história das que acompanhei do Multiverso Sombrio que não consigo sentir uma desconstrução como foi a proposta da minissérie. O contexto de traição da Terra ainda é mantido, porém, sem muitas surpresas. A cena de destruição da Torre Titã, e posteriormente a morte da equipe, me parece apenas uma solução fácil ao invés da construção de um momento de tensão na narrativa.

    Nas últimas páginas vemos a vilã surpreendentemente ferir o Superman com uma avalanche de kryptonita, e lentamente envenena-lo até a morte. A chegada do Mutano que é perdidamente apaixonado por Tara tenta trazer um efeito de emoção que ficou ausente em todo o one-shot, culminando com uma cena de execução, entretanto, não existe uma construção do evento para que essa morte tivesse algum significado mais profundo.

    O ponto que chama a atenção é como a instabilidade de Terra modifica a sua perspectiva, sendo necessária poucas palavras de incentivo para que ela se sentisse motivada a trair o Exterminador e assassina-lo.

    Ela passa de uma mulher insegura para uma pessoa controladora de forma muito rápida, e talvez a pressa não deixe aquela sensação angustiante das outras edições em que vemos a decadência do personagem principal, o que torna essa história sem muito compromisso com o que vem sendo apresentado nas outras edições.

    A história que encerra os Contos do Multiverso Sombrio não fica a altura do que toda a série significou de um modo geral, mas procura aproveitar um clássico da DC e propor uma nova construção de personalidade para uma personagem muito conhecida do nosso universo.

    Nota:

    30/52 – Mediano

    Ricardo dos Santos
    Ricardo dos Santoshttps://terraverso.com.br
    Fã de quadrinhos, séries, filmes e games. Apaixonado por DC de Grant Morrison a Alan Moore. Mais um privilegiado de estar na amada Terraverso.

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