#BatmanDay | Confira 15 vezes em que o Batman não estava preparado

    O Batman pode vencer qualquer um com preparo. O chavão você com certeza já conhece, e oportunidades para colocar o preparo do Homem-Morcego à prova nos quadrinhos, tv, cinema e jogos não faltam. Porém, mesmo o Batman, é pego de surpresa. Nem sempre o Maior Detetive do Mundo está preparado. A equipe do Terraverso separou algumas derrotas e fraquezas clássicas do Morcegão, acumuladas ao longo desses mais de 80 anos do herói.

    Morte dos Wayne

    Em Legends of the Dark Knight #1, de 2012, em uma noite de vigília, o Batman avista um casal e seu filho sendo atacados em um beco. Tomado pela emoção, o Homem-Morcego intercepta o assaltante e descobre que a criança, na verdade, é um homem baixinho – que desfere um golpe certeiro em sua cabeça. Cercado por capangas, atordoado e confuso, tentando entender qual vilão descobriu seu segredo e criou a armadilha, o Batman se lembra de uma conversa que teve com Alfred mais cedo. Quase caindo de bebâdo, um jovem e arrogante Bruce Wayne se gaba por ter a vantagem de ser “invencível”. O argumento era simplório. Por ser apenas um homem não possuía nenhum ponto fraco como seus colegas super-heróis, como a kriptonita ou a cor amarela. Alfred aconselha seu patrão, dizendo que “todo mundo tem uma fraqueza“. Em tom orgulhoso, Bruce aposta 1 dólar com Alfred que é invulnerável. Recobrando a consciência, no chão sujo do beco, Batman olha na direção de seu inimigo, que se aproxima. É Alfred, que se ajoelha, pega o dólar apostado no bolso do cinto de utilidades e vai embora.

    O acontecimento que criou o Batman também é o mesmo que pode destruí-lo. Bruce Wayne ainda não superou, de fato, a morte de seus pais. Não só em “The Butler Did It“, em diversas ocasiões podemos ver que as feridas abertas naquela noite são eternas. Quando o Batman é atacado pela Clemência Negra em Para o Homem Que Tem Tudo, quando escuta “Martha” durante sua batalha com Superman em Batman Vs Superman, quando luta com sua versão do futuro distópico de Lordes da Justiça na animação Liga da Justiça ou quando chora ao receber a carta de seu pai no fim da saga Flashpoint podemos ver que, no fundo, Bruce ainda é uma criança traumatizada que com apenas um gatilho emocional pode ser facilmente levada aos eventos daquela fatídica noite. Batman não está preparado para superar a morte dos seus pais e, ainda mais doloroso: não está preparado para continuar sendo quem é se vier a superá-la algum dia. Tom King tem investido neste aspecto dialético de Bruce, e quem sabe muito em breve poderemos ver um Batman mais leve, feliz e livre de seus traumas.

    Coringa

    Se a grande capacidade do Batman é estar preparado, a do Coringa é entregar-se ao puro acaso do caos. Não importa quantos passos o Batman pense à frente de seus inimigos, o Coringa sempre vai mudar o jogo. Por isso os eternos arqui-inimigos sempre levam suas batalhas ao extremo, em progressão cada vez mais refinada. É assim que o Coringa consegue pegar o Morcegão de surpresa, conseguindo a façanha de derrotá-lo fisicamente (como em De Volta à Sanidade ou no arco O Padrinho escrito por Tom King) e psicologicamente (como na história Missão de Fé de Batman Vol. 5, no arco Endgame de Batman Os Novos 52 e no icônico final de Batman O Cavaleiro das Trevas, da trilogia Nolan). Matar o Batman também não é tarefa inédita, já que conseguiu fazer isso em diversas ocasiões. No futuro apocalíptico da história Eu, Coringa é revelado que o Batman foi morto na Batcaverna durante uma invasão do Príncipe Palhaco. Na saga Coringa Emperador, quando consegue os poderes de Mr Mxyzptlk, o Coringa executa o Batman todos os dias, sempre ressuscitando o herói para experimentar métodos diferentes.

    Além disso, o Coringa sabe concentrar seus esforços nas pessoas ao redor do Homem-Morcego para atingí-lo. Alfred, Jason Todd, Tim Drake, Dick Grayson, Bárbara Gordon, James Gordon, Sarah Essen Gordon, Superman, Lois Lane, Mulher-Gato, Harvey Dent, Rachel Dawes… A lista é imensa. O Coringa sabe que sua própria vida é importante para o Batman, e normalmente a usa como ferramenta. Em Coringa, Advogado do Diabo o Palhaço não se preocupa em morrer na cadeira elétrica, se confortando com a preocupação de Batman para salvá-lo. Já no clássico O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller o Coringa torce a própria coluna só pra complicar a situação do Batman com a Força Policial de Gotham. Em Injustice o Coringa vai além. Faz Superman matar Lois Lane, grávida do primeiro filho do casal, enlouquece o Homem de Aço, e é assassinado pelo herói. Tudo é assistido por um incapaz e atônito Batman, que ainda vê o início do reinado de terror de uma nova versão do Superman. E como esquecer a dolorosa cena do fim de Arkham City, quando o herói sai dos escombros do Teatro Monarch com o corpo desfalecido do vilão – reproduzindo o primeiro frame do jogo, uma reprodução do quadro Caim e Abel.

    Batman e o Coringa tem uma relação profunda e complexa. Tudo pode acabar em um duplo homicídio, um festival de explosões ou com uma anedota, como em A Piada Mortal. A imprevisibilidade do vilão, somados a sua loucura e seus mistérios, é algo que escapa de qualquer pensamento estratégico do Batman e que, constantemente, ludibria seu treinamento e preparo.

    Terremoto

    Batman sempre esteve preparado para proteger Gotham City com seu corpo e alma, mas na década de 90 Bruce conheceu um inimigo que ele não podia derrotar. Na saga Terremoto (Cataclysm) um evento natural atinge a cidade de Gotham e devasta a cidade. O saldo do terremoto de 7.6 graus na escala Richter é uma cidade destruída e mais de 100 mil mortos. Pela primeira vez, Batman se sente impotente, sem entender como seu uniforme pode ajudar Gotham e as vítimas da tragédia. Em Terremoto vemos um Batman perdido, assim como qualquer vítima de uma tragédia natural frente ao poder destrutivo da natureza. No fim, nosso herói consegue encontrar maneiras de reconstruir a cidade como Batman e como Bruce Wayne, mas reconhecer sua pequenez e humanidade frente a algo tão colossal era algo que o Batman nunca havia imaginado. Bruce lembrou, mais uma vez, que não temos controle total sobre as tragédias que abalam nossas estruturas.

    A Queda do Morcego

    Vilões de força física absoluta, chegando do nada e prontos pra destruir legados pipocaram na década de 90. Era uma tática rápida e fácil para propor mudanças do status quo dos personagens. O mesmo aconteceu nos títulos do Morcego, mas o algoz do Maior Detetive do Mundo era diferente. Bane não era uma besta destrutiva e gratuita, mas sim um estrategista. Um mestre da guerra. Foi assim que, durante um longo tempo, usou toda a galeria de vilões de Gotham para minar as forças físicas, mentais e emocionais do Batman. Bane não só venceu o Batman. Bane quebrou o Batman. Bruce não estava preparado pra ser derrotado em uma luta, nem para ficar paralisado da cintura para baixo. Também não estava preparado para passar seu manto para outra pessoa. Bruce Wayne voltou depois para acertar as contas, mas aquela derrota ainda dói na lembrança do Homem-Morcego.

    E se ser quebrado uma vez por Bane já é traumático, imagine então se tem repeteco. Em O Cavaleiro das Trevas Ressurge o Batman perde em uma luta justa para Bane no subsolo de Gotham, vê todo o seu arsenal sendo roubado e é jogado em um buraco, sem chances de fuga – tudo isso depois de uma traição da Mulher-Gato. Ai.

    Ser pai

    Estar preparado para responder qualquer tipo de ameaça, ok. Agora, receber a visita de uma inimiga e descobrir que tem um filho… É um choque. Nem mesmo o Batman estava preparado para se descobrir como pai. E ser pai de Damian Wayne, a criança mais mortal do planeta, não ajuda nem um pouco com a pressão.

    O Batman teve ótimos pais, mas ter sido privado deles tão cedo deixou buracos emocionais muito grandes. Mesmo contando com diversas figuras masculinas em sua criação (Alfred, Ras Al Ghul, Gordon em algumas versões), Bruce Wayne precisou aprender a se relacionar com a responsabilidade sozinho. E, por mais que tenha sido aos trancos e barrancos, o Morcegão fez de tudo para que Damian, Tim, Jason, Bárbara e Dick fossem versões melhores de si, que cruzassem um caminho menos doloroso que o trilhado por ele. Bruce Wayne não estava preparado para ser pai, mas nunca fugiu da responsabilidade para com seus pequenos. Aprendeu e continua aprendendo diariamente. A paternidade é assustadora, principalmente para quem cresceu sem uma família. Mesmo assim, Batman procura entregar o seu melhor para que suas crianças vivam a liberdade de escolhas que ele nunca teve.

    Morte de Jason Todd

    Quando Batman descobriu o jovem Jason Todd roubando os pneus do batmóvel, um sentimento familiar tomou conta do herói. Era a chance de uma nova parceria surgir. Apesar do temperamento difícil e teimoso, o garoto se tornou um Robin habilidoso. Mas nem toda habilidade do mundo poderia compensar a imaturidade emocional de Todd. Em um dos momentos mais icônico dos quadrinhos, o garoto é morto pelo Coringa. Batman não estava preparado pra carregar a dor e a culpa pela morte de um garoto sob sua proteção. Talvez nem mesmo os fãs que votaram a favor da morte de Jason Todd estavam preparados pra ver os chocantes golpes de pé de cabra e a cena dolorosa do Homem-Morcego carregando o corpo sem vida de um Robin.

    O Batman também não estava preparado para presenciar o retorno de Jason Todd, anos depois, e com sede de vingança. Agora com uma nova alcunha, o ex-Robin só queria que os culpados por sua morte pagassem o preço – Coringa e Batman. O confronto entre mestre e aprendiz pode ser visto no arco de histórias Under the Hood, na animação Batman Contra Capuz Vermelho e no game Batman Arkham Knight.

    Diácono Blackfyre

    O Batman já foi destruído fisicamente, emocionalmente e psicologicamente, mas nada disso quebrou seus valores, dignidade e princípios. Ao contrário! Quanto mais o Batman cai, mais ele “aprende a se levantar“, nas palavras do próprio Thomas Wayne. Porém, um homem conseguiu levar o Batman a um extremo inédito. O diácono Blackfyre destruiu a alma do Batman, demoliu sua psique com alucinógenos, mentiras e pregações. Blackfyre, sem nenhum poder, equipamentos ou armadilhas superelaboradas, usou apenas suas ideologias e ideias fanáticas para levantar um exército de frustrados nos esgotos de Gotham. Batman se tornou um homem confuso e faminto, se alimentando do lixo e realizando ataques a inocentes com armas de fogo.

    Blackfyre é a prova que mesmo o homem mais preparado da Terra pode ser surpreendido por uma onda de fanatismo e ideias políticas amorais.

    Batman #50

    Atenção: Spoilers de Batman #50 (2018) e do run de Tom King em Batman Rebirth e Batman DC Universe

    Você pode amar ou odiar o trabalho de Tom King no run de Batman, mas é inegável que o escritor tem ideias e propostas nunca antes exploradas com o personagem. E em Batman #50, que coroa a metade da jornada de King com o Homem-Morcego, somos presenteados com grandes momentos na história de publicação do Batman. Na edição que traria o tão aguardado casamento de Bruce Wayne e Selina Kyle, o Homem-Morcego é abandonado no altar. Uma desilusão amorosa, depois de tanto tempo se fechando para a felicidade e o amor, foi um baque profundo pra Bruce. Além disso, na mesma edição, descobrimos que não só este acontecimento, mas todos que acompanhamos desde Batman #1 foram causados por Bane, em um novo plano para quebrar o Morcego. Nem o Batman, nem os leitores, estavam preparados pra magistral condução de King até Batman #50.

    Hiketeia

    Uma das histórias mais clássicas da Mulher-Maravilha – e tida por muitos como a melhor já feita – Hiketeia é uma graphic novel escrita por Greg Rucka e arte de J. G. Jones. Uma história com inspiração nas tragédias gregas traz uma Diana dividida entre seu senso de justiça, tendo que optar por proteger o que acha certo ou o que é estabelecido como correto. Um dilema complexo, que a coloca em rota de colisão com o Batman. O resultado é um vitória esmagadora, fisica e moralmente, em cima do Cavaleiro de Gotham.

    Morte do Flash

    Na animação Liga da Justiça somos apresentados ao universo paralelo dos Lordes da Justiça, versões futuristas e autoritárias da Liga da Justiça. Descobrimos em certo ponto que o estopim da transformação dos heróis é o assassinato do presidente Lex Luthor pelas mãos do Superman. O Homem de Aço e os membros da Liga não conseguiram superar o fato de que o Flash desta realidade foi executado pelo vilão. A morte do Flash foi uma tragédia enorme e nenhum membro da Liga estava preparado para isso. Com sorte, graças ao trabalho em equipe, a Liga da Justiça da realidade principal da animação impediu a morte do Homem Mais Rápido do Mundo, em um clímax que emociona e deixa saudades da animação até hoje.

    Multverso Sombrio

    Nem o Batman nem o Universo DC estavam preparados para conhecer os monstros saídos do Multverso Sombrio, um Multverso dominado pelos pesadelos. Nascidos da matéria escura e das escolhas ruins, um exército de vilões liderados por Barbathos, o Deus Batman, invadiu as Terras do Multverso. Além de mais fortes e mais perversos, as criaturas do Multverso Sombrio possuíam a vantagem de serem versões defeituosas e mistas dos heróis e vilões dos universos positivos. E no centro desta guerra estava o Batman, que viu uma força tática de Homens-Morcego derrotarem a resistência da Terra, uma Liga da Justiça de Batmans mais preparados e mais determinados. A derrota era quase certa. A morte de tudo era quase certa. Graças a um grande trabalho em equipe o mundo foi salvo, mas os efeitos da invasão do Multverso Sombrio continuam ressoando por todas as Terras do Universo DC.

    A invasão do Flash Reverso

    Durante o arco O Bóton, um crossover entre os títulos Batman e Flash Rebirth com ligações a futura saga Doomsday Clock, o Batman enfrenta uma invasão na batcaverna. O invasor é o Flash Reverso, que em poucos segundos domina e humilha o herói. O Batman já derrotou diversos velocistas da DC e já teve atritos históricos com o Flash, e sempre é lembrado de que contra um inimigo que usa a Força de Aceleração, se não houver tempo prévio para o seu habitual preparo, a desvantagem é grande.

    Corte das Corujas

    Gotham era a cidade do Batman. Era. Depois de anos de serviço Bruce Wayne descobriu que existia um submundo desconhecido que determinou o passado, presente e futuro de Gotham, da família Wayne e de sua própria vida. A Corte das Corujas mudou definitivamente tudo que o Batman sabia sobre sua cidade e seu manto e foram uma das ameaças mais surpreendentes que o Morcego enfrentou em sua jornada de vigilante.

    Superman

    Segundo o próprio Bruce, sua vantagem em batalhas contra o Superman é a própria relação de amizade que possuem. Bruce conhece Clark e sabe que é um bom homem – enquanto que ele mesmo, não é. Nas diversas batalhas que tiveram ao longo do ano, o Morcego usa a piedade de Clark contra ele. Ou mesmo o pega desprevenido. Nem sempre é assim. Quando luta a sério, enfurecido ou controlado por outro adversário, o Homem de Aço é virtualmente imbatível. Sua velocidade, força e resistência podem facilmente derrubar qualquer estratégia, armadura ou ferramenta de kriptonita. Batman pode se preparar o quanto quiser. Se o Homem de Aço estiver fora de controle, as chances de vitória são quase nulas. 

    Veneno

    Na excelente minissérie Veneno da também excelente Legends of the Dark Knight – ou Contos de Batman, no Brasil – vemos um novo lado do Homem-Morcego. Atormentado depois de um caso envolvendo uma garotinha, Bruce se entrega a uma droga experimental, um poderoso veneno que dá um boost em sua capacidade física. O grande problema é que o veneno também afeta suas condições psicológicas e emocionais, deixando-o dependente da droga. O Batman chega ao fundo do poço e se vê frente a seus traumas, inseguranças e baixa auto-estima. Como sabemos, o Morcegão conseguiu dar a volta por cima – mas nem ele estava preparado para afogar as mágoas em um vício sem enfrentar as consequências. 

    Rodolfo Chagas
    Rodolfo Chagashttps://terraverso.com.br
    Sou daqueles que saía correndo na saída da escola pra almoçar assistindo Liga da Justiça. Daqueles que juntava o troco do pão pra comprar gibi no sebo. Feliz de viver na melhor época pra ser nerd. Sem editorismo, amai-vos uns aos outros! A alvorada dos heróis ainda vai durar por muitos anos! Que Snydeus seja louvado e que Stan Lee viva pra sempre!

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