Doomsday Clock | O confronto entre os seres mais poderosos do multiverso diante do juízo final

    No final de 2016, após o encerramento da fase “Os Novos 52“, foi anunciado um arco para o ano seguinte que explicaria tudo o que aconteceu naquela fase, as mudanças de origem de muitos personagens e toda a alteração desta cronologia seria contada na história Doomsday Clock. Após diversas mudanças, atrasos e nada esclarecido chegamos ao final desta longa jornada de 12 edições lançadas entre 2017 e dezembro de 2019.

    Para tentar acompanhar confesso que foi um processo penoso, os problemas referentes aos atrasos e a mudança da forma de lançamento de mensal para bimensal e por alguns momentos trimestral, por diversos erros e desleixo com os leitores foi um grande obstáculo, e do meu ponto de vista, um pouco de desrespeito com aqueles interessados em entender tudo o que estava acontecendo, mas finalmente o relógio do fim do mundo bateu as doze horas.

    A história conectaria aos eventos de DC Universo Renascimento #1, o crossover entre Flash e Batman “O Bóton” e algumas pistas que estavam surgindo durante a fase Renascimento e, sem muita surpresa, descobrimos que o Dr. Manhattan de Watchmen veio ao universo DC e estava alterando toda a história por um motivo que até aquele momento não revelado.

    Em Doomsday Clock, tudo começa após os eventos de Wathcmen onde Adrian Veidgt, o Ozymandias, procura por Dr. Manhattan na busca de que seu retorno pudesse resolver a insurgência que ocorre após a descoberta de seu plano que matou milhões de pessoas. Por outro lado, também, vemos a chegada do deus de Watchmen ao nosso universo DC, entendendo as regras do Multiverso, e a partir deste ponto, ele começa a realizar alterações na realidade apagando eventos que construíram a cronologia dos nossos heróis e deletando muitas figuras e equipes do passado.

    Este é um ponto que é relevante ao entender da história; Dr Manhattan ao ver que as constantes alterações no Multiverso podem apagar a existência de diversos heróis. O Superman, o primeiro herói de todos, jamais é apagado do universo e sua origem sempre muda para determinado ponto no tempo fazendo-o assim ter a curiosidade de realizar esta experiência. Dentre algumas de suas conclusões, ele percebe que o Multiverso é organicamente movido a esperança e reage de acordo com as mudanças nesta balança entre luz e trevas, explicando que o retorno de Wally West é uma destas reações as suas alterações cirúrgicas na cronologia.

    Apesar de ter um começo que é mais lento, gerando mais perguntas do que explicações, o arco chamou muito a minha atenção por toda a construção de cenário que estava sendo feita, isso feito as custas de algumas edições que são bastante enfadonhas por não entregar o que tanto esperamos, mas criando um cenário observado de um modo mais amplo e que gira totalmente ao redor das mudanças realizadas por Jon Osterman.

    Os arcos particulares de personagens como o Mimico e a Marionete,o misterioso retorno do Comediante buscando vingança contra Veidgt e a própria busca do novo Rorscharch após descobrir que era apenas uma ferramenta de Ozymandias que buscava dentro de sua psique megalomaníaca ser um salvador deste mundo. Pontos atraentes para segurar o impeto de grandes momentos desta história escrita por Geoff Johns e com um trabalho artístico impecável de Gary Frank.

    A partir do momento que Dr. Manhattan entra na história, algumas tramas são deixadas de lado para que o rumo da narrativa seja direcionado a quem de fato são os personagens principais deste tão aguardado momento. Em Doomsday Clock, temos o encontro entre aquele que é considerado um deus no Universo DC e o homem que se tornou deus em Watchmen.

    Talvez para algumas pessoas que esperavam Superman e Jon Osterman trocando socos e raios pelas ruas durante um confronto que tinha contornos de uma terceira guerra mundial devem ter ficados decepcionados, pois a “batalha” foi mais para um campo filosófico. Neste momento percebi como fica extremamente gritante o contraste entre os universos da DC quanto de Watchmen, então em um temos esperança mesmo nos momentos mais sombrios enquanto no outro não existe esperança alguma, pelo contrário, até aquele que recebe os poderes de um deus e poderia fazer algo bom não se importa.

    Por fim, a conclusão de todos esses eventos foi completamente diferente do que eu imaginava. Não teve uma grande surpresa ou algo que fosse similar, mas teve um desenrolar de eventos que, dadas as devidas proporções, me fizeram pensar no final da série Watchmen da HBO, em que uma versão mais humanizada do Dr. Manhattan sai da posição de um observador quântico e torna-se uma pessoa com um raciocínio mais orgânico, procurando uma visão mais heroica para o seu mundo ao desfazer as alterações sistêmicas que ele realizou no universo DC.

    Doomsday Clock não acredito que se tornaria uma história interessante como uma conclusão de um grande crossover de toda a linha editorial DC, mas como um arco fechado. Ela propõe elementos do universo recorrente e se torna uma leitura interessante mesmo com seus altos e baixos.

    Nota:

    Ricardo dos Santos
    Ricardo dos Santoshttps://terraverso.com.br
    Fã de quadrinhos, séries, filmes e games. Apaixonado por DC de Grant Morrison a Alan Moore. Mais um privilegiado de estar na amada Terraverso.

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