No último mês de abril, uma das personagens mais importantes para a trajetória da DC Comics completou 80 anos de história. A nossa Selina Kyle, mundialmente conhecida como Mulher-Gato, teve suas evoluções ao longo dos anos, sendo sempre uma das personagens mais notáveis do Universo, não só dos quadrinhos, mas no cinema, TV animações e até na moda com seu estilo marcante.
Afinal, quem nunca foi em uma festa fantasia, ou no carnaval e viu alguém com o traje da felina? Ela nunca foi esquecida e sempre teve seu espaço se reinventando dentro da indústria. Agora, vamos conhecer mais um pouco dela?
O INÍCIO
Tudo começou lá em 1940, na edição número #1 do Batman criada por Bill Finger e Bob Kane. Apesar do Coringa ser o vilão favorito do Homem Morcego, a personagem teve um sucesso inesperado. Tradicionalmente como uma vilã e nomeada como “A Gata”, a personagem foi inspirada por estrelas da telas dos anos 40 como Hedy Lamarr e Jean Harlow. Ela foi apresentada desde sempre como uma mulher bonita e sexy, mas não impressionando os leitores somente pela sua beleza e sim suas atitudes nos quadrinhos. A explicação “felina” que Bob Kane deu ao aspecto forte da sua personagem é que ele acreditava que mulheres eram criaturas felinas, e homens se assemelhavam mais a “cachorros”. Gatos demonstram mais independência e era isso que ele pensava quando trouxe a personagem para os quadrinhos do Batman.
Originalmente ela seria apenas um interesse amoroso do Homem Morcego, mas a personagem se desenvolveu tão bem que acabou agregando todos os públicos que liam quadrinhos na época e algo se destacou pelo fato da personagem ter muita força e independência, sendo assim, ela não poderia ser apenas um interesse romântico pois havia potencial na personagem. Porém, nem tudo eram só flores, a Mulher-Gato sempre foi feita de forma tão “atrativa” e sexualizada, tanto que de 1954 a 1966, ela simplesmente desapareceu das edições. Isso porque a Associação Americana de Revistas em quadrinhos repreendeu a forma como a personagem era retratada, violando alguns dos códigos que a Associação deixava claro.
Um desses códigos dizia que “Os criminosos não devem ser apresentados de modo a serem glamorosos ou a ocupar uma posição que crie desejo de emulação”. e o ponto forte da personagem era fazer com que as pessoas simpatizassem, mesmo quando ela ainda era vista somente como uma vilã, apesar de fazer algumas aparições ajudando o Batman e o Robin por volta de 1950, já gerando a ambiguidade que a gente iria ver muito ao longo de toda sua história.
AS VÁRIAS ORIGENS E FORÇA
A nossa personagem teve muitas origens e todas elas mostravam um lado da Selina Kyle muito importante: A originalidade, mesmo em suas diferentes versões que foram adaptadas ao longo dos anos. Por ser uma personagem criada para ser independente, ao mesmo tempo que tem interesses românticos e jogos de sedução, todas as suas histórias moldam a sua personalidade e como isso a levou ao ato de furtar. A justificativa que muitos encontram era que o furto a deixava em “paz” em meio a um passado sempre turbulento e trágico. O uniforme usado por ela em algumas dessas versões foi inspirado não só por ela gostar dos bichinhos, e sim por ver o Batman em algumas ocasiões em Gotham, o que a ajudou a imaginar o design.
1- A edição Batman #62 de 1950 revelou que a Mulher-Gato é uma comissária de bordo com amnésia. O avião acaba caindo e as únicas lembranças dela são dos seus gatos. Quando ela melhora, continua ajudando o Batman em suas edições seguintes.
2- A outra versão que temos aparece em The Brave and the Bold #197 de 1983, quando ela desmente a história da amnésia. A personagem revela que apenas estava fugindo do seu marido no qual ela vivia um relacionamento abusivo e por isso invade o cofre dele onde se encontravam joias que eram dela, sendo assim, ela precisava recupera-las.
3- Na origem de Frank Miller, se explora mais ainda toda essa origem da personagem que foi reformulada para algo tão intenso quanto. Ela era uma prostituta que aprende artes marciais com a finalidade de se proteger do seu ex-namorado que era um cafetão. Nesse arco, a personagem aparece de cabelos curtos, e com um traje dominatrix, ressaltando ainda mais o lado Felino Fatale que nunca foi deixado de lado nesses 80 anos.
A personagem foi se expandindo em cada arco, e sua história de vida sempre foi intensa. Em uma delas, os pais de Selina cometem suicídio, e ela não tinha mais contato com sua irmã Maggie. Muitas repaginações nas histórias da Mulher-Gato já foram feitas; ela consegue ser mãe, em outras edições o jogo de “gato e rato” com o Batman acaba e ela fica noiva, mas nunca deixando de ter sua independência e autossuficiência, mesmo com um passado turbulento que a assombra. Ela, assim como o Cavaleiro das Trevas, não tem superpoderes, sua habilidade foi conquistada em meio as ruas com treino, adquirindo experiência e mesmo assim isso não a torna menos fraca.
Mesmo sendo uma anti-heroína, a Mulher-Gato consegue ser inspiradora para muitos. Em março de 201,5 na edição de Catwoman #89 Selina Kyle beija Eiko Hasigawa, e então é confirmado um boato que se corria em muitos anos da personagem, que sim, ela é uma mulher bissexual segundo a própria roteirista da série, Genevive Valentine.
A personagem ambígua com várias facetas marcou a história da editora e a vida de muitas pessoas, sendo notável em qualquer mídia que esteja. Ela nunca foi formulada para ser uma simples “Felina” como seu autor a chama, e sim para mostrar com maior profundidade diferentes lados existentes na personagem. Hoje, ela continua sendo um sucesso passando por diferentes roteiristas, e em 2021 voltará a ser o foco representada pela atriz Zoe Kravitz em seu novo filme “The Batman”.