Após vislumbramos o primeiro voo do Homem de Aço e acompanhar a jornada do velocista escarlate em meio ao Multiverso, chegou a vez do mais novo universo animado da DC apresentar o personagem mais comercial da editora e, para isso, os realizadores decidiram adaptar um dos arcos mais aclamados do vigilante mascarado que, entre altos e baixos, é uma boa introdução do Batman e de sua mitologia.
Antes de mais nada, é bom salientar que o filme não é uma adaptação 100% fiel ao material original, tomando algumas liberdades criativas interessantes. No todo, a animação consegue transmitir a atmosfera da clássica HQ de Jeph Loeb e Tim Sale, porém, a adaptação acaba perdendo o seu impacto por optar pelo uso de um design mais “realista” e menos colorido, talvez pelo medo de abraçar as características um tanto quanto fantásticas desse mundo.
Quanto a animação, é notável uma grande evolução do novo estilo, se mostrando mais fluído que as anteriores. Tendo em seu benefício o belo uso de uma fotografia que mistura a escuridão de Gotham com uma neblina densa e contraste de luzes quentes para criar um clima de mistério. O uso de elementos visuais para brincar com a percepção do público, acaba sustentando uma sensação de incerteza com o caminhar da trama.
A respeito do desenvolvimento dos personagens, houveram certos deslizes que acabaram atrapalhando a narrativa em si. Para começar, a decisão do roteiro por dar ao Batman uma personalidade mais explosiva e impaciente, que acaba demorando para juntar as peças, que coloca o Homem Morcego em muitos momentos um passo atrás de todos ao seu redor. Algo que também foi feito no arco do Harvey Dent, mas aqui sendo colocado como um flashfoward da sua eminente queda.
Outros personagens que acabaram tendo seus arcos alterados foram a Selina Kyle (Mulher-Gato), que ganha uma presença maior na trama e perde um pouco de sua áurea ambígua, se mostrando mais tendenciosa para o lado dos mocinhos, mesmo que seus reais objetivos ainda se mantenham exclusivos para si. Gilda Dent que ganha mais foco e suas aflições são melhores destacadas. É interessante notar que tanto a família Falcone, quanto o Homem Calendário, acabam ficando com papeis menores que suas contrapartes nas HQ’s, algo que deve se inverter na segunda parte.
Em linhas gerais, apesar de certos tropeços, a animação cumpre o seu papel e faz um bom trabalho de adaptação, apresentando ao público o novo Batman desse universo ainda em ascensão. Como já dito, certas liberdades foram tomadas, mas os ingredientes já estão sobre a mesa, só nos resta saber como os roteiristas irão trabalhá-los, visto que grande parte dos acontecimentos da HQ foram deixados para a segunda parte.
É uma boa animação e deve agradar aos novos e velhos fãs do Homem Morcego.
Nota:
50/52 – Ótimo.