“Levou quase um ano até vermos um teste de filmagem. Assistimos na hora do almoço. Houve lágrimas. Houve silêncio. Estávamos tão empolgados por finalmente, finalmente termos a chance de provar que podíamos fazer isso.” É assim que Richard Donner define o momento do 1º contato da equipe de filmagens de Superman com o grande desafio da produção.
Em 78, a grande dúvida que habitava as mentes da equipe e do público era a viabilidade de criar, diante das câmeras, a ilusão do voo. Como fazer um homem voar? Para além disso, existia um peso ainda maior e que tornava a gravidade em volta deste objeto ainda mais forte: como fazer um Super-Homem voar?
Já na época, com apenas 40 anos de existência, o personagem era uma das imagens mais simbólicas e reconhecíveis do século XX. O maior dos heróis. Aquele que colocou o Super na frente de todos e fez dos quadrinhos uma das linguagens artísticas mais influentes, rentáveis e marcantes da nossa contemporaneidade. E, em 1978, o impossível aconteceu quando Richard Donner e os especialistas em efeitos especiais Zoran Perisic e Colin Chilvers encontraram soluções práticas que se traduziram quase como magia na tela dos cinemas.
Mas, pra além do espetáculo visual, havia algo mais que dava brilho, que fazia com que os espectadores olhassem pro céu. Essas são as palavras do próprio diretor pro roteirista Tom Mankiewicz. “A coisa mais importante quando você for se debruçar sobre isso: faça uma história de amor. E prove que um homem pode voar.” Pra Donner, não existia a possibilidade de desvincular o voo dos ideais românticos que o Super-Homem representa – e vice-versa. Porque é o peso do que esse personagem simboliza e o que buscamos nele que faz com que sua fantasia seja tão inspiradora e apaixonante. Queremos acreditar, mais do que em um homem onipotente e voador, em um homem que mesmo podendo viver acima de todos escolhe virtude e altruísmo. Queremos um salvador. Não só porque ele nos salva, mas porque ele nos inspira a salvar.
Passados mais 40 anos, as coisas mudaram. Voar já não é novidade. A tecnologia e os efeitos especiais e visuais evoluíram a tal ponto que é como se não existisse mais um limite do impossível para o que se pode fazer em uma tela de cinema. Inclusive, nela, já é rotineiro ver pessoas de capa voando pra lá e pra cá. Mas apesar de vivermos em uma época de personagens heroicos, nosso romantismo acerca deles diminuiu. Resultado de uma saturação do chamado gênero de super-heróis, uns bons anos de estratégia comercial agressiva e construções de universos cinematográficos robustos em transmídia e algoritmos.
E para o Superman em si também são tempos estranhos. O personagem acabou perdendo espaço no imaginário popular pra outras figuras que acabaram conversando melhor com diferentes gerações. Mesmo que seu símbolo ainda seja gigante, mesmo tendo um novo olhar que moderniza e traz outras discussões pra mesa, com uma imagem renovada pra toda uma nova juventude, como fazer este personagem se conectar verdadeiramente com nossos tempos com mesma a relevância que já teve um dia?
Hoje, é possível que o ideal do Superman voe novamente na mente das pessoas? Como as pessoas podem acreditar em algo que tem como pilares truth, justice and the american way quando vivemos em um tempo de fake news, injustiças e desigualdades e luta constante contra o nacionalismo, imperialismo e autoritarismo – que partem das grandes potências mundiais e, entre elas, claro, os Estados Unidos. A imagem (injusta) de escoteiro que se cristalizou em volta do personagem afasta quem acredita que para salvar este mundo a beira do colapso é preciso ser mais radical, enérgico, rebelde… talvez punk rock?
Com todo um novo universo se formando, Superman pousa na mão de James Gunn, o cara que se provou possivelmente como o criativo que melhor entende o funcionamento dos gibis – e como eles podem migrar para o audiovisual. Mas Gunn nunca tinha sido desafiado a trabalhar com um personagem conhecido e com elementos já tão estabelecidos com o público. Imagine então assumir essa responsabilidade tendo o maior deles em mãos e tendo como missão dar o passo mais importante e cheio de expectativas para todo o futuro de um estúdio inteiro.
É nesse contexto que Superman estreia nos cinemas. Em uma Metrópolis moderna e ensolarada, acompanhamos um Kal-El/Clark Kent (David Corenswet) novato em seu ofício como protetor. Diante de um conflito diplomático e de um nível de ameaça que nunca enfrentou, caberá ao herói entender seu lugar no mundo e o que, de fato, representa o símbolo que traz no peito. Acima de tudo, o filme cumpre seu objetivo principal: realizar o resgate da visão de um Superman clássico, positivista e humano, saindo dos tons mitológicos, messiânicos e sombrios do indicado por Zack Snyder. Porém, a maior virtude da nova versão não está na sua estratégia de mercado, mas em sua visão artística. Gunn propõe um resgate da própria adaptação da banda desenhada em si.
Pense nas produções do gênero de super-heróis dos últimos 10 anos. Veja como elas acabaram se retroalimentando, se inspirando. Com a grande demanda que surgiu pra filmes desse tipo, o material de origem que eram os quadrinhos acabou ficando em segundo plano. Eles eram usados como fonte de conteúdo, enquanto o principal referencial para a produção audiovisual acabou se tornando o próprio audiovisual. Então você tinha um filme sombrio e realista, logo, vários outros o usavam como referência. Você tinha um projeto que explorava mais cores, leveza e lógica de conexões… outros surgiram também. De repente, uma produção que buscava mais maturidade e elementos mais adultos – e uma sequência de filmes que buscavam se afastar do que se tinha construído pra abordagens +18.
O sentimento de saturação do público não é apenas um sentimento, é real. As obras de super-heróis, feitas em ritmo fabril, acabaram passando por uma iteração. Se voltavam a si mesmas, muitas vezes eram feitas em resposta a si mesmas, pra se conectar consigo mesmas. E não há grande problema nisso, ainda tivemos grandes obras que conquistaram seu espaço – se não no hall do cinema, pelo menos no coração do público. O grande ponto aqui é que as adaptações de quadrinhos se contentaram em ter temas e conteúdos vindos dos quadrinhos, apenas a propriedade intelectual dos amados gibizinhos, mas acabaram se afastando deles no que se tange a LINGUAGEM dos quadrinhos. Dick Tracy, Sin City, Aranhaverso, Scott Pilgrim… esses são alguns exemplos de filmes que se voltaram pras comics pra tirar elementos e transpô-los pro audiovisual, entender o que poderia fazer parte da adaptação que também construísse lógica, visual e/ou narrativa que remetesse aos elementos que constituem a lógica da banda desenhada.
E James Gunn faz isso em Superman. Ele dá passos pra trás e volta seu olhar para as revistas em quadrinhos, pra fazer do filme uma oportunidade de comparar as linguagens e criar algo mais original que traga a essência do Último Filho de Krypton. E não só de seu cânone, mas da própria lógica de comunicação de se ter desenhos coloridos em páginas de papel. E com isso acerta e erra. Encontra novas possibilidades, também novos problemas. Mas mais importante: preserva um senso de autenticidade que traz frescor não só pro Superman, mas pro próprio universo que começa a construir e pro gênero de super-heróis como um todo.
Gunn busca causar em nós o sentimento da lida descontraída que tínhamos ao abrir gibis na infância. Quando pegávamos de forma avulsa em uma banca ou sebo qualquer edição aleatória do nosso personagem favorito – ou alguma que tivesse chamado nossa atenção porque a capa era colorida e chamativa demais. Sua construção nos joga em um universo muito próprio e desconectado de nossa realidade, que tem suas próprias regras e lógicas. Não nos explica, só nos dá a oportunidade de entrar nessa brincadeira. E, com isso, investe em todo o absurdo, extravagância, breguice e bobajada que é muito próprio do quadrinesco.
E não é assim que sempre funcionou no mundo das histórias vindas dos quadrinhos? Quando pegamos um número perdido também precisamos pegar as coisas andando, muitas vezes somos apresentados a conceitos que não entendemos ou personagens que nunca ouvimos falar, além de referências obscuras que ganham notas de rodapé e que citam acontecimentos de décadas atrás – em uma época que nem tínhamos internet e se você não achasse uma edição física pra confirmar suas informações, já era. Se você chegasse da escola e perdesse o episódio do desenho que passa no horário do almoço, só assistindo amanhã. E se o programa de amanhã tivesse referências do que você não assistiu hoje, restava acompanhar a retrospectiva e tentar entender tudo que aconteceu.
James Gunn se lembra desse sentimento também. E, pra fazer uma história de origem que não siga a mesma fórmula já conhecida e esperada, investe em uma espécie de in medias res. O in media res é quando você constrói uma narrativa que se inicia durante os acontecimentos de sua história, não pelo começo. E Superman, estruturalmente falando, não é bem in media res porque o começo do filme é de fato o início da história que quer contar. Mas o longa é construído pra criar o sentimento de que você está pegando algo em andamento, ele te deixa intencionalmente perdido e não quer se explicar como universo, nem seus conceitos. Superman apenas quer que você aproveite a viagem e, antes de racionalizar e tentar compreender qualquer coisa, viva sua experiência.
Isso é essencial pra dar o tom do filme e para que James Gunn explore a fantasia que busca na Era de Prata do herói, jogando em tela o exagero e ingenuidade típico da ficção científica e abordagem cósmico-espacial características desta fase. E tudo o que busca se traduz de forma visual, conceitual e temática. E vamos falar a seguir como elas funcionam ou não dentro do filme, mas é importante que se destaque: a pesquisa, por si só, já torna Superman um projeto muito mais interessante de se acompanhar. Assim como obras como Batman Vs Superman, Coringa e Logan, pode até gerar controvérsia, desilusão e quebra de expectativas, mas já tem que ter seu valor reconhecido apenas por tirar o público de um lugar de indiferença.
Entrando mais no roteiro de Superman. O filme acerta ao equilibrar o descompromisso e leveza com seus conceitos junto de uma história que inicialmente é simples, mas que evolui pra discussões éticas e morais. A grande questão é a crise de identidade de Kal-El/Clark Kent, que tenta se entender como terráqueo ou kriptoniano. O sentimento de não-pertencimento já é algo que constrói uma ponte com o espectador, mas o longa também aproveita a oportunidade pra discutir pautas sociais e dilemas existencialistas. Pautas como imigração, guerra de narrativas e a violação da soberania de países tornam o filme atual, político e progressista. Um aceno para a Era de Bronze do Superman, que discutia seu papel para além dos conflitos que podiam ser resolvidos na base do soco, que questionavam sua influência no mundo, sua função diplomática. Também refletia a busca por um herói mais acessível, mais próximo da vida cotidiana humana.
Isto tudo também está aqui na produção de 2025! Temos uma figura mais homem que super, falha e em constante construção. Clark não tem as respostas pro mundo, nem pra geopolítica, nem mesmo pro seu relacionamento. Sequer consegue controlar um cachorro desobediente. E isso é bom não só porque é o Superman que os fãs da DC sentiam falta no cinema, mas porque é o mais interessante para uma obra de cinema. Um protagonista conflituoso, com complexidades e nuances para se desenvolver, mas que não deixa de ser relacionável.
A escolha de bancar a liberdade narrativa dos quadrinhos traz ganhos, mas também enfraquece a própria história do filme. Gunn precisaria escolher onde usá-la e identificar onde seria necessário fornecer uma base mais sólida pro público poder embarcar junto. O problema é que o diretor não consegue controlar a escala do que é feito, se perdendo na dimensão de acontecimentos e em meio a subtramas que não acrescentam pro filme, fragilizam o storytelling e distanciam o espectador. Isso não é novidade. Basta ver seus trabalhos anteriores: sua potência sempre está no campo mais íntimo e emocional. Quando aumenta a escala, normalmente se perde – a trilogia Guardiões da Galáxia é um ótimo exemplo disso.
A atenção que dá pra alguns personagens secundários e como os torna relevantes pro andamento da trama NÃO COLABORA pro filme. Aqui até pode existir a vontade de retomar o olhar sobre a linguagem dos quadrinhos, que também possuem páginas e plots inteiros dedicados a figuras de menor importância e que também estão cheios de soluções fáceis e cômicas… Mas caberia fazer o juízo de valor sobre as próprias escolhas e o entendimento de que as linguagens são diferentes entre si e nem tudo pode entrar na conta – ou se pode, talvez não tudo de uma vez. E, ainda que realize a escolha de não explicar o universo que está construindo ao pé do ouvido do espectador, em diversos outros momentos acaba sendo expositivo de forma desnecessária – como quando personagens precisam pontuar seus pensamentos ou sentimentos, em vez de mostrá-los.
O problema geral, mesmo, é o excesso. Tanto que, no 3º ato, existem bons caminhos indicados para um grande clímax. Porém, todos são usados juntos! Dispersam nossa atenção, soam forçados e não criam a sensação de urgência pretendida. São nos momentos menores, nas trocas, onde encontramos o melhor deste novo Superman.
E narrativa e roteiro não são os únicos elementos que James Gunn manipula para realizar o resgate da linguagem dos quadrinhos para seu longa. Filmado todo em IMAX, a câmera do diretor busca criar momentos gigantescos para tornar a vida do novo Superman em um épico aventuresco. Diferente do que normalmente se busca ao rodar um filme neste formato, Superman não possui ação muito frenética. O interesse no IMAX é potencializar efeitos e momentos específicos.
Alguns planos aproveitam a razão de aspecto colossal e recriam a sensação das splash page duplas – aquelas imagens que cobrem 2 páginas inteiras de uma revista em quadrinhos. Também colaboram com a construção das sequências de voo. Agora, o desafio é lidar com o sucesso de seus antecessores e lidar com a pressão de entregar algo à altura (literalmente). Gunn explora diferentes formas de registro desse voo, dando ênfase para a sensação de se estar no ar. Por vezes com uma câmera mais estável e fluída, em outras usando uma grande angular e buscando uma leve sensação de “olho de peixe” (como vemos em uma Go Pro, por exemplo). Em outros momentos, planos plongee (de cima pra baixo) que acentuam e reforçam a distância até o solo, como em uma experiência de paraquedismo. Tudo isto torna o voo no longa mais vivo, próximo e crível.
Em Superman também podemos encontrar match cuts. O match cut é uma transição entre planos que os conectam por movimento ou tema. Isto também acaba replicando as conexões de quadro a quadro que costumamos ver nos quadrinhos. A montagem também é responsável por navegar com facilidade entre os diferentes núcleos que vão se abrindo no filme, um trabalho bem realizado e que acaba impedindo que as escolhas do roteiro – em especial no 3º ato – fragilizem ainda mais a obra.
Gunn consegue encontrar o equilíbrio entre o que foi próprio da Marvel e da DC durante suas fases no cinema. A fotografia de Henry Braham (Guardiões da Galáxia 3, The Flash, O Esquadrão Suicida) traz o colorido, mas se aprofunda em tons vibrantes, vivos e chamativos. Explora a luminosidade e o neon. Mesmo sendo um filme do Superman, azul e vermelho não detém toda atenção em sua paleta, que dá muito destaque pro amarelo. Isto ajuda a reduzir a associação do herói com a bandeira dos Estados Unidos, já que este filme será crítico ao governo estadunidense, e reforça seu apelo como símbolo global. O amarelado, que surge principalmente na luz do sol, dá um clima apaixonado e clássico – tudo que se busca pra esta versão do Homem de Aço.
Design de Produção, Direção de arte, Cenografia e Figurino também somam a estas ideias. Tudo que é construído tende a leveza, ao arredondamento (até mesmo nas armaduras dos capangas de Luthor e no design do kaiju que ataca Metrópolis). Cria-se uma estética que remete ao infantil, ao ingênuo, mas que nunca cai nesse lugar pois tem o contraponto de camadas mais tensas e maduras. Vez ou outra, temos um acontecimento ou escolha que deixa o espectador entender que o filme lida com consequências e possua densidade.
A trilha sonora imortalizada por John Williams em 78 e que se incorporou na identidade do Super-Homem também, inevitavelmente, é usada como referência pra parte musical do novo filme. David Fleming e John Murphy trazem o tradicional da orquestra com uma investida moderna, usando de guitarras, sintetizadores e mixagem mais despojada. Isso une as ideias do personagem como um clássico atemporal, mas jovem e ainda relevante. Também retoma o ar aspiracional presente antes, mas o carrega de energia e liberdade, até mesmo uma certa “rebeldia” – o que conversa e muito com uma das discussões principais do filme.
A escalação do trio principal é certeira. Corenswet é uma excelente escolha. Ele traz tudo que precisamos pro personagem, visualmente e emocionalmente. Seu Superman é crível, bem humorado, alguém que passa confiança. Rachel Brosnahan (Marvelous Ms Maisel) finalmente tem seu merecido holofote em uma superprodução. A atriz sempre teve um trabalho primoroso. Aqui, entrega talvez a versão mais carismática e interessante de Lois Lane. É muito bom ver o lado jornalístico da personagem ser explorado, assim como sua inteligência e ambição.
Mas, sem dúvidas, a grande sensação é a versão de Nicholas Hoult (Jurado Nº 2, Nosferatu) para Lex Luthor. Sua construção é como uma amálgama das versões anteriores em live-action, com um toque a mais de tudo já visto nas páginas dos quadrinhos. O ator parece ter sido quem melhor entendeu a proposta do filme, brincando com as nuances de Luthor na beira do exagero, sem nunca cair no excesso. Este Luthor é vilanesco, provoca da ameaça ao riso. Você sente o ódio e a inveja que sente pelo Azulão e, apesar de caricato, ainda é perfeitamente real e poderia ser confundido com qualquer bilionário narcisista de nossos tempos. É divertido assistir Hoult em cena, assim como a dinâmica de “força x inteligência” que se cria ao longo do filme inteiro e que o coloca no lugar de enxadrista desde sua primeira aparição no filme.
Como é de se esperar, Gunn consegue explorar muito bem os personagens desconhecidos ou de menor expressão na trama. Outros heróis e vilões que surgem no filme tem seu momento de brilho, mas Kripto e Senhor Incrível que roubam a cena. Enquanto o cachorrinho agrada por agir como um animal de verdade, menos humanizado, cheio de energia e vitalidade típicos de um filhote, Edi Gathegi (For All Mankind, StartUp) aposta em uma atuação contida. Seu Senhor Incrivel não deixa de ser magnético, tendo até mesmo a sequência de ação mais divertida e bem realizada dentro do filme.
Já outros personagens, a maioria deles nos núcleos humanos da trama, acabam perdendo sentido. O maior desperdício é o do Planeta Diário. Além de ter personagens sem função ou usados como alívio cômico que não funciona, sua jornada ao longo do filme se torna enfadonha. Pelo menos, ainda existe um apontamento interessante que homenageia o jornalismo. Assim como Superman busca retomar a esperança sobre nossas boas ações e como podemos impactar positivamente o mundo, também existe a celebração do jornalismo como ferramenta primordial para um mundo mais justo. Porque é importante lembrar: o herói mais poderoso da Terra escolheu ser repórter também por algum motivo.
Enfim…
Superman é o retorno brilhante e solar do Maior Herói de Todos os Tempos para os cinemas. Passo mais importante pra construção do novo universo DC, filme acerta ao explorar com mais atenção a linguagem dos quadrinhos para construir uma narrativa revigorante e que entrega algo diferente ao público. James Gunn constrói uma fantasia sci-fi exagerada e absurda, que dá vida aos principais conceitos da Era de Prata e Bronze dos quadrinhos. Tem seus acertos e erros, principalmente quando aumenta a escala do que quer contar. No campo mais íntimo é onde encontramos a humanidade e preciosidade dos personagens.
Antes, o desafio era provar que um homem podia voar. Agora, com a tecnologia e possibilidade que o cinema moderno traz, o desafio era outro. Em um mundo cada vez mais doente e desesperançoso, era preciso provar para o público que um homem podia ser rebelde. Acreditar nas pessoas, fazer o certo, se preocupar com outras vidas. O novo Superman mostra sua essência, a mesma essência que 2 garotos judeus em Cleveland tinham em um Estados Unidos pré-guerra quando decidiram criá-lo, lá em 1938.
Era preciso provar também que a criatividade e inventividade dos quadrinhos ainda funciona nos tempos atuais. Que ainda conseguimos entrar na brincadeira do imaginar. O voo, antes, era físico. Agora, ele é mais simbólico. Superman de 2025 prova que nós, humanos, nunca deixamos de voar. Só precisamos reencontrar a esperança nos símbolos que nos acompanham e em nossa mais bela e imperfeita humanidade.
NOTA: 7/10