A informação surgiu como um rumor há algum tempo, mas hoje a DC Entertainment confirmou: o selo Vertigo chegou ao fim. É claro que a notícia traz um peso muito grande, mesmo que a Vertigo tenha perdido seu destaque nos últimos anos, o selo de quadrinhos adultos da DC sempre foi importante e um elemento icônico na indústria das HQs.
A trajetória da Vertigo começou em janeiro de 1993 quando o seu inconfundível logotipo saiu nas capas de várias revistas como Animal-Man 57, Doom Patrol 64, Hellblazer 63, Swamp Thing 129 e Sandman 47. O que essas publicações tinham em comum para ganharem o selo? Tais obras apresentavam uma abordagem de temas mais maduros e estavam voltadas para o público adulto.
Essa proposta diferenciada de abordagem teve grande sucesso pelas mãos de Karen Berger, a editora que é a alma do selo. Foi ela quem, ainda nos anos 80, trouxe vários autores ingleses para a indústria americana de quadrinhos. Berger foi responsável por abordar Alan Moore que teve uma longa fase na revista do Monstro do Pântano. Posteriormente, outros grandes autores embarcaram no selo: Neil Gaiman, Grant Morrison, Garth Ennis, por exemplo. A esses autores, outros se juntaram nos anos que vieram dando a Vertigo características únicas: obras densas, maduras e com forte apelo literário.
Deste então, ao lado de Monstro do Pântano, Hellblazer e Sandman, outras obras se tornaram grandes clássicos dos quadrinhos e publicados com o selo Vertigo: V de Vingança, Preacher, Fábulas, Y – O Último Homem, Vampiro Americano, 100 Balas, O Inescrito, só para citar alguns.
Vários títulos ganharam adaptações para o cinema e para a TV, alguns com sucesso de público e crítica: Constantine, V de Vingança, Os Perdedores foram para o cinema; Preacher, Lúcifer, iZombie ganharam versões para a TV. Mais recentemente, Patrulha do Destino e Monstro do Pântano viraram séries na DC Universe, plataforma de streaming, e já foi divulgado o trailer de Rainhas do Crime, filme que adapta o título The Kitchen publicada pela Vertigo e ainda inédito no Brasil.
Em 2012, Karen Berger anunciou sua saída da Vertigo:
“Estou extremamente orgulhosa por ter fornecido uma casa para escritores e artistas poderem criar histórias modernas e provocativas, que ampliaram os horizontes dos quadrinhos e atraíram novos e diversos leitores para essa mídia. Quero agradecer imensamente aos talentosos criadores que ajudaram a fazer da Vertigo um selo único e diferente e sou agradecida a todos da DC Entertainment e à comunidade de lojistas por nos apoiarem todos esses anos”.
Era o momento em que personagens como o Monstro do Pântano e John Constantine foram reinseridos no universo de super-heróis da DC.
Nos últimos anos, o selo perdeu seu destaque dentro do mercado de quadrinhos dos Estados Unidos. Ano passado, na comemoração dos seus 25 anos, o selo ganho um logotipo novo (reinserindo “DC”) e novos títulos foram anunciados. Porém foi o seu suspiro final.
O fim da Vertigo não significa que a DC irá abandonar seu trabalho com obras voltadas ao público adulto. A notícia do fim do selo, divulgado no dia de hoje, informou também sobre a restruturação que a empresa passará: a partir de 2020, a DC segmentará suas publicações em faixas etárias com a DC Kids, DC e DC Black Label.
“O que nós fizemos aqui foi aplicar uma filosofia de idade e estágios que fortalecerão o que nós já estamos fazendo bem, seja nossa mudança para o público de jovens adultos e do ensino médio, ou nosso longo histórico de sucesso com o direcionamento de criadores linhas pop-up”, comentou o editor e chefe criativo da DC Jim Lee.
Em seus 26 anos de existência, a Vertigo deixa um legado icônico. Sua importância reside em elevar o nível das histórias em quadrinhos a patamares que atá então não cabia as HQs. Seu escopo literário e sua abordagem adulta consagraram autores e fizeram leitores se inspirarem e viajarem por mundos fantásticos.