Talvez a palavra para definir esse primeiro arco de Trindade seja recomeço. Nesse renascimento do Universo DC, uma das bases que ficou comprometida foi a Trindade, afinal já existia uma nos Novos 52, que foi subitamente interrompida com a morte do Superman. Mas tão logo ele morreu, outro surgiu com os mesmos aspectos de liderança e poderes. Mas como Batman e Mulher-Maravilha poderiam confiar nesse herói que diz ter vindo de um universo já morto dizendo que está ali para ajudar?
Ao longo do Renascimento já vimos Superman, Batman e Mulher Maravilha atuarem juntos na Liga da Justiça ou em aventuras em seus gibis solo, mas não vimos ainda como os três deixam a desconfiança de lado em prol de se integrarem e assumirem as posições que lhes são dignas no panteão dos heróis. É isso que esse encadernado começa a mostrar. E quem mais poderia ser a agente dessa união se não a maior repórter do mundo? Sim, tudo começa com um convite de Lois Lane á Bruce Wayne e Diana Prince para um jantar na fazenda dos Kent no Condado de Hamilton, sem que Clark saiba.
Os dois aceitam, mas Bruce Wayne sempre cético mantém seus dois pés atrás. Afinal, ali está o ser mais poderoso do planeta e ele não sabe nada sobre seu passado além do que lhe foi revelado pelo próprio novo-velho Clark Kent. O jantar vai aos poucos desarmando a Trindade, trazendo um pouco de frescor ao clima tenso. Diana faz questão de dizer a Lois que o seu amor pelo Superman estava destinado a outra pessoa que não mais ali estava, e diz que deseja ser amiga da repórter, ao que é prontamente retribuída. Bruce e Clark se juntam a Diana para conversar reservadamente no lado de fora da fazenda, mas uma voz chama os três para o celeiro dos Kent. Algo ali vai acontecer e mudar a forma como a Trindade se vê e se reconhece.
Trindade nos trás aquela sensação de quando íamos para uma escola nova onde todo mundo se conhecia e éramos completos estranhos tentando se enturmar. É um gibi sobre como o poder da amizade pode superar até mesmo um vilão poderoso quando a confiança no que podemos fazer juntos prevalece. A belíssima arte de Francis Manapul (cuja passagem no gibi do Flash no começo dos Novos 52 é memorável) faz esse sentimento ser elevado ao máximo, principalmente nas representações dos desejos dos heróis. Ali, podemos sentir com cores e traços o que cada um deles está vivendo e revivendo. O roteiro, que também é de Manapul, faz a história fluir e quando percebe o gibi já terminou e você só quer pedir para ver mais um pouquinho de tudo aquilo. Pode não ser o melhor gibis dos três heróis juntos, mas com certeza é um dos mais bonitos.
Trindade reúne as edições 1 a 6 da revista Trinity, em 140 páginas com capa cartão e lombada quadrada, custando R$ 21,90.