Superman é um herói que possui diversas histórias clássicas, tanto em seu universo cânon quanto em Elseworlds. Dentre elas, algumas se destacam como ‘O Reino do Amanhã‘, que foi a inspiração para muitas outras histórias de heróis, e ‘Superman: Entre a Foice e o Martelo’, que recentemente foi lançada como parte do universo de animações da DC.
A direção de Sam Liu, responsável por boa parte das animações mais recentes, joga seguro mantendo os traços que se tornaram a característica marcante deste universo, e procura adaptar em uma hora e vinte e cinco minutos todos os eventos que tornam a história escrita por Mark Millar conhecida pelos temas ideológicos que aborda. Talvez este tenha sido o equívoco do diretor..
A animação não consegue atingir a mesma intensidade que vemos na HQ, toda aquele viés ideológico que por trás das figuras como o Superman e Lex Luthor, são resumidas a meros estereótipos e frases de efeito que empobrecem a história em seu significado.
Um fator que pode explicar esta falta de intensidade foi resumir as participações de personagens, como a versão anarquista do Batman, o exército de Lanternas Verdes e até mesmo a própria Mulher-Maravilha, em apenas personagens pequenos na trama, sendo que seriam imprescindíveis um maior envolvimento para que o espectador pudesse compreender a tensão ao redor do reinado pelo Camarada de Aço.
Visualmente a animação chama atenção com cenas bem trabalhadas, destacando o início aonde conhecemos a origem do Superman. As cenas de luta e a caracterização dos personagens segue os traços que somos acostumados a ver em animações passadas da DC.
A história conta a trajetória deste Superman, desde a sua ascensão como um garoto comum ao descobrir seus poderes, para um herói visto como a grande ameaça para a nação e ideologia americana e, posteriormente, um ditador da União Soviética, que passa superficialmente por fatos que reforçariam a convicção do herói nos ideias aos quais ele seguiria tradicionalmente.
Alguns outros personagens que trariam um novo charme para a trama são apenas “colocados”, sem explorar de fato suas motivações, tornando a ambientação enfraquecida, talvez pela necessidade de se contar muitas coisas em um espaço de tempo não muito curto. Isso forçou o roteirista a escolher com mais cuidado o que deveria ser explorado ou não sem descaracterizar a narrativa. Entretanto, estes elementos tornam a história sem a mesma força que a sua versão em quadrinhos possui.
Por fim, a mudança no desfecho é um tanto frustrante pois tudo é simplesmente simplificado para a vitória de um lado sobre o outro, evitando assim criar alguma polêmica sobre a animação que aborda temas muito sensíveis da atualidade. Superman Red Son é uma animação interessante como um Elseworld de um universo compartilhado, mas deixa um sabor amargo ao apresentar uma das histórias mais famosas do Superman sem todo o peso que lhe é merecido.
Nota: Mediano – 30/52