Quando falamos do Superman logo vem uma imagem imponente, um cara super musculoso, capaz de grandes feitos, salvar o mundo. Mas a capa que ilustra a primeira edição, assim como da edição definitiva de Superman Grandes Astros, mostra esse mesmo personagem numa posição vulnerável, mesmo que nas nuvens tem um ar mais humano e contemplativo. Afinal, as próximas paginas mostrarão os feitos de um Superman que sabe que tem seus dias contados.
A história de Grant Morrison é madura, e traz reflexões sobre vida e morte, além de passear por toda ou quase toda a trajetória do nosso herói. Começa mostrando sua origem de forma breve, de um planeta condenado aos braços de uma família amorosa do Kansas, para um herói salvando uma equipe de pesquisadores que estão muitos próximos ao sol. Tudo se complica quando seu antagonista tem planos diferentes para essa missão. Lex Luthor criou uma armadilha, seu golpe final antes de seu julgamento por crimes contra a humanidade. E tem sucesso. Após anos observando aquele que via como seu inimigo, Lex descobriu como matar-lo, sem krypitonita, usando o que é até irônico, o sol amarelo, responsável pelos super poderes do kryptoniano.
Os poderes do Superman triplicaram e novas habilidades surgiram, porém seu corpo não suportou a exposição massiva ao sol que sofreu salvando a tripulação da Ray Bradbury, e agora está com seus dias contados. E começa sua jornada de “coisas a resolver”. Durante os capítulos vemos todo o empenho empregado para deixar um mundo melhor. Não com músculos, mas com um legado.
Para quem não conhece o personagem a fundo, é uma história interessante para ver a diversidade de personagens e universos e que o envolvem, mas o que realmente merece destaque é como o intelecto fica em destaque, não temos aqui aquela frase, “eu poderia desviar a Terra” sem pensar nas implicações que isso traria para a vida na Terra que vimos na animação Liga da Justiça: A Legião do Mal, temos além de um super-homem um super-cientista, capaz de grandes coisas, como o criar soro que dá poderes iguais aos seus para Lois, e resulta em momentos bem divertidos entre os dois personagens e os poderosos Sansão e Atlas.
Extremamente rica e cheia de detalhes, a narrativa mostra momentos do passado de Clark em Smallville, invasão kryptoniana, planeta Bizarro, e em todos os momentos vemos a grandiosidade e a humanidade do Superman, e principalmente o seu cuidado com todas as criaturas. Como se não houvesse nada ou ninguém que não merecesse ser salvo ou amado, ou não merecesse o Superman, mesmo que não precisem dos seus super poderes.
Devemos dar destaque ao trabalho de ilustração de Frank Quitely, que além de conseguir passar um olhar melancólico para o herói deixou clara a diferença entre Clark Kent e Superman. Podemos ver que não é apenas óculos que fazem a diferença e sim um conjunto de fatores e comportamentos.
É interessante notar similaridades nas ilustrações e imagens religiosas e mitológicas, como Jesus Cristo e Prometeu. Talvez seja um paralelo entre o papel que é assumido nessa história, um salvador, alguém que se sacrifica, que se doa em pró da humanidade.
É uma obra maravilhosa em todos os aspectos e nos dá uma visão diferente do Homem de Aço, não é atoa que ganhou o prêmio Eisner em 2007.
O desfecho tem uma luta final épica, momentos tocantes e Luthor percebendo como é ser O Superman em toda sua grandeza, como ele enxerga o mundo em seus mínimos detalhes. Um sacrifício final é feito. Uma jura de amor é trocada. Hoje se o sol brilha é porque o Superman está lá.