Quando o assunto é crossover entre séries, só há uma certeza: O Arrowverse sabe como fazer. Sabe mesmo???
Quando me preparei para assistir os 3 episódios de Elsewords, sentei no sofá com uma grande expectativa em mente, afinal a lembrança que tinha era a do último crossover “Crise na Terra X“, que por mais que houvessem falhas naquela trama, apresentava momentos saudosistas e uma boa narrativa aos fãs. Não acompanho as séries da The CW porque o vilão da semana e a quantidade de romances acabaram por me afastar delas, percebendo que a trama do herói e sua jornada haviam sido diluídas em questões que não necessariamente importassem para a construção de uma boa trama. Talvez o motivo seja a ideia de atingir um público mais jovem, mais adolescente, mais “Malhação”, e, com toda a certeza, sem tirar os méritos da The CW em manter esse posicionamento, afinal a DC precisa estar presente em todos esses mercados.
Entretanto, os crossovers das séries eu sempre acompanho. Vejo como uma oportunidade importante para todos os fãs perceberem a interação daqueles personagens em um live-action. Elseworlds leva o nome de um selo dos quadrinhos que propõe explorar realidades alternativas e que não fazem parte de uma linha cronológica mestra. Vejo que essa possibilidade de desenvolvimento para as séries, aconteceu no momento certo. Uma assertiva escolha de adaptação, que propõe aos fãs segmentados em apenas uma mídia, a possibilidade de adentrar a outras portas, como nesse caso a dos quadrinhos.
Por não acompanhar as séries da The CW, me surpreendeu a evolução como ator do Stephen Amell. Talvez pela necessidade de sair de sua zona de conforto, o desafio em ser o Flash tenha dado a ele um leque de possibilidades para desenvolver outras potencialidades que não eram exploradas ao ser o Arqueiro Verde. O mesmo vale para Grunt Gustin, em especial nas cenas em que assume a personalidade do Arqueiro, como ao dar a flechada certeira no robô Amazo.
Outro ponto que Elseworlds se destaca é exatamente o fan service. Na cena em que apresenta o Superman na fazenda dos Kent, começa a tocar justamente a trilha da série Smalville. Isso para qualquer fã é algo que marca e deixa perceptível que a proposta de resgatar a essência do personagem e de sua narrativa funciona. Isso vale também ao analisar o cenário de Gotham e a inserção de Batwoman na trama. Ruby Rose propõe a personagem uma abordagem que até mesmo o maior fã de quadrinhos do mundo poderia estranhar. Mais franzina, uma mulher com “menos corpo” que as páginas dos quadrinhos ofereciam e também repleta de tatuagens. É um posicionamento importante da série essa abordagem para a Batwoman, afinal a sexualização de inúmeras personagens femininas nas páginas das HQ’s tem sido um assunto polêmico nos últimos tempos.
Mas afinal, o que tem de errado com Elseworlds? A trama. Monitor é como se fosse o “Mestre dos Magos” para um vilão completamente fraco. Não há uma motivação clara para o doutor do mal estar sempre com o livro que altera a realidade em mãos. Não há um equilíbrio na construção dos heróis e vilão e com isso, a produção tem uma trama rasa que por hora não se resolve e ainda confunde quem está assistindo.
Elseworlds torna-se ainda mais decepcionante quando recordamos de “Crise na Terra X”. Talvez a ausência dos personagens de Legends of Tomorrow tenha prejudicado o enriquecimento da narrativa. O elenco de apoio das séries individuais não compromete em nenhum ponto, tendo como destaque a participação do Superman. Claro que como uma figura imponente e carismática comparada ao Superman de Henry Cavill, ele ainda está um pouco distante, mas dentro de Elseworlds, o personagem consegue construir dentro da trama uma relação importante com os demais personagens.
No final do último episódio de Elseworlds, o crossover Crise nas Infinitas Terras é anunciado e o que fica é essa expectativa de um crossover melhor do que o anterior nas séries do Arrowverso.