A estreia de um live action de Liga da Justiça era o momento mais esperado por todos os DCnautas da face da terra. O 5° filme do Universo Cinematográfico da DC é a consolidação de um novo paradigma sobre produções que envolvam a temática de super-heróis. Liga da Justiça está longe de ser um épico dos cinemas, mas apresenta uma nova proposta de abordagem sobre os heróis da DC Comics. Com a chegada de Joss Whedon na produção, o conceito criativo do DCEU parece apresentar um tom de “reformulação”.
O filme inicia com um vídeo gravado de celular mostrando o Superman em um ato heróico. Esse vídeo não funcionou. Ele é desnecessário para a trama. Serviu apenas para assustar os fãs logo de cara com um CGI extremamente mal desenvolvido para cobrir o bigode do Superman. Essa foi uma das cenas gravadas após a finalização da produção, e Henry Cavill não poderia tirar o bigode, pois já estava gravando Missão Impossível.
Confesso que o susto foi grande e na minha cabeça pensei “Puta que pariu o que está acontecendo com o DCEU?”. Precisava retomar a confiança do filme nas próximas cenas. E ela veio (de forma demorada, mas sim, chegou). Diferente de muitos outros filmes, o Batman não parece mais ser um personagem que, apenas por sua presença na produção, pode “sustentar” filmes fracos. A grande sacada de Liga da Justiça é apresentar heróis com poderes de deuses, mas, que acima de tudo, estão inseridos em um contexto humano. Um Barry Allen com problemas por seu pai estar preso, um Aquaman preocupado com a alimentação de uma pequena ilha, um Cyborg atormentado por uma forte crise de existência e com relações não tão amigáveis com seu pai, uma Mulher-Maravilha ainda ferida pela perda de Steve Trevor. É um filme de super heróis que possuem problemas extremamente terrenos.
As cenas de combate em alguns momentos deixam a desejar por uma falta maior de interações entre os personagens. O vilão, Lobo da Estepe, é extremamente fraco. Suas motivações não parecem tão claras. Em algum momento ele chega a citar Darkseid, mas nada mais é dito. De vilões fracos em filmes de super-heróis o mundo está cheio, e a DC, mais uma vez (como também em Esquadrão Suicida), deixa a desejar nesse ponto.
Para uma produção de 300 milhões, o filme deixou a desejar em vários aspectos. O que se destaca de mais importante, e é a cereja de todo esse bolo, é a presença e construção desses personagens. A nova abordagem do Superman é o mais próximo que temos dos quadrinhos, principalmente por sua presença na batalha final. O herói carrega o 3° ato do filme praticamente sozinho.
Jason Momoa como Aquaman, mesmo com todo aquele jeito durão de ser, te faz rir (e muito) quando resolve falar umas “verdades”. As cenas do Flash são cômicas na medida certa. Nada a mais e nada a menos. O Cyborg de Ray Fischer é uma grata surpresa do filme. Para um ator que vem do teatro, o nível de adaptação para as câmeras requer muito cuidado, principalmente na presença de corpo em cena. Ele executa com maestria, e confesso que fico torcendo por um filme solo desse personagem.
Em suma, Liga da Justiça é envolvente, divertido e essencialmente humano. Apresenta muito bem as facetas dos “heróis-deuses” na Terra. Por outro lado, a produção peca (e muito) em questões fundamentais de pós produção. Resta a nós, fãs, aguardar uma sequência melhor finalizada da produção.