Batman: A Alma do Dragão, dirigida por Sam Liu, é a animação mais recente da DC / Warner – e uma das mais diferentes. Apesar do Batman ser o seu personagem mais utilizado em todas as mídias, este longa consegue se diferenciar dos demais em vários aspectos, à começar pelo conceito do filme: O mesmo funciona como uma homenagem aos filmes de artes marciais dos anos 70 (onde brilhavam Bruce Lee, Steve McQueen, Gordon Liu, entre outros), além de ser uma adaptação de vários personagens e conceitos criados por Denny O’Neil.
Trama
Numa pegada totalmente ‘Batman Begins’, Bruce Wayne está em seus primeiros anos de treinamento quando viaja à Nanda Parbat, um monastério na região do Himalaia, já conhecido pelos fãs da DC. Lá, ele conhece seu mestre, O-Sensei (que seria o Ra’s Al Ghul de Begins), e cinco outros estudantes que viriam a se tornar seus colegas: Lady Shiva, Richard Dragon, Jade Nguyen (Lince), Benjamin Turner (Tigre de Bronze) e Rip Jagger (Mestre Judoca). Após segredos de O-Sensei e do monastério serem revelados, temos traições e confrontos.
Anos depois, Richard Dragon descobre que o milionário Jeffrey Burr – líder do culto Kobra – está tramando algo com seus seguidores, e que isso está conectado ao passado de todos em Nanda Parbat.
Review
Com um traço que lembra uma mistura das últimas animações (Liga da Justiça Sombria, Batman: Silêncio) com os antigos desenhos de Bruce Timm (Batman do Futuro, Liga da Justiça Sem Limites, etc), temos uma animação bem diferente das demais (só perdendo, com folga, para Batman Ninja). O enredo é cativante e divertido, e apesar da típica limitação que a Warner se impõe em conter essas histórias em cerca de 1h10, todas as pontas são bem ligadas e o andamento da história e dos personagens são bem coerentes. Temos aqui vários flashbacks que estabelecem a dinâmica do grupo no passado, além das motivações de cada um.
Apesar de seguir um certo padrão das outras animações da DC e de Sam Liu (desde a construção rápida até o clímax grandioso), o filme guarda algumas boas surpresas. Em particular, agrada muito o certo protagonismo dado à Richard Dragon em vários pontos do filme, além do fato de que o personagem é dublado por Mark Dacascos (John Wick 3, Pacto dos Lobos), astro de ação dos anos 90, e na ativa até hoje. Lady Shiva também tem destaque, sendo ela uma personagem chave para receber o McGuffin da vez – A espada “Soul Breaker”, e Tigre de Bronze (dublado por Michael Jai White) também aparece bastante. Os antagonistas da Kobra são bem representados nas figuras de Jeffrey Burr e Schlangenfaust.
Quando citamos que o filme homenageia os anos 70, é porquê ele faz isso em vários aspectos. Além das músicas e do clima total de ‘Operação Dragão’, de Bruce Lee, a produção também trás alguns exageros propositais de outras produções da época, como a proporção de ataque coordenado mundial típico do James Bond de Sean Connery. E no quesito quadrinhos, a trama segue bem os citados quadrinhos de Denny O’Neil, também da década de 70. Foi nessa época ele criou Richard Dragon, Shiva e Tigre de Bronze, todos os personagens importantes que dividem o protagonismo com o Batman.
Veredito
Apesar da já citada correria típica das animações da DC, essa surge como um destaque positivo em meio às últimas. Talvez se o tempo de duração fosse levemente extendido, ou se o protagonismo caísse de vez no colo de Richard Dragon (o que permitiria um desenvolvimento melhor do mesmo), ela seria praticamente perfeita. Mas não dá pra culpar a Warner, todos sabem como o nome do Batman vende, mesmo que ele pareça deslocado onde está (vide Liga da Justiça Sombria, entre outros vários títulos).
Nota: 50/52