“Nem todos os heróis usam capa.”
Cara leitora e caro leitor, certamente você já viu esta frase em algum lugar, mas o que parece ser uma simples constatação pode suscitar um debate ainda mais profundo sobre o conceito de super-herói. Em um primeiro momento podemos dizer que sim, nem todos heróis usam capas, a Mulher-Maravilha não usa capa, nem o Flash, Mutano? Mulher-Gavião e Lanterna-Verde? Já dizia Edna de os Incríveis: “Nada de capas!”.
Então, já sabemos que não é necessário uma capa para ser um super-herói, ou no caso deste artigo, uma super-heroína. Mas afinal o que é preciso para ser uma super-heroína?
Academicamente, Peter Coogan (2006) diz que o gênero super-herói apareceu em Adventure Comics #247, lançada em abril de 1958, onde utiliza a Legião de Super-Heróis em seu nome e capa. Reparem que a história é um selo DC.
Super-herói, ou super-heroína trata-se de um personagem heroico, altruísta e que realiza missões a favor da sociedade. Ela, ou ele, possui poderes e habilidades extraordinárias, utiliza de uma tecnologia avançada e/ou é altamente desenvolvida fisicamente ou mentalmente, ou possui habilidades místicas. Além disso, uma super-heroína tem uma identidade secreta e um codinome de super-herói, ou seja, possui sua identidade comum e sua identidade de super-heroína.
Uma super-heroína na maioria das vezes pode ser definida por três características básicas: Missão, poderes e identidade. Porém, existem personagens que não possuem algum desses elementos e nem por isso são menos heroicos, o Batman, por exemplo, tem o poder do dinheiro e do preparo.
Não podemos dizer então que esta fórmula é unanime para a criação de um super-herói ou heroína, um exemplo disso é Renné Montoya, personagem central deste artigo.
Montoya nasceu e cresceu em um distrito da cidade de Gotham, chamado Burnley, perto da avenida Van Buren. Ela é a filha mais velha do casal Hernando e Louisa Montoya, imigrantes vindos República Dominicana.
A personagem fez sua primeira aparição na série animada do Batman, sendo uma oficial e parceira de Harvey Bullock. Com o passar do tempo, ela saiu do departamento policial e tornou-se alcoólatra, mas acabou mudando sua vida quando foi recrutada pelo Questão. Após a morte dele, ela assume sua identidade e passa a atuar como a vigilante Questão. Assim como ele, ela também utiliza uma máscara que esconde seu rosto.
Renne ainda é considerada um exemplo de representatividade, pois além de ser uma imigrante latina, ela é abertamente lésbica, estabelecendo até mesmo um romance com Kate Kane, a Batwoman.
Voltando ao tema inicial deste artigo, alguém precisa de poderes para se tornar uma super-heroína? Renne, tem uma atuação notável tanto como policial tanto como questão, mas não possui nenhuma habilidade super-humana. A personagem é uma excelente combatente corpo a corpo e sabe manusear diversos tipos de armas de fogo. Assim, podemos então afirmar que ele assume uma identidade heroica somente depois que passa a agir sob o manto de Questão. Antes disso, ela não pode ser considerada super-heroína, mas sim uma agente policial ou agente da lei como Coogan define. E não, ela não usa capa.
Montoya era uma personagem da série Gotham, interpretada pela atriz Victoria Cartagena.
Mas esta não será a única adaptação em live-action da personagem. Como sabemos, ela será uma das protagonistas de Aves de Rapina, interpretada por Rosie Perez.
Este texto teve a colaboração da mestranda em comunicação e pesquisadora Marina Vlacic Morais.