Você, que está lendo este texto, caso se identificar com ele é porque provavelmente já se sentiu diferente de outras crianças na sua infância e hoje em dia se reconhece como uma pessoa LGBTQIA+.
Enquanto os amigos brincavam e riam despreocupadamente, aposto que você se via em meio à fantasias onde era um feiticeiro poderoso, um super-herói com habilidades extraordinárias ou um mutante (para citar a concorrência), com uma identidade secreta.
Tenho certeza que você acreditava que essas fantasias explicavam o sentimento constante de não pertencer, como se estivesse destinado a algo grandioso que ainda não havia se revelado.
Também acredito que você sonhava que em algum momento, seus poderes se manifestariam, revelando sua verdadeira natureza e justificando essa sensação de deslocamento. A ideia de ter uma identidade secreta como um super-herói ou heroína lhe trazia conforto. Pensava que, talvez, aquele sentimento de diferença era apenas um sinal de algo incrível estava guardado ou não havia sido revelado.
Me corrija se eu estiver errado, mas todas suas respostas serão “SIM” para as próximas perguntas. A sensação de não pertencimento, ela era uma presença constante em sua vida? Já observou os outros interagirem com facilidade, enquanto se sentia como um espectador de fora, tentando entender onde exatamente se encaixava? Esse sentimento de ser diferente era, ao mesmo tempo, desconfortável e misteriosamente esperançoso? Acreditava que dentro de si havia algo incrível, algo especial, esperando para ser descoberto e trazer sentido?
Quando crescemos, a realidade vai se desdobrando de uma forma inesperada. As diferenças que sentia não eram frutos de poderes mágicos ou habilidades sobre-humanas, mas algo igualmente significativo: a tal identidade secreta significava na verdade ser LGBT+. O sentimento de ser diferente era real, mas sua origem estava em outra esfera de sua vida e não podia ser justificada por grandes poderes escondidos.
Descobrir nossa verdadeira identidade é como encontrar a peça final de um quebra-cabeça que sua criança interior, mesmo sem saber, tentava resolver desde a infância. A sensação de deslocamento não era por ser um super-herói com uma identidade secreta; era simplesmente alguém com uma orientação sexual e identidade de gênero que não se encaixavam nas expectativas heteronormativas, identificando-se como alguém LGBTQIAP+.
Com este texto, além de reforçar o 28 de junho, quero dizer que essa jornada não se encerra aí. A comunidade LGBT te acolhe e te celebra, te oferecendo um espaço seguro para ser quem você realmente é. Aqui, você encontrará apoio, amor e a oportunidade de viver uma vida autêntica e plena.
A data de hoje faz referência a uma revolta ocorrida em 1969 na cidade de Nova York. Na ocasião, frequentadores do Stonewall Inn, um dos bares gays populares de Manhattan, reagiram a uma operação policial violenta, prática habitual do período. A resistência virou um marco do movimento LGBTQIA+ por direitos nos Estados Unidos (EUA) e passou a ser comemorada em muitos outros países, incluindo o Brasil, como o Dia Internacional do Orgulho LGBT+. (Agência Brasil)