#EspecialLigaSombria | Shade, o Homem Mutável

    Shade, o Homem Mutável, é um personagem criado por Steve Ditko (ele mesmo, criador do Homem Aranha) em 1977. Ele surgiu na Era de Bronze da DC Comics, e foi o primeiro personagem original de Ditko após muitos anos. Shade mudou desde então (com o perdão do trocadilho), e nessa matéria vamos revisitar suas passagens pela cronologia comum da DC, pelo Esquadrão Suicida, Vertigo e finalmente pela Liga da Justiça Sombria!

    Início

    A revista Shade, The Changing Man (1977) introduziu Rac Shade, fugitivo do planeta Meta (este que se encontra em outra dimensão). Shade possui uma vestimenta, a “Vest Miraco”, que ele furtou em seu planeta natal, e que provém à ele suas habilidades (um campo de força, habilidade de voo, e o principal: a ilusão que transforma o próprio Shade nas mais diversas formas, sempre dependendo do estado mental dele e de quem o está olhando.

    Rac Shade era um agente secreto no seu planeta natal, e se encontrava em fuga no início da série pois acabou sendo incriminado por traição e sentenciado a morte. Ao longo da série, Shade tentou limpar seu nome, mesmo já estando na Terra, e sempre encontrava resistência das Meta-Autoridades. Seu nome foi sendo limpo pouco a pouco, porém ele permanecia sendo perseguido. Sua antiga noiva, Mellu Loron, tentou matá-lo por ter causado uma explosão que supostamente matou os pais dela. Após vários eventos e brigas que envolviam um posto avançado dos habitantes de Meta na Terra, conspirações e revelações, Mellu percebe a inocência de Shade. No final da série, porém, Shade é sentenciado a Área da Loucura, mesmo com evidências que provavam sua inocência.

    Mesmo essa série esteja nos anos 70, durante o auge das histórias espaciais no mainstream (Novos Deuses na DC, sagas de Jim Starlin na Marvel), ela não fez tanto sucesso e foi cancelada após a edição 8, em 1978. A editora estava passando pela famosa “Implosão DC”, onde um terço de seus títulos foram subitamente cancelados. Uma nona edição chegou a ser lançada no compilado “DC’s Cancelled Comic Cavalcade“, também de 1978. As 8 edições da série original foram publicadas no Brasil pela editora Ebal, em 1978, na revista “O Mutante”.

    Esquadrão Suicida

    O Esquadrão Suicida, em uma de suas aventuras interdimensionais, foi parar na “Área da Loucura”, onde Shade estava preso. Shade consegue ajustar o seu traje de uma forma que faça ele e o Esquadrão voltarem à Terra.

    Quando eles chegam na Terra, percebem que o citado posto avançado dos Metas na Terra (Occult Research Center, no original) acabou sendo tomado pelo vilão Doutor Z.Z. e uma gangue de criminosos Metanos. Eles queriam utilizar o lugar como base para conquistar a Terra e posteriormente Meta. A primeira tentativa de Shade de parar Z.Z. acabou atrapalhada pela Crise nas Infinitas Terras, que estava acontecendo na época. Após a Crise, o Esquadrão retoma a missão, e Shade consegue parar o vilão. Após alguns acordos, com participação ativa de Rick Flag, Shade consegue se livrar das autoridades de Meta.

    Após algumas missões, Shade fez um acordo com a personagem Duquesa para conseguir retornar à Meta. O problema é que Duquesa na verdade era Lashina, uma das fúrias de Darkseid, disfarçada.

    Lashina o traiu assim que ele foi parar em Apokolips, junto de alguns de seus amigos do Esquadrão Suicida. Briscoe e Flo Crowley (parte da equipe de apoio do Esquadrão Suicida) e o vilão Doutor Luz acabaram morrendo em combate com os parademônios e as Fúrias Femininas. Darkseid envia os mortos de volta a Terra e Shade de volta à Meta.

    Lembrando que essas revistas antigas do Esquadrão Suicida saíram apenas pela Abril nos anos 80 – 90, espalhados nas revistas Super-Amigos, Liga da Justiça e Super Powers.

    Vertigo

    Em 1993, era criado o selo Vertigo, e os anos 90 como um todo seriam o seu auge. Os Invisíveis, Sandman, Preacher e outros sucessos foram publicados na época. E mais especificamente em julho de 1990, estreava a revista Shade the Changing Man (isso, antes mesmo da Vertigo), talvez a versão mais popular do personagem. Dessa vez, Peter Milligan (que escreveu Hellblazer por muito tempo) assumiu o roteiro, e Chris Bachalo as ilustrações (Morte, X-Men).

    A história e a arte agora são bem psicodélicas, levando ao limite os conceitos dos poderes de Shade. Os poderes ainda envolvem sua mudança de formas, porém de maneiras bem mais surreais. Shade, agora um poeta de outra dimensão, chega a Terra com o objetivo de deter o ‘Grito Americano’, que é basicamente a personificação dos medos e da loucura dos norte-americanos. Shade e sua parceira Kathy embarcam por uma viagem pelos EUA revisitando eventos históricos, como a morte de JFK. E além da mudança de aparência habitual de Shade, os autores brincam com o conceito de morte do personagem. Diversas vezes o autor Peter Milligan matou Shade, fazendo com que o mesmo voltasse em diferentes formas.

    Essa série vendeu bem, e manteve um público fiel até o seu cancelamento na edição 70, em 1996. No Brasil, foi parcialmente publicada na Metal Pesado em 1997 e 1998, em revista própria e no “Almanaque Vertigo”. Mais recentemente, entre 2016 e 2017, a Panini lançou três encadernados em capa cartão com os primeiros arcos de Milligan.


    Almanaque Vertigo, de 1998. Fonte: guiadosquadrinhos.com.br

    Liga da Justiça Sombria

    Shade retornaria ao universo regular da DC nos Novos 52. Na revista Dark, de 2011, Shade é um dos membros convocados para derrotar a Magia, que por sua vez havia derrotado a Liga da Justiça regular.

    Como sabemos, essa revista fez certo sucesso, e principalmente estabeleceu a marca “Liga da Justiça Sombria”, que já quase ganhou filme live-action, ganhou longa animado e inspirará a futura série da HBO Max. A HQ foi publicada no Brasil pela Panini na revista “Dark”, que compilava outras histórias dessa linha além de Liga, como Monstro do Pântano, Homem Animal e Eu, Vampiro.

    Outras versões

    De versões alternativas de Shade, temos rápidas aparições do personagem em Reino do Amanhã, e Liga da Justiça – O Prego. Além disso, ele aparece em Flashpoint, de 2011, na minissérie Flashpoint: Secret Seven, escrita pelo velho conhecido do personagem, Peter Milligan. Aqui, Shade é o líder do grupo de heróis “Septeto Secreto”, que inclui Ametista e Magia. O grupo é recrutado pelo Cyborg dessa realidade, que tem como objetivo evitar a apocalíptica guerra entre Atlântida e Themyscira.

    Em outubro de 2016, a DC lançou o selo Young Animal, de curadoria de Gerard Way. Um dos títulos iniciais foi Shade, The Changing Girl (roteiro por Cecil Castellucci e desenhos de Marley Zarcone), que estrela uma Metana chamada Loma, que é uma admiradora de Rac Shade. Graças a uma vestimenta roubada de um museus, ela viaja à Terra e ocupa o corpo da terráquea Megan Boyer. A revista muda de nome em 2018, para Shade, The Changing Woman. No final da série, Loma se encontra com Rac Shade, completando o círculo da história iniciada na era Vertigo. A série já teve dois encadernados de capa dura lançados no Brasil, a partir de 2018.

    Outras Mídias

    Shade aparece rapidamente em um curta da DC Nation, do Cartoon Network, além de outra rápida aparição no longa ‘Liga da Justiça: Ponto de Ignição’ (ótima adaptação da HQ Flashpoint). Esperamos vê-lo de forma mais efetiva na série da Liga da Justiça Sombria, apesar de sua participação não estar garantida. Mas o que os fãs de Shade realmente desejam (pelo menos eu) seria uma futura série solo que adapte sua passagem pela Vertigo, de maneira tão inventiva quando Patrulha de Destino. Alô HBO Max!

    Daniel Martins
    Daniel Martins
    Louco por explorar vários cantos da cultura pop, em especial filmes e HQs. Fissurado em Batman, Christopher Nolan, Zack Snyder e jogos 16 bits.

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