#Especial80Anos | 8×8 histórias essenciais de 80 anos do Coringa!

    Em abril de 1940, no número 1 do título estreante Batman, surgia o nêmesis do Maior Detetive de Todos os Tempos. De lá pra cá, o Coringa se tornou um dos maiores personagens da cultura pop, referência máxima quando se pensa no imaginário dos vilões. Em 2020, junto com outros diversos personagens do cânone do Morcego, o Coringa completa 80 anos de vilania, flores na lapela, peixes risonhos e pés-de-cabra. O Terraverso reuniu algumas das histórias mais relevantes do personagem espalhadas pelas décadas. Confira!

    De Volta à Sanidade

    O título Legends of the Dark Knight trouxe algumas das melhores histórias do Batman. Infelizmente, boa parte delas se perdeu em meios aos 80 anos de publicações do Homem-Morcego e nunca foram relançadas. Muitos destes arcos chegaram ao Brasil nas séries do título Um Conto de Batman, como foi o caso de Going Sane, De Volta à Sanidade – uma das melhores e mais interessantes histórias do Coringa.

    Se queremos conhecer mais da mente destes dois homens De Volta a Sanidade é imperdível. O que aconteceria se o Coringa finalmente matasse o Batman? O Príncipe Palhaço do Crime poderia viver uma vida normal? O Batman poderia largar o manto se o Coringa deixasse de existir? De Volta à Sanidade é a vitória do Coringa sobre o Batman e uma perspectiva a respeito das forças antagônicas que representam. Até que ponto o bem e o mal são responsáveis pela existência um do outro? Até que ponto o símbolo que Batman construiu é também responsável pela necessidade trágica da existência de um signo do caos, tal qual o Coringa e os diversos vilões de sua galeria?

    Escrita por J. M. DeMatteis (escritor da clássica e também ótima A Última Caçada de Kraven), De Volta à Sanidade é um estudo psicológico e humano sobre o vilão – possivelmente a história que mais se aproxima da perspectiva de Todd Phillips e Joaquin Phoenyx. O Coringa é visto não apenas como a personificação do mal, mas como alguém doente e refém da própria fatalidade de sua vida e dos acontecimentos que o cercam. A sensibilidade de DeMatteis é fundamental, pois consegue mostrar o homem por trás da cara pálida como um homem romântico, com sonhos e compaixão. Um dos olhares mais interessantes sobre o Coringa – e, na humilde opinião deste que vos escreve, a melhor história do personagem.

    Batman: A Piada Mortal

    O Cavaleiro das Trevas, Batman: Ano Um e O Longo Dia das Bruxas – junto com Batman: A Piada Mortal – sempre estão na lista de melhores histórias do Homem-Morcego. São tramas fundamentais do personagem, que continuam influenciando suas histórias até os dias de hoje.

    A Piada Mortal não é, porém, uma história voltada para o herói – e sim para o seu grande inimigo. Um projeto de Brian Bolland, que convidou seu conterrâneo Alan Moore para desenvolverem uma história sobre o palhaço, A Piada Mortal demorou cerca de 2 anos para ficar pronto e, até então, segue sendo a história base para a “origem” do Coringa. Com desenhos incríveis de Bolland, una história aberta a diferentes interpretações de Moore e 2 colorizações fenomenais (uma nas publicações originais de 89, por John Higgins, e outra em relançamentos com a versão concebida pelo próprio Bolland), A Piada Mortal é uma obra de arte e segue sendo um dos maiores clássicos dos quadrinhos. No Terraverso nós já falamos sobre a criação da graphic novel e analisamos um pouco do roteiro de Alan Moore e da arte de Brian Bolland, quadro a quadro.

    Outra ótima indicação, também de uma história de origem do Coringa, é O Homem Que Ri, que usa todo o seu histórico de publicações e também as diversas mudanças do universo DC. Uma história essencial para quem e fã do Coringa e de suas diversas versões nos quadrinhos, cinema, jogos e TV.

    The Joker

    A história de debut do Coringa, o começo de tudo, obviamente não poderia faltar na lista. Surgindo em The Batman #1, o Coringa era um ladrão e assassino habilidoso que tinha métodos infalíveis. Interessante notar como nesta HQ sua semelhança com Conrad Veidt (ator de O Homem Que Ri, principal influência para a criação do personagem) é nítida. Todos os elementos que fariam do Coringa o maior vilão da cultura pop já estão presentes aqui, neste embrião, e seguirão o personagem durante 80 anos (e contando) de vida.

    The Man Behind the Red Hood

    A edição que traz a história que serviu como principal fonte para Alan Moore escrever A Piada Mortal. Detective Comics #168 apresenta pela primeira vez a origem do Coringa como um acidente ocorrido depois que um homem vestido como o vilão Capuz Vermelho caiu em um tanque de soluções químicas. É interessante ver como Moore pega o conceito, em tese inocente e até fantasioso, e transforma em algo forte e perturbador.

    A história é de 1951 e é escrita por Bill Finger, co-criador de Batman e do próprio Coringa.

    The Laughing Fish

    O Coringa não seria o Coringa se não tivesse histórias absurdas e que beiram o lúdico como The Laughing Fish. O personagem teve mudanças de acordo com a movimentação do mercado de quadrinhos, indo de um personagem estruturalmente violento para um bobo atrapalhado. Do fim da Era de Prata pra transição pra Era de Bronze, entre 70 e 85, estes mundos começaram a se colidir. Steve Englehart e Terry Austin são responsáveis por esta história e pelo equilíbrio destas diferentes facetas do personagem, em uma trama que o Coringa decide instaurar o caos em Gotham com peixes que riem. Outra história importante para este momento do personagem é A Vingança Quíntupla do Coringa, por Denny O’Neil e Neal Adams.

    Morte em Família

    Um dos maiores golpes do Coringa contra a Batfamília. Um dos acontecimentos mais marcantes dos quadrinhos. Morte em Família é a história que traz a emblemática morte de Jason Todd, o segundo Robin, a golpes de pé de cabra. A morte foi votada pelos leitores dos títulos da DC, que optaram pelo fim do Menino-Prodígio.

    Morte em Família é essencial para a grande reconstrução da imagem do Coringa que seguiu durante as décadas de 80 e 90, e alavancou seu histórico de feitos que o colocou, de forma disparada, no topo da lista de rivais do Batman. Em Morte em Família, além do assassinato de Todd, o Coringa também é responsável por vender armas para grupos terroristas, causar uma crise diplomática internacional e realizar uma tentativa de assassinato de todos os membros da ONU. Batman precisou da ajuda do Superman para poder deter o vilão, que foi dado como morto em um acidente de helicóptero – para reaparecer tempos depois, vivo, como manda o manual dos vilões.

    Terra de Ninguém

    Terra de Ninguém não é só uma das grande sagas de Batman, mas o atestado de que James Gordon é uma das pessoas que mais sofre nas mãos do Coringa. Em um ambiente de guerra civil, após Gotham ser atingida por um desastre natural, o Morcego enfrenta uma cidade entregue a loucura e ao abandono. O Coringa, claro, é um dos protagonista principais desse caos. Em meio ao seu plano de “matar o futuro de Gotham” sequestrando dezenas de bebês, o Coringa comete um de seus crimes mais perversos: o assassinato de Sarah Essen Gordon. O Palhaço mata a companheira do comissário após jogar um dos bebês em sua direção, obrigando-a a largar sua arma para segurar a criança.

    É em Terra de Ninguém também que temos o debut da Arlequina, que entra pro cânone oficial das hqs do Morcegão na saga, e a capa clássica do casal na arte de Alex Ross.

    O Homem de Cera e o Palhaço

    Infelizmente pouco conhecida, a história é um prólogo para Terra de Ninguém e consegue ser tão interessante (ou até mais) do que a própria saga.

    Seguindo a narração do diário do Dr. Jeremiah Arkham, conhecemos o dia a dia do famoso asilo e as dificuldades de se manter a instituição funcionando em meio ao terremoto que atingiu Gotham. Em paralelo, os vilões B Homem de Cera e Cabecinha começam a se rebelar contra os vilões mais poderosos, acreditando que perderam seu poder financeiro e influência em decorrência da crise da cidade. O Homem de Cera, em especial, inicia um atrito com o Coringa… o que obviamente não é algo inteligente.

    O Arlequim do Ódio não só decide eliminar a dupla de vilões, como também aproveita a crise no asilo e a fragilidade de Jeremiah para iniciar um plano de fuga em massa. A partir daí, o Coringa rouba o diário de Arkham e começa a narrar seus feitos. Além de trocar os remédios de todos os detentos para instaurar o caos (como cortar antidepressivos dos maníacos depressivos e receitar anfetamina para os ansiosos), o Coringa convence Jeremiah que realizar lutas entre os pacientes seria uma boa ideia pois serviriam como “embates de gladiadores nas arenas romanas” e aliviaria o stress. O Homem de Cera e o Palhaço é Coringa em seu auge de insanidade e inteligência, interagindo com Charada, Ventríloquo, Crocodilo e todos os super vilões do Batman. Ouro puro!

    Asilo Arkham – Uma Séria Casa em um Sério Mundo

    O Coringa aqui é mais um coadjuvante, junto com os outros vilões e com o próprio Batman. O personagem principal na hq de Grant Morrison e Dave McKean é o próprio Arkham e a loucura que o prédio carrega em si, desde sua fundação.

    O Coringa de Asilo Arkham é desproporcional, de olhos estalados, sexual e, claro, lunático e sádico. Uma visão quase alucinógena e parecida saída de um filme de terror.

    Morte da Família

    Em um eco com Morte em Família, Scott Snyder e Greg Capullo aproveitam de todo o histórico do Coringa para criar uma história visceral e cheia de cólera. Mais perigoso do que nunca, o Coringa está decidido a acabar com todos ao redor do Batman, utilizando de todo o trauma que causou na Batfamília para desestabilizar os heróis. Batgirl e Jason Todd são alguns dos alvos e são obrigados a estarem frente a frente, depois de anos, do homem que marcou suas vidas.

    Apesar de sua polêmica passagem pelo run do Batman em Os Novos 52, Snyder e Capullo entregam um Coringa marcante e sanguinolento, uma besta violenta e imprevisível. Capullo, nesta fase, merece um destaque especial. O visual que criou para o Coringa, tanto em Morte da Família como em Endgame, marcou a trajetória a do personagem.

    Endgame

    O fim do run de Batman de Os Novos 52 foi a conclusão de uma construção feita desde o início por Snyder, que buscou explorar o status quo tanto do Morcego como do Palhaço.

    O fim de jogo dos rivais teve embate com a Liga da Justiça, revelação de identidade secreta, Joe Chill, jogos mentais, membros decepados e luta até a morte – ou seja, tudo que um conflito final entre inimigos mortais precisa. Porém, o grande mérito de Snyder em Endgame foi construir uma narrativa onde o Coringa ganhou ares de ser mitológico, de força mística e sobrenatural. O Coringa sempre vai ser a carta inesperada, o símbolo que muda os valores, o elemento caótico que muda a ordem do jogo. No fim, a imprevisibilidade e o mistério são as maiores armas do Bobo do Genocídio, e Snyder os utiliza muito bem durante todo seu run em Batman. Falem bem ou falem mal, mas falem de Os Novos 52.

    Slayride

    Uma história simples e, exatamente por isso, muito efetiva, que funciona quase (quase) como um bottle episode de alguma série. Nesta história, publicada em Detectice Comics 826, o Coringa captura Tim Drake e o leva para um passeio de carro por Gotham. Escrita pelo sempre genial Paul Dini, Slayride é psicologicamente tensa e nos relembra que, quando o Coringa está em cena, tudo pode acontecer – especialmente se estiver junto de um membro da Batfamília. A história antecede os acontecimentos de O Palhaço da Meia-Noite, um dos arcos mais importantes do personagem e que estabelece o conceito da supersanidade do Coringa. Já falamos um pouco mais dessa fase do personagem e do trabalho de Grant Morrison aqui no Terraverso – confira!

    Louco Amor

    Antes de entrar oficialmente no cânone do Batman, a Arlequina fez sua estreia nas HQ’s de Batman: The Animated Series vinda diretamente do sucesso estrondoso que fez na TV. Louco Amor é uma história essencial para estabelecer os pilares da personagem – como o erotismo, a obsessão, o humor, a aptidão física, a inteligência, a dinâmica de Branco e Augusto que cria com o Coringa. Estes elementos serão fundamentais e serão reforçados e desconstruídos por diversos artistas, transformando a Arlequina e o Coringa em personagens importantes e relevantes para a discussão de temas importantes e, ainda, muito atuais. Temos uma crítica completa sobre Louco Amor aqui no Terraverso – confira!

    A Última Risada do Coringa

    Esta história de The Brave and the Bold tem tudo de melhor dos anos dourados de outrora dos quadrinhos: chamada na capa com polêmica, uma parceria inimaginável e plot twist. Na história, Batman e Coringa precisam trabalhar juntos para prender um criminoso, lutando contra bandidos, a polícia e, inclusive, entre si. Clássico!

    A Guerra das Piadas e das Charadas

    Usar o Coringa se tornou um desafio para os escritores. Afinal, o personagem é muito forte, mas tem de se ter cuidado em como é utilizado e, principalmente, com que frequência. Tom King, em seu run no Renascimento/DC Universe, fez as escolhas corretas.

    O Coringa demora para aparecer na história desenvolvida por King e, quando aparece primeiro, é em uma saga flashback. Em A Guerra das Piadas e das Charadas, o Coringa e o Charada entram em uma guerra filosófica e física sobre seus métodos de provocação ao Batman. Uma guerra explode e os vilões se dividem em facções, cada qual apoiando um dos lados.

    A saga tem sua falhas, mas é uma leitura prazerosa e, o Coringa, tem ótimos momentos. Entre eles, o divertido jantar entre os vilões e Bruce Wayne, que busca fazer a mediação de um possível acordo de paz, e o icônico rompante de sinceridade do Palhaço. “Por quê eu deveria matar o Batman? Não é óbvio? Eu sou o Coringa. Ele é o Charada. No fim… quem liga pro Charada?“.

    Batman: Cavaleiro Branco

    Sean Gordon Murphy brinca com reflexões políticas, filosóficas, poéticas e metalinguísticas para entregar uma das obras em quadrinhos mais interessantes dos anos 10. Cavaleiro Branco é uma inversão de papéis, ainda que bem óbvia, extremamente bem explorada e que serve como uma ode à maior rivalidade dos quadrinhos. Leitura mais do que necessária pra qualquer fã de quadrinho.

    Rodolfo Chagas
    Rodolfo Chagashttps://terraverso.com.br
    Sou daqueles que saía correndo na saída da escola pra almoçar assistindo Liga da Justiça. Daqueles que juntava o troco do pão pra comprar gibi no sebo. Feliz de viver na melhor época pra ser nerd. Sem editorismo, amai-vos uns aos outros! A alvorada dos heróis ainda vai durar por muitos anos! Que Snydeus seja louvado e que Stan Lee viva pra sempre!

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