Justice Con | Jay Oliva, responsável pelo storyboard de ‘Liga da Justiça’ comenta detalhes do filme em convenção online

    Jay Oliva, responsável pelo storyboard do filme ‘Liga da Justiça’ também foi uma das atrações entrevistadas na convenção Justice Con. Confira abaixo os principais pontos abordados na conversa.

    Como você se descreveria? Como o Zack se descreve como diretor, mas você usa muitos chapéus, como você se descreve?

    Jay: Eu não sei. É engraçado por que eu estudei para ser pediatra, eu deveria ser médico. Mas sabe, pais asiáticos, meus pais ficaram “Não seja um artista, seja médico”. Eu basicamente linha quadrinhos e gravaram desenhos favoritos com fita caseira, eu sou assim tão velho eu tive vídeo cassete, e eu traçava sabe? Como eu me descreveria? Eu realmente não gosto de desenhar, então eu não me chamaria de artista nesse sentido. Os desenhos me ajudam a transmitir minhas cenas, eu gosto da parte de contar minhas histórias. Eu nunca quis ser um animador. Teve um período na minha vida que eu queria ser animador de stop motion e eu vi como eles fizeram em O Império Contra-Ataca e eu fiquei “Não. Isso parece tão tedioso”. Mas aí eu aprendi sobre storyboard, eu amo a parte de contar a história, eu amo contar histórias. Eu amo ser capaz de pegar uma audiência e faze-los passarem por diferentes emoções. E no fim do filme eles se sentirem bem, ou se for um filme francês eles quererem se matar, mas eu amo o fato do filme ser, não manipulativo dessa forma, mas te permite sentir várias coisas que normalmente não sente. Por exemplo, no início de Up! você entra no cinema e pode estar tendo um dia bom ou um dia ruim, tanto faz, mas depois dos primeiros 5 minutos todo mundo está chorando. E isso é muito poderoso, é algo que amo sobre filmes. Eu gosto de me chamar de contador de histórias, porque eu gosto de contar histórias.

    Como foi sua colaboração com Zack Snyder?

    Jay: Na época eu estava dirigindo The Dark Knight Returns, perto do final da produção da primeira parte. Isso foi em abril de 2011. Eu recebi uma ligação de Tim Miller (diretor de Deadpool), e eu pensei que ele iria me pedir para fazer umas mudanças em um storyboard que fiz para ele. E ele disse “Ei, isso não é sobre trabalho, mais ou menos… eu recebi uma ligação do escritório do Zack Snyder procurando alguém para ajudar com um storyboard em um filme que não posso te falar qual é, mas tenho certeza que você sabe qual é, então eu posso passar o seu numero para eles?” e eu fiquei tipo “Você tá de brincadeira, Tim? Passa o meu número!”. E depois eu fiquei pensando “Fica calma, isso pode não levar a nada” e alguns dias depois a assistente dele [Zack] ligou falando que ele queria se encontrar comigo. A assistente me passo um endereço, e eu fui até lá, era uma grande enorme. Eu estava um pouco longe do endereço, então eu cheguei um pouco atrasado. Eu entre na casa e vi Zac em uma mesa grande com outras pessoas e eu fiquei pensando “Eu estou atrasado, ele não vai me contratar para o trabalho, eu estraguei tudo”. Aí eles me viram e os outros caras foram embora, aí o Zack se apresentou e perguntou se eu li o roteiro, respondi que não li nada. Então dentro da casa, ele tinha toda a produção de arte de Homem de Aço, essas peças gigantes por todo lado. A sala de estar é todo Krypton. Eu ainda não acredito quando conto isso. Então Zack me conta todo o Homem de Aço desde o início. E ele ficou tipo “É isso que acontece em Krypton” e me mostra as artes, e aí a gente foi para a cozinha “Essa aqui é uma pequena luta. Eu acho que foi no andar de cima que ele me mostrou a luta em Metropolis. Então, no final ele me levou até a porta e perguntou o que eu achei. Eu não sabia que eu tinha escolha, eu nunca fui em uma “entrevista de trabalho” onde eu poderia ajudar. Eu perguntei se tinha um roteiro e ele disse “Tem um roteiro, e está no cofre da Warner. Você pode ler na segunda” isso era uma sexta. Então foi assim que eu comecei.

    O telefone tocou no meio da entrevista e o pessoal no chat ficou perguntando se era o Zack ligando para o Jay. Ele riu e disse que Zack tinha acabado de mandar uma mensagem de texto. Então Jay começa a falar sobre Zack:

    Jay: Minha experiência com Zack, e eu trabalhei com muitos diretores e Zack é, de longe, um dos melhores diretores com quem trabalhei. Sempre que ele precisa de mim, eu fico “Claro!”. Por essa coisa do Snyder Cut e as pessoas, sabe. As vezes eu ficava no Twitter e via as pessoas postando coisas como “ele não existe” e eu ficava “Bem… eu trabalhei muito naquilo”. Eu estava lá apenas por um mês para as mudanças, mas muita das coisas que trabalhei foram novas filmagens que Zack precisava. Eu acho que algumas filmagens era as de estúdio. E eu pude ver os in e out, sabe. Eu sabia da história original, porque Zack falou e tinha o roteiro. Então quando eu vi a versão que saiu no cinema eu fiquei meio decepcionado, porque não foi no que eu trabalhei. Mas as vezes isso acontece. Alguns filmes que trabalhei, as coisas que fiz não aparecem. Quando você faz storyboard para live-action você entende que as vezes seu trabalho é mostrado e as vezes não. Já na animação, meu trabalho sempre aparece porque não tem outras filmagens.”

    Como você se sentiu quando soube que lançariam o Snyder Cut?

    Jay: Eu sabia que aconteceria [risos]. Eu tenho muito contato com o Zack, provavelmente desde o inicio de 2019, então eu falava com ele quase todo dia. Então, eu meio que já sabia que aconteceria de alguma forma. Eu não estava positivo sobre quando aconteceria, eu só sabia que aconteceria. É o que fazia sentindo, eles já tinham pagado o filme. Tem uma grande base de fãs querendo ver o filme, que pagaria para ver o filme. Por que não? Eles tinham acabado de abrir novo serviço de streaming. Qual seria a melhor forma de trazer novos assinantes se não fosse com algo que definitivamente eles queriam assistir? Então eu sabia que seria questão de tempo. Sobre o anuncio em si, eu não sabia, eu estava apenas assistindo.

    Você vai voltar para trabalhar em algo?

    Jay: Eu acho que por causa do Covid e tudo mais, eu acredito que seria uma questão de cronograma para adicionar algo novo. Então não tem muito o que fazer com filmes live-action no momento. Aqui em LA as produções live-action estão praticamente paradas, não tem muito o que você possa fazer. A não ser que você grave em um lugar que esteja mais seguro, mas mesmo assim tem que passar por todo o procedimento de quarentena de 14 dias. É um pouco difícil, mas não acho que seja impossível. Eu falo para os fãs que eles precisam de um pouco de paciência. Honestamente, se alguma coisa está certa no momento é que Zac já tem muita coisa gravada. Mas por causa do Covid, teria todo uma logística de como seria adicionar coisas.

    Como foi o processo de adaptar ‘The Dark Knight Returns’ de Frank Miller em uma animação?

    Jay: Foi um sonho se realizando. Sempre fui fã de Frank Miller. Comecei a colecionar quadrinhos com as coisas do Dennis O’Neil, eu tinha uns 10 anos. Originalmente quem dirigia The Dark Knight seria Lauren Montgomery, ela tinha dirigido Mulher-Maravilha e outras coisas. E ela tinha falado comigo que iria dirigir Dark Knight e eu fiquei “Uau, isso é incrível”. Nós nunca sabemos o que vamos adaptar, é como uma loteria. Como diretores, nós não sabemos com que projeto iremos trabalhar, eles só entregam o projeto para você fazer. Na época eu estava trabalhando com  Justiça Jovem, e aí a Lauren me liga e fala disso e pergunta se eu queria ajudar. Aí ela perguntou o que eu queria e eu disse que eu queria fazer a luta do Batman contra o Coringa, e ela disse “Oh, isso está na parte dois. O que você quer fazer na parte um?”. Então algumas semanas depois a chefe do estúdio pede para se encontrar comigo e ela disse que Lauren estava saindo e queria que eu assumisse. E eu fiquei muito feliz, eu nem liguei para o trânsito terrível em LA naquele dia.

    “Zack Snyder’s Liga da Justiça” estreia no streaming HBO Max em 2021.

    Tradução: Rayanne Matos

     

    Willyan Bertotto
    Willyan Bertotto
    Publicitário. Diretor de Arte, Designer e Batmaníaco. Fã incondicional da DC Comics e pesquisador assíduo desse universo e todas as suas possibilidades de transformação.

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