Sandman: Os Caçadores de Sonhos | A história que só existe na biblioteca de Lucien

    “Não sei se foi você que veio a mim ou eu que fui até você. Nem se foi realidade ou se foi sonho, adormecido ou desperto. Estou perdido nas trevas de um coração abatido. Se foi sonho ou realidade, que decidamos nesta noite.”

    Sandman é uma das obras mais aclamadas do selo Vertigo e principalmente de seu autor, Neil Gaiman. Algo que é admirável em toda a narrativa de Sandman é a inclusão de elementos culturais diversos, mitologias, cultura pop, música, acontecimentos históricos e por aí vai. A forma que são incluídas, dialogam de harmoniosamente com o mundo imaginado. De um diabo com a cara do David Bowie à um deus do trovão boçal, Gaiman insere elementos na narrativa que nos surpreendem. Para os curiosos, despertam o interesse de conhecer mais a fundo determinados assuntos. Para os mais acomodados é tão verossímil que é possível acreditar e tomar como real.

    Vemos essa dinâmica acontecer da melhor forma em Sandman: Os caçadores de Sonhos. Quando surgiram as primeiras promoções do novo titulo de Sandman, em comemoração de 10 anos da primeira edição, era vendida a ideia de uma adaptação de um conto oriental. O próprio formato inicial era um livro com gravuras do artista Yoshitaka Amano. O que gerou uma onda de cartas para a editora perguntando qual era o conto original, porque ninguém estava conseguido encontrar o conto do monge e da raposa. No volume 2 da mesma história, mas dessa vez no formato HQ com arte de P. Craig Russell, Gaiman em sua infinita sabedoria respondeu que, o conto existia apenas nas bibliotecas de Lucien.

    Sandman: Os caçadores de sonhos passeia entre o romance a tragédia. Conta a história de uma relação incomum que surgiu entre um monge e uma raposa em meio a uma aposta. Mas esse romance é interrompido por um homem poderoso, forçando a raposa a procurar meios incomuns para salvar o monge. Dando seu bem mais valioso em troca de um pedido ao Senhor dos Sonhos.

    Para quem nunca leu a saga, é possível começar com Os caçadores de sonhos, que é uma história curta, poderosa, rica em detalhes e, começando por ela, não precisa se preocupar em ficar perdido ou ser afetado por não conhecer elementos usados já conhecidos dos fãs. Tudo é bem descritivo sem se tornar maçante. E quando se interessar, e você vai se interessar, em ler outras histórias será uma agradável surpresa reconhecer os personagens e até mesmo reler a história identificando pontos que podem ter passado despercebidos.

    A primeira edição com ilustração de Amano é em formato de livro, o conto segue com ilustrações no estilo oriental, com representações dignas do mundo dos sonhos, dando sensação de intangibilidade. A segunda edição em formato de HQ, teve a história adaptada para funcionar em quadrinhos, Russell soube incorporar a historia aos quadros e fez ótimas representações das paisagens e personagens.

    Sandman: Os Caçadores de Sonhos pode ser considerada uma das melhores histórias lançadas após a conclusão de Sandman. Prelúdio e outras histórias que podem ser adquiridas separadamente como Pequenos Perpétuos e volume definitivo Morte precisam de conhecimento prévio. Caçadores de Sonhos é auto suficiente e apresenta tudo de melhor que pode ser visto em toda a saga.

    Rebeca Vilas Boas
    Rebeca Vilas Boashttps://terraverso.com.br
    Uma deusa, uma louca, uma feiticeira.

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